Life Changes - Charles Leclerc

Capitulo 7

Maio de 2020
Barcelona, Espanha

As semanas de descanso passaram de forma rápida e, logo, Max já estava na Espanha para o próximo GP. Era quinta-feira, dia de reconhecimento de pista com os engenheiros e dia de uma coletiva com alguns outros pilotos.

O sol escaldante, na parte da manhã, esquentava a cabeça do piloto enquanto andava com a equipe para analisar as possíveis estratégias para a corrida. Apesar do calor, todos fizeram seu trabalho bem e o mais depressa possível, para saírem logo da vista do sol.

Max se despediu dos seus engenheiros, que foram pra a garagem organizar os planos e o carro para o começo dos treinos na sexta, e seguiu para a sala de reunião de Horner.

Desde a ligação que fez com o chefe, o piloto ficou de contar para o mais velho o motivo pelo qual precisava de um advogado e um investigador. Sabia que Christian pediria uma justificativa, sempre fora assim. Entre eles não haviam segredos. O trabalho era mútuo, assim como a amizade, e, em prol do bom desempenho de Max, eles concordaram em ser abertos para qualquer assunto.

Assim, Max decidiu, junto com a mãe e a irmã, que iria contar para seu chefe sobre o problema. Aproveitaria também e pediria uma ajuda.

Ele continuou andando pelos corredores do espaço da Red Bull, até chegar à frente de uma porta branca com o nome de Christian Horner na placa. Ele bateu duas vezes e esperou a permissão para entrar, que logo foi dada pelo mais velho.

- Qual o problema que você tem pra mim hoje? - Christian perguntou, rindo e cumprimentando Max, que se sentou à frente do chefe.

- Por enquanto nenhum. Não creio que tenha algum, mas isso pode mudar. - Max deu uma pausa, suspirando. - