Capítulo 31

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Novembro de 2020
Vitória, Brasil

Cerca de 15 minutos foram necessários para Victoria e Aaron chegarem no prédio da família Monteiro. Esse foi o tempo que Giulia gastou para começar a arrumar suas coisas.

A brasileira optou ser mais radical, levando uma mala com tudo o que precisasse. Isso porque se dependesse dela, não pisaria novamente naquela casa.

Quando o silêncio realmente chegou nos ouvidos de Giulia, ela conseguiu ouvir a campainha tocando. Apesar de não entender como os dois passaram na portaria, Giulia não se importou, era bom saber que eles já estavam ali.

Victoria tocou a campainha já impaciente. Aaron, que tentava a todo custo acalmar a mulher, disse por fim:

- Eu não consigo imaginar o quão irritava você está. Mas cuidado para não colocar tudo a perder. Não sabemos se eles já falaram algo com seu pai ou coisa do tipo, mas temos que agir com calma.

- Eu estou tentando me acalmar, mas realmente está difícil. Você conseguiu pensar alguma forma de usá-los contra meu pai?

- Creio que sim, Victoria. Mas garanto, se Jos já estiver sabendo, as coisas ficarão muito mais complicadas.

- Vamos torcer para que não saiba então!

Ao falar isso, Victoria ouviu a porta da casa abrir e viu uma garota um pouco mais velha que Giulia, logo reconhecendo ser Larissa.

- Boa noite, posso ajudar?

- Gostaríamos de falar com a dona Carla, por favor. - Aaron falou calmamente, tentando disfarçar o sotaque.

- Senhor, agora não é o melhor momento. Você poderia voltar outra hora?

- Na verdade, não!

- Larissa, quem está na porta?  - a voz de Carla era ouvida de dentro do apartamento.

- É pra você, mãe. - Larissa falou para dentro do cômodo, logo voltando a olhar para os dois estrangeiros. - Podem entrar, ela já vem.

Assim, Aaron e Victoria se acomodaram na sala esperando a mulher mais velha. Aaron tentando passar calmaria para Victoria e ela com vontade de colocar a casa abaixo e sair com sua irmã.

- Olá, boa noite! Em que posso ajudá-los? - era a voz de Carla.

- Eu e minha sócia somos profissionais do laboratório onde sua filha Giulia trabalha. Ela está? Tínhamos marcado de jantar para comemorarmos o fim do estágio dela com a equipe.

- Ah lamento. Estávamos em um jantar em família. Giulia sempre foi muito caseira com relação a isso, gosta de ficar com a família dela.

- Tenho certeza que sim! - Victoria disse, meio arranhado, mas se esforçando a não colocar tudo a perder. - Mas poderíamos falar com ela? Marcar a comemoração para amanhã?

- Agora ela já está dormindo. Estava muito cansada e, depois do jantar já foi logo se trancando no quarto pra dormir. - Carla falou, dando uma leve risada falsa. - Mas amanhã vocês podem voltar, creio que podemos até fazer a comemoração aqui. Adoraríamos comemorar essa vitória com ela.

- Ela está mesmo dormindo? Nossa que pena. - Victoria falou com a voz levemente ácida.

- Sim, uma pena mesmo. - Carla falou e o cômodo permaneceu em silêncio por alguns minutos. - Eu posso fazer mais alguma coisa por vocês?

- Na verdade, sim. - Aaron falou. - Gostaria de conhecer o pau de Giulia também. Ela sempre fala tão bem dele, deve ser um grande homem.

- Claro. - Carla falou já um pouco impaciente. Ela queria que eles fossem logo embora. - Bruno, meu amor, venha aqui! Alguns orientadores da Giulia estão aqui para nos conhecer.

E o homem foi visto entrando na sala. Bruno cumprimentou os visitantes com um aceno de cabeça e se sentou no sofá ao lado da esposa e de frente para os outros dois.

- É um prazer conhecê-los.

- O prazer é nosso! - disse Victoria.

- Então, gostaria de saber se já ligaram para alguém.

- Pois não, senhor? Do que fala? - Carla perguntou confusa, mas logo começando a associar o que estava acontecendo.

Já com raiva, a anfitriã se levantou em direção ao telefone, pronta para ligar para Jos. Eles não tinham pensado nisso antes, mas agora perceberam que poderia ser uma ótima ideia.

- Eu não faria isso se fosse a senhora, dona Carla. - Aaron disse chamando atenção da mulher que parou e olhou para ele. - É melhor escutar o que tenho a dizer.

- Eu não quero escutar.

- Vocês não irão se safar, mas podemos negociar como irão pagar pelo que fizeram. Estão dispostos?

- Sim, com certeza! - Bruno falou apressado.

- Bruno, não se intrometa. Não temos interesse em nada, até porque vocês não tem como provar nada.

- Temos todas as imagens de câmera de segurança do hospital, dos aeroportos, até mesmo do antigo prédio onde moravam e Belo Horizonte. Temos testemunhas, além de um bom e velho exame de DNA. Acha mesmo que se livrarão?

Carla arregalava os olhos a cada coisa dita por Aaron.

- Por favor, não. Eu sei que fizemos errados mas nós sentimos muito. - ela tentou.

- Eu sei que não sentem, mas podemos negociar. Vocês já ligaram para Jos?

- Não, eu juro que não. Meu marido e eu não temos contato com ele há muito tempo.

- Então vamos fazer o seguinte. Vocês irão assinar um contrato afirmando que não irão ligar para Jos, não irão interferir em mais nenhum passo do caso, irão deixar Giulia em paz e irão testemunhar contra aquele homem. Se fizerem isso, eu converso com os advogados da família Vestappen pra aliviar o lado de vocês. Caso o contrário, garanto que as coisas ficarão feias e nós não teremos dó.

- Nós faremos o que vocês quiserem. Só por favor, nos ajudem também.

- Certo! O documento está aqui apara que assinem. Enquanto isso, abram a porta do quarto de Giulia, sabemos que ela está trancada.

Carla foi correndo abrir a porta e quando o fez, Giulia saiu correndo para os braços da irmã, a abraçando.

- Tudo vai ficar bem agora. Eu prometo! - Victoria disse, acalentando a mais nova, que suspirava de alívio.

Life Changes - Charles LeclercOnde histórias criam vida. Descubra agora