Abril de 2020
Londres, InglaterraVictoria Jane Verstappen estava na Inglaterra, em Londres, na cidade onde morava, assim como sua mãe, Sophie-Marie Kumpen, e seu pai, Johannes Franciscus Verstappen. Max também tinha um apartamento naquela localidade, mas, como nunca parava em um só país, Victoria considerava bem difícil encontrar ele na cidade.
Seu irmão estaria correndo esse final de semana na Itália. Seu pai, como sempre que podia fazia, foi acompanhar. Já ela e sua mãe iam, mas não com tanta frequência, até para evitar trombar com o homem mais velho. Por mais que estivesse aposentado das pistas e participando de outros projetos empreendedores, Jos ainda era um grande frequentador do paddock. Isso sem nunca deixar de fazer o que precisava fazer: trabalhar e ajudar na casa com seus outros filhos - já que ele se separou de Sophie em 2008; em 2014, se casou com Kelly van der Waal, mas separou em 2017, tendo uma filha; e por fim ele se casou Sandy Sijtsma, com quem está até hoje e com quem teve mais um filho e uma filha. Resumindo, eram ao todo três filhas e dois filhos, com os quais Victoria não tinha muito contato. Isso já que quase nem tinha contato com o próprio pai.
Mas, dessa vez, diferente do que era de costume, Jos havia esquecido de digitalizar, antes de ir para o GP, um documento necessário para resolver um projeto. E, há alguns minutos, havia pedido que Victoria fosse em sua casa fazer esse favor a ele. Apesar de toda a preguiça, a filha mais velha optou por ir.
Um gesto de boa vontade as vezes não mata ninguém, pensava Victoria.
Então, ela dirigiu até a casa do pai, onde entrou após o segurança a receber, liberando sua entrada. A governanta, Cindy, acompanhou a mulher até o escritório do pai, onde estariam os documentos.
Ao entrar, Victoria logo começou a procurar o que queria. O escritório, num geral, era organizado. Porém, alguns documentos estavam fora de ordem, como se seu pai tivesse procurado desesperadamente alguma coisa. Ou como se alguém tivesse entrado buscando algo específico. A área das estantes estavam arrumadas, junto com o jogo de poltronas e a mesa de centro. Apesar disso, a mesa de Jos estava revirada e cheia de documentos.
Ela deu uma leve olhada nos papéis da mesa: tudo era parte dos projetos; e logo encontrou o que estava indo buscar.
Assim, se apressou até o aparelho de impressora, para poder digitalizar o documento, tarefa que durou alguns poucos minutos. Ao terminar, logo enviou o arquivo, mandando, também, uma mensagem de texto pelo celular avisando sobre o documento.
Quando desligava a máquina, porém, Victoria captou um papel diferente dos que tinha visto. Era uma passagem de avião, para o Brasil. Apesar de estar afastada de seu pai, uma coisa ela sabia: ele não tinha ido ao Brasil nos últimos anos. Sendo assim, Victoria se sentiu impulsionada a bisbilhotar o papel.
Era uma passagem para a cidade de Belo Horizonte, em Minas Gerais, uma cidade a qual não conhecia. Dando uma rápida pesquisada, a mulher descobriu coisas básicas: é capital de um estado importante para o país, que não são São Paulo e Rio de Janeiro, os quais conhecia, devido a toda fama relacionada a eles no cenário estrangeiro.
Era estranho ver uma passagem para tal lugar, e mais estranho ainda foi ver a data. Dia 19 de janeiro de 2000? Ele era casado com sua mãe ainda e ...
Isso não era possível, era tudo o que Victoria conseguia pensar.
A história que sua mãe mais ressentia no seu antigo casamento era a do irmão que morreu no parto, e isso foi exatamente dia 17 de janeiro desse mesmo ano. Como ele teria ido ao Brasil logo após sua mãe perder a criança? Ele não teria feito isso, teria?
Victoria se lembrava bem de ter escutado a história. Sua mãe não falava muito sobre o assunto, mas foi tão triste que, com poucas vezes, ela ficou marcada.
Sophie ia descobrir o sexo do bebê no parto, uma promessa que ela tinha feito aos filhos mais velhos. A Verstappen mais nova se lembrava um pouco de querer uma menina. Ela e Max queriam. Victoria tinha 5 anos, e ele 2. O sonho dos dois era ter mais uma princesa, Victoria para cuidar e Max para proteger e ensinar tudo sobre carro, para ter mais uma garota fã de automobilismo na família. E apesar de toda a ansiedade, sua mãe esperou até o parto para descobrir se era menino ou menina. Mas - infelizmente, na opinião de Victoria - pelo que se lembrava, o bebê morreu de insuficiência placentária ainda no quarto da cesárea. Ela se lembrava de sua mãe contando como ficou destruída ao pegar o corpo do seu, então descoberto, menininho já sem vida.
Era muito fácil lembrar de toda a dor que a mãe passou. Lembrava dos choros, dos pesadelos, das noites sem dormir. Para Victoria, apesar de dizerem que criança não é muito observadora, era de se imaginar e notar, então, o nível de vulnerabilidade que sua mãe estava sentindo para que até uma criança de 5 anos percebesse.
Mas aquilo não fazia sentido. Não se lembrava do pai ter saído do país na época. Para ela, é desumano que o tenha feito. Apesar de se lembrar que não estava com eles na Bélgica e, sim, ali em Londres, na casa de seus avós maternos.
De repente, seu celular começou a tocar, interrompendo seus pensamentos. Era sua mãe.
Ótimo timing!, pensou.
Sophie a convidava para almoço mãe-filha, o qual Victoria logo topou. Iria usufruir desse momento juntas e buscar saber mais dessa história. Não queria se aproveitar da fraqueza de sua mãe, mas havia definitivamente algo de errado ali.
Rapidamente, Victoria tirou uma foto da passagem e passou o olho pelo cômodo, mais uma última vez, procurando alguma documentação possivelmente relacionada ao que tinha encontrado. E após não encontrar mais nada, saiu da sala, se despedindo de Cindy e indo embora ao encontro de sua mãe.
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Life Changes - Charles Leclerc
FanfictionO que aconteceria se um segredo viesse a tona e virasse sua vida de cabeça para baixo? Giulia sabe a sensação. De um encontro inesperado na sua faculdade, um segredo foi exposto. Ela não era quem pensava ser. E, por isso, muitas coisas começaram a f...