Capítulo 17

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Setembro de 2020
Monza, Itália

As últimas semanas de agosto se passaram sem muitas novas notícias de Aaron, fato que deixou a família Verstappen bem desanimada. O investigador buscava por testemunhas, câmeras de segurança, qualquer coisa que confirmasse o que ele tanto esperava. E, apesar dos pequenos avanços, nada se mostrava muito eficiente para que uma resposta concreta fosse alcançada.

Max estava de volta para a segunda metade da temporada de corridas, sendo a da vez o Grande Prêmio de Monza, na Itália. Christian continuava preocupado com seu piloto, que se mostrava muito disperso e com um temperamento relativamente mais explosivo que o costume. Até mesmo os amigos de Max estranharam o comportamento do neerlandês, menos Daniel, que já tinha conhecimento do que estava acontecendo.

O neerlandês, assim que voltou ao paddock, se reuniu com o chefe de equipe, contando tudo o que acontecera e descobrira. Christian não deixou seu chateamento passar, conhecia Jos há um tempo e não imaginava que o homem realmente seria capaz disso. Obviamente não duvidava, tendo em vista todas as suas atitudes e comportamentos com os filhos e a ex mulher, mas realmente não estava esperando tudo isso.

Ele logo conseguiu compreender o estresse de seu piloto. Max estava uma pilha de nervos. Precisava que Aaron aparecesse com novas notícias, boas notícias.

Era sábado, já após o terceiro treino livre do GP, quando o telefone de Max tocou. O piloto estava na sua sala privada, descansando para enfrentar o treino classificatório, até que ouviu o toque.

Ao ver que sua mãe estava ligando, junto com Aaron, ele saiu correndo para encontrar Christian. O mais velho o fez prometer que qualquer notícias - ou possíveis notícias - Max deveria o procurar, para sentarem juntos e enfrentarem o que viesse. E assim ele fez.

Ao encontrar Horner conversando com um membro da equipe, ele se pôs ao lado do chefe e esperou, impacientemente, até que fosse notado.

- Max, o que houve? - Christian perguntou, notando que seu piloto parecia afobado, com a respiração acelerada.

- Você pediu que eu te procurasse caso houvesse notícias e, aparentemente, nós temos uma. - Max disse, mostrando o telefone, que ainda tocava na chamada.

- Vamos para minha sala.

Os dois começaram a andar e Max atendeu sua mãe, pedindo que ela esperasse um pouco, até que eles chegassem no lugar privado.

- Pronto mãe, estamos ouvindo.

- Olá Christian. - Sophie cumprimetou.

- Olá senhorita Sophie e olá Aaron.

- É um prazer conversar com os dois. - o investigador falou. - Posso ir direto ao assunto?

- Por favor. - o piloto pediu.

- Bom, confesso que foi difícil continuar as investigações. Algumas coisas não estavam batendo, mas consegui avançar bem nesses últimos dias. - ele parou um pouco para, logo, voltar a falar. - Eu consegui encontrar registros do carro alugado pelo seu pai, Max. Ele não andou muito longe. Como a enfermeira tinha chegado antes, ela conseguiu fazer o serviço para Jos. Ele queria que uma família assinasse um contrato, afirmando adotar legalmente sua filha e esconder ela o máximo possível, isso enquanto seu ex-marido pagaria um valor mensal. Ele negociou o silêncio deles em relação a sua filha.

Sophie logo começou a sentir sua respiração falhar. Por sorte, Victoria estava com ela, visto que a mais velha logo começou a chorar. Lágrimas caíam por sua bochecha, enquanto seu rosto continuou pacífico, esperando que Aaron continuasse.

Já Max começava a perder o chão. Não queria preocupar sua mãe, mas não conseguiu disfarçar de seu chefe de equipe. Christian conseguia ver a mão de Max tremendo, enquanto sua respiração acelerava aos poucos.

- Eu fui até a casa que a família morava em Belo Horizonte. Consegui tudo por meio das câmeras da cidade, que, por sorte, tinham as imagens que precisávamos. Porém, a família já não estava mais lá. Segundo a atual moradora, os antigos donos se mudaram logo após adotarem sua filha. Creio que isso ocorreu a pedido do próprio Jos, junto com um bom pagamento. Eu pedi os documentos da família para procurar saber mais e consegui.

- Aaron, espera. - Max pediu, com a voz bem fraca. - Você está dizendo que conseguiu encontrar nossa irmã.

- Sim, Max. É isso que estou dizendo. Família Andrade Monteiro. Carla e Bruno, os pais, e suas três filhas, Larissa a mais velha, Giulia a do meio e Antonieta a mais nova.

- Deixa eu adivinhar, a mais nova tem a idade que a filha de Sophie deveria ter? - perguntou Christian.

- Na verdade, a do meio tem. Giulia Andrade Monteiro, brilhante. Se formou no ensino médio com 16 anos e passou direto na faculdade. Agora está com 20, quase formada em Biomedicina. Pelo que pude ver eles mantiveram a data de nascimento, dia 17 de janeiro de 2000. Hoje, a família está em Vitória, uma cidade num estado chamado Espírito Santo. Moram todos juntos. A mãe é advogada e o pai empresário. A irmã mais velha faz Direito para seguir os passos da mãe, a mais nova pretende fazer o mesmo assim que terminar o ensino médio. Estou embarcando para lá amanhã. Irei observar a casa deles e a tal garota. O que eu descobrir contarei o mais rápido possível.

- Aaron, a gente agradece pelo seu trabalho. - Victoria comentou, já que, tanto sua mãe quanto seu irmão, estavam sem conseguir expressar uma palavra.

- Sem problemas, senhorita Victoria. Mas eu preciso ir, estou terminando de arrumar meus pertences e verificar se não deixei nada passar aqui em Belo Horizonte.

- Aaron, posso te pedir um favor? - Max disse rápido, antes que o investigador desligasse.

- Claro.

- Cuida da minha irmã enquanto estiver lá.

- Fique tranquilo, sua irmã vai estar em boas mãos, Max. - Aaron finalizou, desligando a ligação.

Logo, os outros aparelhos também foram desligados. Sophie estava muito abalada e só precisava ser amparada por sua filha. Já Max estava a ponto de ter um ataque. Isso porque ainda nem tinha começado a pensar que, em menos de 2 horas, precisava entrar novamente no carro para as classificatórias.

Max sabia: ele não iria conseguir.

Life Changes - Charles LeclercOnde histórias criam vida. Descubra agora