Novembro de 2020
Vitória, Brasil- O que você falou? - Carla perguntou, sem entender muito bem o que a garota havia dito.
- Só disse que já sei a verdade! Sei que eu não sou filha de vocês!
E com essas poucas palavras, Giulia viu a fisionomia de sua "mãe" mudar completamente. Carla ficou branca, como um fantasma, porém, com uma face de raiva misturada com medo.
- Do que você tá falando garota? - Antonieta falou de forma escandalosa. - A gente sabe que você é esquisita, mas é da família né.
- Cala a boca, Antonieta. - Carla disse no automático.
Giulia conseguia ver a tensão que sua mãe demonstrava. E, não que tivesse dúvida, mas cada detalhe era uma certeza a mais para a mais nova.
- É claro que você é nossa filha, Giulia. Por que você disse isso? - a mulher continuava a tentar manter a mentira. Olhava para Bruno volta e meia, mas vou que ele não mexia um dedo para ajudar, o que Giulia estranhou.
Seria possível ele não saber a verdade?
- Você sabe de tudo, Bruno? - Giulia perguntou, ignorando Carla e sem chamá-lo de pai.
- Giulia, eu não concordei com nada. Eu sempre quis que você soubesse a verdade e...
- Bruno, fica quieto! Se cale de uma vez. Muito ajuda quem fica quieto.
- Espera, isso é verdade então? - Larissa perguntou. - Giulia não é nossa irmã?
- É claro que é! Isso é invenção da sua irmã. Deve estar muito estressada com estágio e por isso está descontando na gente.
- Para de mentir, Carla! Eu já sei toda a verdade. E não é estresse com o estágio, principalmente porque acabo amanhã. Mas não me admira você não saber nada sobre mim. Eu sempre me perguntei por que você me tratar diferente, e agora eu sei. Você me trata diferente porque não sou sua filha.
- Eu não admito que você continue com essa história! Você é minha filha sim! Quem te envenenou foram aqueles seus amigos imorais com certeza.
- Não fala assim deles! E não foram eles. Na verdade, para seu azar "mamãe", - falou com tom debochado. - eu sei que é verdade. Isso porque já achei minha família verdadeira. Foi minha irmã quem me contou.
- E é claro que você acredita mais em uma qualquer do que na sua mãe. - Carla falou mudando a estratégia de fala. Antes usava um tom de raiva e indignação, porém isso se tornou drama e vitimismo.
Mas Giulia não caía mais nesse papo.
- Ela não é uma qualquer. Fizemos o exame, e deu positivo. Eu conheço o laboratório, sei que são de confiança. Então não tem o porque duvidar da veracidade do teste. E não só isso, eu sei de tudo. Toda a história, detalhe por detalhe e acredite, não há nada que você possa falar que vai fazer com que eu volte a acreditar em vocês. Eu vou correr atrás do prejuízo e vocês vão pagar por fazerem tantas pessoas sofrer.
- Pra mim deu! Chega Giulia! Você não sabe do que está falando. Para de colocar historinhas mentirosas nos ouvidos de suas irmãs. Eu não aceito ser desrespeitada assim. Já não basta a humilhação de você não acreditar em mim, sua mãe. Vá para seu quarto! Você está de castigo por tempo indeterminado. Amanhã só vai andar comigo e se eu sonhar que você viu um dos seus amiguinhos ou essa falsa que mentiu pra você, aí sim você vai se ver comigo.
- O que? Você só pode estar brincando! Eu não vou ficar andando com você de cão de guarda. Eu tô é saindo. Eu tinha compromisso, mas você com esse teatrinho de família perfeita acabou com meus planos. Mas já perdi a fome mesmo. Estou indo e não me espere acordada.
- Você não vai! Nem que eu tenha que te impedir. - Carla falou e correu para pegar a chave que estava na porta, trancando-a.
- Nossa, super madura. - Giulia falou. - Como se eu não tivesse minha própria chave.
Dito isso, a mais nova foi para seu quarto. Pegaria sua própria chave e aproveitaria para arrumar uma mochila.
Ela só não contava que sua "mãe" iria junto e pegaria a chave da porta do quarto, trancando-a pelo lado de fora, com a única chave para aquela porta.
- O que você está fazendo? Carla, abra essa porta!!
Depois de alguns segundos sem ouvir uma única palavra sequer, ela ligou para Victoria, quem estava esperando a ligação desde a mensagem da brasileira. A neerlandesa, porém, passou de tranquila para preocupada quando ouviu o que havia acontecido.
- Ei irmãzinha. Você demorou a ligar.
- Vic?! Eu tô precisando de ajuda.
- Giulia, o que aconteceu? Por que você está sussurrando?
- Me desculpa! Eu não consegui me segurar. Primeiro ela me fez desmarcar o nosso jantar, falou mal dos meus amigos, falou que eu era mentirosa, falou até mal de vocês. Eu não me contive. Me desculpa de verdade! Eu estraguei tudo!
- Tá tudo bem Giulia. Vem pra cá que a gente vai resolver tudo.
- Ela me trancou Vic!
- O que? Como assim?
- Ela me trancou no meu quarto e eu não tenho outra chave pra sair.
- Fica aí! Estou indo com o Aaron!
Victoria não pensou duas vezes e desligou, logo saindo em socorro a irmã.
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Life Changes - Charles Leclerc
FanfictionO que aconteceria se um segredo viesse a tona e virasse sua vida de cabeça para baixo? Giulia sabe a sensação. De um encontro inesperado na sua faculdade, um segredo foi exposto. Ela não era quem pensava ser. E, por isso, muitas coisas começaram a f...