18 de dezembro de 2016

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Com a língua já um pouco mole e a fala levemente alterada, Guilherme descia uma ladeira junto com Gustavo e outros dois colegas. Acabavam de sair de uma reunião na casa de um desses colegas, onde beberam e conversaram um pouco, antes de ir para a verdadeira festa. Ambos estavam já um pouco alcoolizados, caminhando em direção a uma comemoração onde beberiam ainda mais. A tal festa seria uma celebração de fim de ano, elaborada de maneira independente pelos próprios alunos. Os dois jamais perderiam uma festa dessas, ainda mais contando com o fato de que provavelmente beberiam muito sem pagar nada por isso.

– Cara, eu ainda não acredito que você passou em física – Gustavo falou, inconformado.

– É que eu sou muito foda – Guilherme respondeu, com um sorriso travesso.

– Cara, faltavam onze pontos. Onze!

– Deve ter sido o conselho de classe.

– Deve ter sido um milagre divino, isso sim.

– Eu fiz todas as provas – Guilherme se defendeu.

– Claro, só porque você tava na sala. Trabalho cê não fez nenhum.

– Ah, aquelas listas de exercícios gigantes que ele passava toda hora, sem condições – o garoto deu de ombros.

– No primeiro ano era você que me ajudava em física. No terceiro eu que vou ter que te ajudar, pelo visto.

– Porra, olha o ponto que eu cheguei – Guilherme sorriu, vendo um sorriso de desprezo do amigo. – Pelo menos eu passei.

– É, e pra comemorar, hoje a gente só sai daquela casa carregado.

Eles mal sabiam o nome da garota que estava dando a festa. Conforme se aproximavam, viam que se tratava de uma jovem muito rica – a casa era enorme. Era no final de uma rua sem saída na Vila Albertina, pouco movimentada em dias normais, mas não nessa noite – o lugar já estava cheio de carros e jovens circulando.

O portão estava aberto e a casa estava cheia – deveria estar ocupada por mais de duzentas pessoas. Eles atravessaram o portão e caminharam pelo quintal, impressionados com o tamanho no lugar. O espaço era composto por uma alternância entre grama e um piso áspero e cinza, que simulava uma aparência rochosa. Haviam algumas palmeiras de decoração e uma grande piscina no lado esquerdo do quintal. Ao redor da piscina havia mesas, bancos, guarda-sóis e uma edícula tão grande que mais parecia uma casa.

Quando entraram na casa propriamente dita, ficaram, quase que literalmente, boquiabertos. O térreo da casa era, literalmente, um salão de festas. Um espaço gigante, escuro e com luzes piscantes, com caixas de som espalhadas por todo o lado e um palco, onde estava um DJ. Que tipo de casa tem um palco? A comemoração começara às dez da noite e, depois de duas horas, já estava cheia, os jovens bêbados dançavam como se suas vidas dependessem disso.

Como de costume, a primeira coisa que eles fizeram foi conseguir bebida. Cada um com seu copo, eles andavam e dançavam, enquanto Gustavo tentava estabelecer algo com o amigo:

– Tá na hora da caça. Vê se deixa alguma coisa pra mim dessa vez.

– Mano, como assim?

– Com quantas cê ficou na última vez?

– Foram só... – Guilherme fez uma expressão confusa – não lembro.

Gustavo olhou para o amigo com uma feição de quem tinha a razão. Guilherme sorriu para ele, um tanto sem jeito. Os dois se divertiram e dançaram um pouco. Depois de uns quinze minutos e uma tentativa frustrada de beijar uma garota protagonizada por Gustavo, eles decidiram voltar para a área da piscina. Enquanto caminhavam naquela direção, um deles checou o celular:

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