Capítulo 6

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Abril 2020
Londres, Inglaterra

Victoria estava na casa de sua mãe. Era segunda, um dia após a corrida do irmão e hoje ele voltaria para Londres. Estava no começo da temporada, mas mesmo assim teriam 2 semanas de intervalo entre os GPs do Azerbaijão e da Espanha. E, na visão de Victoria, essa vinda não poderia ter acontecido em hora melhor. Ela precisava contar o que estava investigando.

Depois de deixar sua mãe bem abalada e, diga-se de passagem, irada por descobrir que Jos havia ido ao Brasil, a filha explicou detalhadamente o porquê da pergunta. Contou que tinha ido a casa do pai e encontrado a passagem no escritório, além de mostrar a foto, comprovando a existência do documento.

As duas, buscando entender o que poderia ter acontecido, foram para a casa da mais velha, que buscou em cada detalhe que ainda tinha daqueles dias passados algo que apontasse o motivo ou seu conhecimento sobre essa viagem. Porém, nada foi concluído. Sophie não sabia que seu ex-marido havia ido ao Brasil. E muito menos sabia o porquê. Mas estava disposta à descobrir.

Victoria, mais tarde naquele dia, ao voltar para casa, buscou apoio no marido, explicando o que estava acontecendo e pedindo opinião sobre o que fazer. Mas tudo apontava para uma única coisa: Max deveria saber para ajudar. Seu poder e seus contatos poderiam valer ouro para uma possível investigação acontecer.

A Verstappen mais nova pensava sim que poderia estar exagerando, afinal não era como se seu pai fosse um criminoso. Mas o sentimento de que essa passagem era só uma porta para um universo de mentiras fazia com que ela tivesse certeza de que gostara de ir mais a fundo na história.

Mas mesmo com esse desejo, ela esperou seu irmão.

O domingo passou rápido. A família foi assistir a corrida na casa de Sophie. E, depois de ver o irmão e tio ficar em segundo lugar, a família voltou para casa, aproveitando o restante do dia entre eles. Mas já era segunda, e Victoria já estava na casa da mãe esperando o irmão chegar, o que aconteceria a qualquer momento.

Ela estava na sala com Tom e sua mãe, enquanto os meninos ficaram na sala de TV ao lado, vendo desenho. E logo o barulho da porta abrindo foi percebido no ambiente e Max Verstappen passou pela entrada.

- Olá família! - ele disse feliz estar em "casa", porém o cansaço e desapontamento eram notórios em sua voz.

Sophie foi a primeira a abraçar o filho, o parabenizando pelo segundo lugar, mesmo que o homem tenha se sentido desconfortável e chateado com o resultado. Ele tinha prometido ao sobrinho tentar ao máximo ser campeão naquele ano, mas logo no início já havia perdido uma corrida.

Esse era o sentimento de Max, porém ninguém além dele achava o segundo lugar algo monstruoso. Mas esse era o Verstappen, competitivo desde pequeno e até um pouco estourado para conquistar o que queria.

Os cumprimentos continuaram até que todos já tivessem se visto.

- Cadê os meninos? Estou com saudade deles.

- Estão na sala de TV. Mas Max, antes de ir lá, a gente precisa conversar com você. - Victoria começou, voltando a apresentar um semblante mais sério - fato que seu irmão logo estranhou.

- Está tudo bem? - o homem perguntou se sentando no sofá junto de sua mãe, de frente para a irmã e o cunhado. Ele conseguia sentir o clima pesando cada vez mais. - O que aconteceu? Vocês estão me assustando com essa caras.

Era simplesmente angustiante para Max. Ele não esperava nenhuma bomba em cima dele esses dias que estivesse em casa. Mas os rostos que via o mostravam outra coisa. Alguma coisa não estava certa.

- Filho, nós, na verdade, ainda não sabemos o que está acontecendo, mas sua irmã achou que deveríamos te esperar para ter sua opinião no assunto, e eu concordei. Nada mais justo que você estar presente num assunto que afeta toda a família.

- Ok, vocês realmente estão me assustando. Mãe, você está bem? Não está doente nem nada né?

- Nós estamos bem, Max. - Victoria começou. - É, na verdade, um assunto bem diferente. Eu descobri uma coisa esse final de semana enquanto você estava em Baku. Fui a casa do papai para pegar um documento para ele e achei uma passagem para o Brasil.

O piloto continuou em silêncio, esperando para ver se a irmã continuaria. Mas assim que viu que nada mais viria por enquanto, ele estranhou.

- Eu não lembro do nosso pai ter ido pra lá recentemente, mas também não entendi todo o problema em volta disso. O que tem de mais?

- Ele foi pra lá no dia 19 de janeiro de 2000. - sua mãe disse, com uma voz sem sentimentos, fria, demonstrando a confusão e a tristeza que essa lembrança a trazia.

- Como assim? - o piloto logo perguntou, conseguindo fazer uma rápida associação da data com a morte de seu irmão mais novo. - Mas meu pai não estava com você no hospital?

- Não meu filho. Ele havia saído para "resolver" algumas coisas. Aparentemente eram mais coisas que eu pensava.

- Mas a passagem é mesmo dele? Tudo confirma? Nome, nascimento, destino,...

- Sim. Tudo só confirma: era nosso pai quem estava viajando. - a mais nova da sala disse.

- E pela sua cara, claramente você acha que pode ter algo mais nessa história.

Max concordava com o quão estranho essa notícia soava. E era óbvio que sua irmã e sua mãe pensavam o mesmo. Victoria confirmou com a cabeça para o que o irmão perguntou, logo dizendo:

- Eu não sei o porque Max, mas eu sinto que tem mais coisa aí. E por isso resolvi te esperar, quero sua ajuda. Você acha que deveríamos investigar isso?

- Se você acha que sim, eu te apoio. Se Jos estiver escondendo alguma coisa, nós vamos descobrir. - ele falou dando um beijo na cabeça de sua mãe e seguindo para fazer o mesmo com a irmã. Após, se levantou e se dirigiu ao jardim, pegando o celular. - Eu vou dar um jeito nisso. Christian deve conhecer alguém para nos ajudar. Confia em mim.

E então ele saiu pela porta já ligando para o chefe de equipe, na esperança de que ele conhecesse alguém para ir atrás desse mistério.

Sua irmã e sua mãe estranharam - no mínimo - essa resposta tão positiva do homem. Pensaram que, apesar de todas as desavenças com o pai, além do péssimo passado, ele ficaria do lado do mais velho. Victoria, porém se sentia feliz por não ter sido como pensava.

Max mesmo não acreditava muito que algo grande estava por trás disso, mas sabia que sua irmã não deixaria para lá, assim era melhor se unir a ela.

O máximo que aconteceria seria descobrir que nada de diferente tinha acontecido, certo?

Life Changes - Charles LeclercOnde histórias criam vida. Descubra agora