O que aconteceria se um segredo viesse a tona e virasse sua vida de cabeça para baixo? Giulia sabe a sensação.
De um encontro inesperado na sua faculdade, um segredo foi exposto. Ela não era quem pensava ser. E, por isso, muitas coisas começaram a f...
Eram em torno de 5 horas da manhã de uma terça-feira. Para Giulia, há alguns meses atrás, aquela hora seria a de acordar e arrumar para um dia de estágio e aulas. Mas não! Era outra vida e ela não conseguia ter uma percepção clara de como tudo havia mudado em tão pouco tempo.
Eram 5 da manhã e, ao invés de preguiçosa para a rotina, a brasileira encontrava-se dividida entre sentimentos de ansiedade e excitação. Ela iria conhecer sua verdadeira família e, de quebra, realizar seu sonho de um GP de Fórmula 1, ainda mais a última corrida do ano.
Ela tomou um banho, começando a se arrumar para horas e muitas horas de viagem. Um look confortável e quentinho era o mínimo. Após alguns minutos, ela saiu em direção à cozinha, encontrando Victoria e Aaron já arrumados, começando a tomar café.
- Bom dia! - a brasileira cumprimentou.
- Bom dia, Giu! Dormiu bem? - Aaron, que foi o primeiro a perceber a mais nova, perguntou enquanto tomava café e comia um donnut, o que fez Giulia revirar os olhos.
- Um ótimo dia, irmãzinha. Aaron comprou café, suco e alguns pães e donnuts. Temos que acabar com tudo para não sobrar, em! - Vic disse, abraçando a irmã e puxando-a para sentar à mesa.
E mais alguns minutos tornaram-se passado. Depois de cerca de 1 hora, os três já se dirigiam ao aeroporto, entrando pelo embarque internacional. Victoria se vestia de forma discreta, buscando não ser reconhecida pelos outros passageiros.
Com todos os procedimentos iniciais já feitos, o trio embarcou, dirigindo-se ao portão de número 2, com destino a São Paulo, onde mal teriam tempo para respirar e já entrariam em outro voo, com destino a Doha.
No total, até a capital do Qatar, algo em torno de 17 horas haviam passado e já era madrugada de quarta-feira. Em São Paulo, Victoria ligou para a mãe, usando a desculpa de que passariam os próximos dois dias em Setiba, uma praia próxima a Vitória, que não teria sinal, já evitando que a mãe ligue e desconfie ao não ser atendida. Giu não sabe se Sophie comprou a mentira, mas esperava que sim.
Já no aeroporto de Doha, os três estavam em uma sala VIP, comendo e descansando, enquanto esperavam as próximas 2 horas até o último voo.
- Eu não lembro a última vez que dormi tanto. - Victoria disse bocejando, o que fez os outros dois rirem da mulher. - Ei, podem parar! Até parece que vocês não dormiram nem um pouquinho.
- Porque não dormimos. - Aaron disse. Ele havia passado praticamente o voo inteiro trabalhando no caso, para garantir a segurança de Giulia em relação a Jos Verstappen. E enquanto não ficava vidrado no computador e nos documentos, pôde ver Giulia empenhada em ler e assistir a maior quantidade de filmes possíveis. Ele percebeu o nervosismo da garota e tentou ajudar, dividindo pacotes de doces com a garota sentada ao seu lado.
- Pera, é sério? Nada, nada?
- Não, Vic. - Giulia quem respondeu dessa vez. - Aaron estava trabalhando e eu fiquei lendo.
- Vocês não batem bem da cabeça. Pois eu aproveitei todos os segundos possíveis. Quando eu voltar pra casa não vou ter tempo para isso com dois filhos.
A brasileira riu, voltando logo a atenção para o livro em suas mãos.
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Dezembro de 2020 Abu Dhabi, Emirados Árabes Unidos
Com mais um tempinho de voo, o trio finalmente chegou ao destino final. Era por volta de 5 da manhã e eles se dirigiam a um carro que Aaron havia alugado. Na visão do homem, aquilo seria mais seguro, principalmente para Giulia.
