Capítulo 12

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Agosto de 2020
Londres, Inglaterra

A casa Verstappen se encontrava uma loucura. Era meados de Agosto. Dali duas semanas Max precisava estar de volta nas pistas, mas como ele faria isso?

Como ele conseguiria pensar em correr com tudo o que estava acontecendo na vida dele?

O piloto tinha como as coisas mais importantes de sua vida a família e o automobilismo. E ele precisava de, pelo menos, certo equilíbrio, certo balanceamento entre essas duas facetas da sua vida. Então como ele poderia pensar em voltar com a temporada sendo que sua família se encontrava próxima de devastada?

Nem os próprios Verstappen entendiam o que se passava. Era de se esperar que estivessem felizes pelos avanços que a investigação vinha apresentando. Além, obviamente, da remota possibilidade de a terceira filha de Sophie estar viva. Era de se maravilhar.

Porém as coisas estavam nadando contra a correnteza. O fluxo esperado não estava acontecendo e Max não estava mais aguentando.

Ele não conseguia ver a mãe definhar cada dia mais, enquanto deveria seguir forte pela busca de sua outra menina.

Ele não conseguia ver Victoria se isolando, tendo compaixão e compreensão pela dor que sua mãe sentia. Afinal, ela tinha Luke e Lio e preferia morrer a perder um de seus meninos.

Ele não conseguia ver sua família se afastando cada vez mais, quando essa situação requeria e era propicia à maior união que eles poderiam ter.

E por fim, ele não conseguia fingir não sentir nada. Se odiava por preferir ficar quieto.

E Max o fez, ficou calado, até que um dia não o fez mais.

- Reunião na sala. Agora. -  o homem falou alto para que todos escutassem e soubessem que a presença era requerida.

Ele queria dar um basta naquela situação.

Quando viu os três - Sophie, Victoria e Tom - reunidos, começou a falar:

- Para mim já deu! Eu estou cansado de como estamos reagindo a isso tudo. Pode ser que minha irmã esteja viva. Isso é motivo de felicidade e não de desunião.

- Nós não sabemos se isso é verdade, Max. - Victoria falou.

- Mas nunca antes houve uma possibilidade. E agora que há vocês preferem ficar sentados, à mercê do tempo? Se ela estiver viva eu quero encontrá-la, descobrir tudo sobre ela, falar o quanto esperamos e sonhamos com ela. Não quero ficar com esse ar depressivo que está rondando essa casa.

- Meu filho, não é que não me sinto radiante com essa possibilidade. Mas Max, isso aconteceu há 20 anos. Quem sabe o que aconteceu com ela? Quem garante que ela quer nos ver? Quem garante que ela está viva?

- E que garante que não está mãe? Eu quero me agarrar até o último fio de esperança. Quero minha irmãzinha comigo. Quero mostrar pra ela meu trabalho. Quero que ela conheça meus amigos. Quero brigar com ela por garotos. Eu quero viver uma vida com ela.

- Ela está vivendo uma vida há 20 anos sem a gente. Não podemos ser egoístas a ponto de sonhar tão alto.

- É exatamente o que você falou, Victoria. Um sonho. Sonhar não faz mal. Eu sonho sim com ela aqui. E assim como ela viveu 20 anos sem a gente, nós vivemos 20 anos sem ela, pensando que ela nem ao menos existia. Creio que pra gente isso aparenta ser pior, você não concorda? - ele perguntou, retoricamente. - Mas não é. Se ela não quiser nada com a gente, eu deixo passar, esqueço tudo. Mas enquanto estiver esperança, eu vou continuar sonhando.

- Seu irmão está certo, Victoria. Antes pensávamos que ela estava morta. Não sabíamos nem que ela era ela, e sim achávamos que era um menino, morto.

- Exatamente, mãe. Veja só, Vic, nós sabemos da verdade. Podemos mostrá-la o que aconteceu. Não quero que ela deixe tudo por nós, quero que ela nos inclua na vida dela. Não estamos de fora por escolha. E creio que se mostrarmos isso, ela irá entender.

- Vocês estão certos. - a mulher mais nova disse, sendo consolada pelo marido. - Eu só não sei como reagiria se ela não nos aceitasse. Imagina só, era o que sonhávamos Max. Nossa princesinha. Não quero perdê-la de novo, não sem ao menos tê-la.

- Vai ficar tudo bem, minha irmã. Nós vamos conseguir. Confio em Aaron e sei que ele é capaz. Ele conseguirá encontrá-la e poderemos, ao menos, vê-la. Eu acredito. - disse o piloto se ajoelhando na frente da irmã, que estava sentada no sofá.

- Eu também, meu filho. - Sophie disse, dando um beijo na testa de seus dois filhos. - Eu também.

Life Changes - Charles LeclercOnde histórias criam vida. Descubra agora