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CAPÍTULO VINTE E TRÊS:

꧁ Eu meio que gosto disso ꧂

Isso nunca dará certo, eu sei que não, mas a tentativa não me mataria, eu pensei. Fui um fracasso de missão.

Eu corri o dia todo para ficar longe de Brandon Potter e Ian Romanoff, mas não consegui evitar nenhum dos dois. Compartilho muitas aulas com Ian e uma detenção pontual toda noite com Brandon. Ou seja, fugir não é uma opção — que sorte a minha.

Mas tem uma coisa... uma que eu sei que se admitir para mim mesma, não terá volta, mas.... eu nunca estive tão assustada em enfrentar Ian como estou assustada de enfrentar Brandon na detenção.

Ele nunca me deixou tão nervosa como agora, aqui, parada na frente da porta do professor Snape.

Engulo em seco e abro a porta, entrando de cabeça baixa.

— Está atrasada, Black.— começa o professor. Não olho ao redor, mas sinto a presença do Potter.— Deve se achar muito importante para fazer com que fiquemos...

— Sinto muito por meu atraso, senhor. Tive um problema feminino e precisei voltar para o meu dormitório.— o interrompo com a maior delicadeza que posso oferecer a ele e o vejo enrolar a língua com desgosto. Estou tão perturbada hoje que nem cheguei a me deleitar com sua cara de bunda por ser tão indelicado.

— Ao trabalho.— ele diz, encerrando a conversa, depois eu vou limpar uns caldeirões com Brandon.

Ele não puxa assunto e eu não o olho, por mais que tenha curiosidade em tentar adivinhar o que está pensando.

Eu esfrego os caldeirões até estarem brilhando depois que Potter tira a sujeira com luvas especiais para não queimar nem cortar as suas mãos. Fico com a cabeça baixa a maior parte do tempo, mas consigo ver claramente seus braços. Ele arregaçou as mangas do seu suéter azul e cinza e seus braços estão expostos do cotovelo ao pulso. Eu posso ver suas veias e seus músculos se retraindo quando ele tem que fazer força para puxar alguma coisa pregada no fundo do caldeirão.

Respiro fundo e desvio o olhar, meu corpo está estranho, mas como nunca senti essa coisa antes, não sei nomeá-la. Como evito olhá-lo, quando ele me passa o caldeirão seguinte, acabo pegando nas suas mãos sem querer.

— Foi mal.— murmuro sem jeito. O sinto me encarando, e meus olhos me traem, ansiosos para encontrar seu rosto.

Seus cachos caem sobre seus olhos castanhos. Meu coração se acelera e eu só quero que ele pare de me distrair. Isso não é justo. Umedeço os lábios e seus olhos descem para observar o movimento da minha língua. Um arrepio desce pelo meu corpo e fica lá.

Nós nos assustamos quando Snape bate um de seus livros na sua mesa e não voltamos a nos olhar depois disso.

[...]

— É o suficiente por hoje.— Snape diz e nos acompanha até a porta— Estarei os esperando aqui amanhã.

Com medo de acabar ficando sozinha com o Potter, me volto para o mais velho.

— Professor!— seguro a porta para que ele não a bata na minha cara. Ele estava mesmo querendo fazer isso. Eu sabia que faria.— Acho que ficou claro que o senhor Potter e eu não vamos mais nos atacar, não concorda que é tempo de acabar com nossa detenção?— sei que ele adora a ideia de nos punir, mas isso não bate com a ideia de ter que nos aturar todas as noites sem estarmos fazendo nada de errado um contra o outro. Seus lábios se curvaram para baixo, mas ele não pode negar. Brandon e eu nunca ficamos tanto tempo sem agredir um ao outro e todo mundo está em paz.

REBELLION, Brandon PotterOnde histórias criam vida. Descubra agora