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CAPÍTULO QUATORZE:

꧁ Por sua arrogância ꧂

Ginevra não para de rir do outro lado da porta, e eu cogito sair do banho e ir esganá-la para que ela aprenda uma lição.

— Você tem que escolher um lado, Weasley!— vocifero, esfregando meus braços com a esponja até minha pele ficar vermelha e dolorida.

— Eu...— ela nem tem fôlego para falar. Desgraçada— eu... é óbvio que eu escolho o seu, amiga. M-mas você tem que admitir— ela gargalha— Ele te pegou.

— Eu estou o odiando tanto agora que poderia esganá-lo até a morte!— rosno, esfregando as minhas mãos e depois batendo na água na banheira— Maldito Brandon Potter!

— Amiga...— a voz de Gina sai trêmula— Eu ainda estou sentindo seu fedor daqui.

— GINEVRA!

— Desculpa.

Estou com tanta raiva que os resmungos que solto pelos quinze minutos seguintes de esfregação não tem coerência nem para mim mesma. Aquele desgraçado.... filho de uma mãe... maldito, trasgo, troglodita...

— Quer saber? Eu vou escrever para Lilly!— determino ao sair do banheiro. Ignoro o fato de Gina se afastar de mim e cobrir o nariz. Os ombros tremendo enquanto ela tenta segurar a risada.

— Vai ser um vacilo muito grande. Não é essa a única regra que vocês tem? Não envolver os pais?

— Não temos regra alguma, só não os chamávamos para o meio disso por causa do bom senso, mas é tudo culpa dele!— me adianto para perto da minha escrivaninha e a reviro atrás de uma pena, um tinteiro e um pergaminho— Cretino, a gente não estava em paz? Tínhamos parado depois de matar aquela aranha maldita que assombra meus pesadelos até hoje.

Você estava tranquila porque a última cartada foi a sua.— Gina pontua sabiamente. Sua voz sai muito engraçada por estar tampando o nariz, mas agora eu não estou com um pingo de bom humor para rir.

Fulmino minha melhor amiga com o olhar e ela ergue a mão livre, se rendendo.

— Vocês nunca vão dar fim a essa guerra numa boa... pelo menos até um tentar transar com o outro.— pego o tinteiro da minha gaveta e a fecho com força.

— Tira essa ideia da cabeça!

— Amiga...

— Adoraria saber de onde você tirou essa ideia!? Francamente, Ginevra. Onde já se viu? Eu odeio o Brandon e quero que ele morra! Eu nunca, nem morta vou transar com ele.

— Adhara...

— Não tem nenhuma aranha subindo na minha perna!

— Não, não mesmo, mas tem várias saindo do seu baú.

[...]

Meu sangue está fervendo e minhas mãos tremem enquanto eu carimbo raivosamente as ocorrências e as arremesso na pilha do Potter para que ele as guarde em ordem alfabética na gaveta.

— Parece que alguém está de mau humor.— ele sussurra para mim, me provocando. Está mais próximo do que esteve em todos os outros dias de detenção. Eu poderia amassar sua testa com o carimbo, mas o professor Snape está perto demais e não irá hesitar em punir nós dois do jeito mais severo que puder. Minerva teve de se ausentar, depois de dias nos acompanhando no mais incômodo silêncio, ela deve ter aceitado que não nos mataríamos e voltou aos seus afazeres porque, claro, ela tem muito mais o que fazer do que ficar bancando a babá de dois adolescentes com raiva.

— Não tanto quanto você vai ficar quando eu colocar fogo no seu corpo.— forço um sorriso e o olho bem rapidamente, porque sei que se demorar muito posso acabar me entregando aos meus impulsos e vou voar no pescoço dele. Isso me levaria direto para Askaban e, pior ainda, eu seria expulsa de Hogwarts.

— Estou morrendo de medo— ele solta uma risada baixa.

Olho para o lado. Professor Snape está sentado a algumas mesinhas de distância, lendo alguns cadernos com seu cabelos sujo brilhando sob a luz das velas e parecendo não dar a mínima para nós. Talvez eu esteja com a impressão errada, talvez ele não faça nada caso a gente comece a se atacar, talvez ele até me ajude a matar o Potter. Nós dois temos isso em comum; nós dois odiamos a mesma pessoa desgraçada que está de pé na minha frente.

Quase sorrio maléfica. O Potter não está seguro aqui.

— Como foi que você entrou no meu quarto?— pergunto no mesmo tom baixo. Brandon presta atenção nas fichas dentro da gaveta e demora a me responder, como se tivesse todo tempo do mundo para pensar.

— Sabe que gosto de enigmas.— ele responde de maneira evasiva. Sabe que seria muita burrice admitir que quebrou uma regra dessas na frente do Snape que com certeza está mais atento a nós do que demonstra.

Eu queria poder dizer que ele é burro demais para desvendar um, mesmo o mais simples deles, mas não é a primeira vez que Brandon entra na torre da Corvinal. É a primeira vez que ele invade meu quarto. Eu já fiz o mesmo um milhão de vezes e como ele nunca respondeu a altura, fui tola de acha que meu quarto seria uma zona segura.

Muito, muito tola.

Nunca mais vou cometer esse erro novamente.

— Fiquei o dia todo tentando acabar com a infestação que você colocou no meu baú.

— Ah, Lupin, adoraria saber do que está falando.

— Ora, seu...

— Shh.— ele me interrompe, faz uma cara de censura como se eu fosse a errada da história.— Estou tentando trabalhar, consegue não me atrapalhar?

Eu me levanto da cadeira e Snape ergue os olhos escuros do caderno que segura, ele não abre a boca para me censurar nem faz nenhum outro movimento. Empurro Brandon da frente e enfio a mão na gaveta aberta que ele estava organizando há quase uma hora, puxando de lá várias fichas e as jogando contra o Potter.

— EI!— Brandon protesta, mas o professor não faz nada e baixa os olhos, retornando a sua leitura.

Só quando a gaveta fica vazia, eu paro. O Potter me fulmina com o olhar, as narinas infladas, um monte de pergaminhos aos seus pés, todos fora de ordem.

— Você vai arrumar isso.— ele sibila entre dentes.

— Quero ver me obrigar.— retruco.

Ele avança contra mim e agarra meu braço.

— Menos vinte pontos para a Grifinória.— a voz fria, entediada e arrastada do professor se pronuncia pela primeira vez deste que chegamos. Brandon me larga imediatamente.

— Isso não é justo, ela quem bagunçou essa porra toda!— diz o Potter, indignado.

— Menos cinco pontos para a Grifinória... pelo palavreado.— ele sorri feito um doente. Nunca vou entender esse seu prazer em punir pessoas tão mais novas que ele só para abusar de seu poder, mas agora, fiquei feliz por ele fazê-lo.

Invertendo os papéis, Brandon me olha como se estivesse a ponto de pular no meu pescoço. Meto um sorriso no rosto e vou me sentar, jogando minha capa contra as pernas do garoto. Me deleito ao vê-lo se abaixar para recolher os papéis que eu baguncei.

— Isso.— me debruço na carteira— Seja um bom garoto e limpe a sujeira.— sorrio de canto conforme ele amassa os papeis, como se isso fosse ajudá-lo a amenizar a sua raiva.

— Menos dez pontos para a Corvinal.— o professor fala e eu congelo. Nós dois o encaramos, sem entender.

— O que? Por que?— pergunto. Pensei que estávamos no mesmo lado. Que inocente da minha parte. O professor me encara e levanta a sobrancelha.

— Por sua arrogância.— ele diz, como se o motivo fosse totalmente plausível. Sinto que Brandon fica um pouco menos irritado, mas não ousa deixar isso transparecer na sua cara ridícula.

Snape pode odiar o filho de James Potter, mas também não ama a filha de Sirius Black muito mais.

Nenhum de nós dá um pio até a hora de ir embora.

REBELLION, Brandon PotterOnde histórias criam vida. Descubra agora