Perdi a minha sela
E a minha espada
Perdi o meu castelo
E minha princesa
(Metal Contra as Nuvens — Legião Urbana)
Encontro nossa advogada numa situação muito pouco típica em relação a sua figura imponente. Riley está recostada num dos braços do sofá, com as pernas estendidas e apoiadas numa montanha de almofadas na outra extremidade. E, caramba! Seus tornozelos e pés parecem uma coisa só.
— Desculpe por não o receber em melhores circunstâncias, mas hoje está sendo um dia difícil.
— Estou vendo. Você não deveria ir ao médico?
— Não, é normal nas últimas semanas de gravidez. Contando os dias para me livrar da barriga. Há uma semana só consigo dormir sentada.
— Sinto muito por vir incomodá-la, sei que já nomeou M como Marco seu substituto, mas é pessoal.
— Você me faz um favor vindo aqui, trazendo algo para me distrair. Pode imaginar como é torturante para mim ficar assim, parada?! — Rio, porque, sim, posso imaginar. Riley é um trator. — Já disse a Peter que não me venha com a ideia de ter mais filhos. Ele que se contente com este. Porque olha a situação em que vocês deixam suas mulheres.
— Estou com pena de Peter. Não deve estar sendo um período fácil para ele.
Ela sorri e revira os olhos.
— Não mesmo. Preciso descontar em alguém. E você deveria ter pena de mim! — Dá de dedos. Ergo as mãos em sinal de rendição.
— Não está mais aqui quem falou!
— Sente-se, Max, e me conte.
Puxo uma cadeira para próximo dela e lhe entrego o envelope.
— Qual o problema com Maya, a amiga de sua mãe?
— Descobri, sem querer, que Maya na verdade, é Zyan.
— Zyan, seu pai? — Ela arregala os olhos.
— É. Os dois vem se comunicando há anos por trás desse pseudônimo.
— Caramba!
— E, em todas as cartas, o desgraçado faz juras de amor. Por isso ela não... esquece!
— Não acredito que seja só por isso, mas, sim, confesso que contribui para manter a chama. Mas o que você quer de mim?
— Quero quea partir de hoje, toda a correspondência dela seja fiscalizada. Tanto a que entra quanto a que sai. Se ela escrever para ele, seja para esse ou outro endereço falso, não enviem. Se chegar carta dele, não entreguem.
— Max, para isso, teríamos que abrir as correspondências...
— Façam.
— É ilegal. Helen é uma mulher adulta e mentalmente sã.
— Não importa. Só eu sei quantas vezes me vi desesperado pelos seus abusos de calmantes. Não sei se isso a classificaria como mentalmente sã. Se ela não consegue cortar o cordão sozinha, eu farei. Quando descobrir, me acerto com ela.
— Está indo pelo caminho errado. O sumiço dele pode fazê-la piorar. Deveria conversar com ela.
— Não vai me ouvir. Nunca ouve. Vou assumir os riscos.