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CAPÍTULO VINTE E UM:

꧁ Sem fôlego ꧂

Jogo o cigarro apagado no chão e entro na sala esperando cumprir mais uma noite de detenção. Snape sequer se digna a olhar na minha direção, mas eu me importo tampouco com a sua presença.

Hoje estamos na sua sala para tirar os chicletes de debaixo das carteiras. Adhara e eu já provamos que podemos passar um pelo outro sem nos matarmos, do que mais eles precisam?

Vai ver só inventaram uma desculpa para ter quem limpe essa escola. Novamente, isso é o tipo de coisa que eu faria, e ai de quem questionasse.

Encarei Adhara, ou melhor, as costas dela. A morena estava abaixada e raspava a mesa com firmeza exagerada.

— É pra tirar o chiclete, não esculpir a mesa.— zombo, pegando o balde e a colher que sobrou. A Lupin me olhou por menos de um segundo.

— Tá.— ela responde e continua com a mesma força. Franzo a testa e me abaixo ao lado da mesa na frente da dela. Olho embaixo e vejo que ela não começou por aqui. Outra vez, Adhara não segue ordem nenhuma. Ela fica quieta, concentrada e eu sinto a sua raiva incômoda no ar que nos cerca. Talvez não seja da minha conta.

— Aconteceu alguma coisa?— pergunto mesmo assim.

— Não.— Adhara se arrasta para a próxima carteira em outra fileira e bate seu balde no chão. Podemos finalizar esse trabalho hoje, não são em todas as mesas que tem um chiclete.

— Não me convenceu.— sorrio de canto.

— Que pena.— seu tom não era aquele zombeteiro e descompromissado que eu estou acostumado. Era seco. Um "fica na sua" bem alto e claro.

Dobrei a língua e fiquei calado pelos próximos minutos, fingindo que entendi o recado. Adhara está agitada, se move com pressa e se afasta sempre que eu chego perto. Seu incômodo está começando a me incomodar. Eu faço a minha parte com calma, de um jeito até distraído já que não consigo parar de olhar na direção dela. O silêncio da sala só era quebrado quando Snape virava uma página do seu caderno ou quando Adhara arrastava as cadeiras para poder passar.

— Senhorita Black.— o professor chamou, de repente. Adhara o olhou, exalando impaciência.

— Sim, senhor?

— Sente-se.— ele diz. Por mais que ela esteja de costas para mim, sei exatamente que cara ela está fazendo. Deve estar tão confusa quanto a minha.

— Hã, eu... Senhor?

— Sua agitação está me incomodando, mas não tanto quanto a lerdeza do Potter. Sente-se e espere até que ele tenha limpado tantas mesas com tanta vontade quanto você.— eles se encaram e eu reviro os olhos. Ótimo.

Adhara não parece querer ficar aqui muito mais do que eu, mas se senta e permanece de costas para mim mesmo assim. O que tem de errado com ela?

[...]

Quando o trabalho acaba, Snape nos dispensa com um gesto da mão e nós saímos ao mesmo tempo.

Ou deveríamos sair ao mesmo tempo, mas ela tomou a frente e parecia prestes a correr. A segui, irritado com toda essa raiva silenciosa, e agarrei seu braço quando o professor fechou a sua porta atrás de nós, nos entregando ao breu do corredor. Adhara se soltou de mim bruscamente, mas tornei a segurá-la, desta vez com mais força.

— Me larga, garoto!— ela me empurrou e uma tocha se acendeu sozinha na parede à minha direita.

— Por que é que você está agindo assim?— pergunto, a soltando uma vez que tenho sua atenção.

REBELLION, Brandon PotterOnde histórias criam vida. Descubra agora