Com as malas todas no carro e os três já arrumados nos bancos, dirigiram-se a uma casa alugada. Não ficar em hotel era outra estratégia de Aaron para garantir maior privacidade e segurança a toda a família. A casa era próxima ao circuito e grande o suficiente para que Sophie e Max se hospedassem lá também, caso fosse de interesse (o que Aaron tinha quase certeza que seria).
Os três chegaram na casa e se acomodaram nos quartos, tomando banho e descansando até o horário do almoço. Victoria e Aaron, ao acordarem ficaram na sala conversando e pensando como fariam a surpresa para os outros dois. A neerlandesa havia pensado em todos os detalhes, menos nesse.
Quando Giulia chegou junto aos dois, ela se largou em um dos sofás, fazendo Aaron a olha e soltar uma risada.
- O que estamos fazendo? - a brasileira perguntou.
- Pensando em como vamos avisar que estamos na cidade. Podemos pedir ajuda ao Horner.
- Ele ainda não sabe sobre a Giulia, Victoria. Acho melhor conversarmos na quinta, antes das mídias do GP.
- Mas isso não quer dizer que ele não saiba sobre mim. - ela disse com uma voz um pouco debochada, como se sua ideia fosse óbvia para todos. - Eu posso ligar pra ele, falando que estou fazendo uma surpresa e pedindo que ele traga mamãe e Max para cá.
- Na verdade, essa é uma ótima ideia! - o homem falou, se ajeitando no sofá.
- Perfeito então! Eu vou procurar um restaurante pra pedir nosso almoço e aviso o Horner pra trazê-los e todo mundo come junto. Pode ser italiana?
- Claro. Acho macarrão perfeito. - Vic sorriu, saindo para o seu quarto para fazer as ligações.
No meio da escada, a neerlandesa se vira e grita:
- E vocês, se arrumem. Vou marcar daqui 40 minutos. - e voltou a subir as escadas.
Aaron riu e se virou para Giulia. Ele, percebendo o quase ataque que a garota estava tendo, se levantou e aproximou.
- Vai dar tudo certo. Você sabe que eles já te amam.
- É, eu sei. Mas não consigo não ficar ansiosa com tudo. - ela suspirou e voltou a falar. - Eu nunca te agradeci por ter me achado, então obrigada. Se alguém é responsável por tudo isso estar acontecendo é você. E você continua cuidando de meu caso e buscando formas de proteger mesmo agora.
- Não vou falar que fiz tudo só pelo meu trabalho. Conheço a família Verstappen de muito tempo. A Sophie é uma mulher maravilhosa, ela merece ser ainda mais feliz. E você também Giu. Você é uma ótima companhia e foi muito bom ter passado esse tempo com você. Nós vamos continuar até fazer o Jos pagar por tudo e você poder aproveitar o que merece. - ele afagou os cabelos da brasileira, dando um leve abraço de lado. - Mas agora vamos lá, temos que nos arrumar antes que a surtada da sua irmã volte e veja que ainda estamos aqui.
Ele se levantou e ajudou a mais nova a levantar rindo e os dois subiram as escadas indo se arrumar.
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Giulia andava no quarto, de um lado para o outro, respirando profundamente a cada passo dado. Ela já estava arrumada e pronta para descer. Eles iriam se reunir na sala de estar, por onde Max e Sophie entrariam em poucos minutos.
A cada degrau, mais nervosa a brasileira ficava. Seria ela suficiente? Será que ela era o que Sophie e Max esperavam? Ela não sabia dizer, mas esperava que sim.
Chegando na sala, viu Aaron que sorriu de leve. Logo Vic apareceu, terminando de arrumar a mesa - que estava linda - para o almoço. A mais velha foi na direção de Giulia, dando um abraço e um beijo em sua testa a tempo de ouvir a campainha tocando.
Victoria se direcionou para a porta, se preparando para abri-la. Foi o tempo de Giulia respirar fundo. Agora tudo era real.
