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CAPÍTULO TRÊS:

꧁ Vinte galeões ꧂

Brandon Evans Potter

Quando a música anual que o chapéu seletor canta acaba, anseio mais do que nunca para o fim da seleção dos novos alunos. Estou morrendo de fome, não comi absolutamente nada durante a viagem de trem. E ela durou longas horas.

Enquanto eu espero o prato a minha frente se encher magicamente com o estômago roncando alto, sinto um cutucão na barriga e encaro meu melhor amigo e colega de quaro, Aspen, que está à minha direita.

— Olhe, seu idiota.— ele aponta para a fileira dos primeiranistas. Um nome já foi chamado e a mesa da Corvinal explodiu em aplausos e comemorações. Reviro os olhos e me concentro nos novatos por mais que eu não me importe de saber para que casa eles vão.

As novas pessoinhas costumam ter onze anos quando vem para cá, mas há uma novidade. Dentre todas as crianças baixas, vejo um rapaz alto e de cabelos pretos de costas para nós. Uno as sobrancelhas. Ah, os burburinhos estavam mais irritantes no trem por causa disso. Estou acostumado demais em ignorá-los que nem me importei se desta vez tinha uma novidade curiosa.

— Esse aí deve estar no nosso ano.— Aspen sussurra para mim e eu levanto as sobrancelhas.

— Deve ser uma merda mudar de escola no último ano. Eu ficaria bem puto.— admito. Aspen me olha por cima do ombro e sorri para mim.

— E quando é que você não está puto?— ele pergunta, quase levo para o coração. Sou o ser mais calmo desse planeta.

— Fiz promessas esse ano, Aspen. Não vou me meter em encrencas se não minha mãe vai arregaçar a cinta no meu rabo.

— Aham, então tá. Vamos ver quanto tempo você aguenta sem quebrar nenhuma regra da escola.

— Está me desafiando?— levanto a sobrancelha. Grande erro.

Os olhos de Aspen cintilam de malícia. Ele não tem cara, mas é perverso como um diabo. Por isso nos damos tão bem.

— Pode crer que eu estou.

— Quer apostar quanto?

— Quanto está disposto a perder?

— Muito engraçado.

— Romanoff, Ian!— a voz do vice diretor, Severo Snape, entediante e arrastada, ecoa pelo Grande Salão que fica em absoluto silêncio de repente. Aspen e eu paramos de falar para espiar de novo o bando de alunos novos que havia diminuído. O novato mais velho passou pelos mais novos e se virou para nós com uma jogada dramática da sua capa antes de se sentar no banco com uma máscara arrogante e fria. Faço careta e seguro a risada.

— Aposto que ele tem alguma ligação de sangue com o Ranhoso.— refiro-me ao mais novo vice diretor que odiava meu pai na época em que estudaram juntos, e por consequência odeia a mim também. Além de eu ser a cara do meu pai, sou muito pior do que ele, então acho que Snape pode acabar me odiando mais ainda. Não tenho problemas com isso, é totalmente recíproco.

Mas agora ele é vice, e eu sei que vou ter que ser mais cuidadoso. Isso é um saco. Queria que meu irmão estivesse aqui para podermos falar mal do Snape juntos.

— Shh!— Aspen me censura, realmente curioso em saber para onde o novato vai. Fala sério, quem liga?

Volto a encarar os pratos vazios, entediado.

— GRIFINÓRIA!— berrou o chapéu e eu permaneci sentado ao passo que meus colegas de mesa se colocavam de pé batendo palmas e gritando. Apoio o queixo na mão e me curvo sobre a mesa, com preguiça. A gente tem que fazer isso com toda e qualquer pessoa? As chances de nos aproximarmos dos novatos são mínimas. Quando Aspen voltou a se sentar, voltei ao assunto.

REBELLION, Brandon PotterOnde histórias criam vida. Descubra agora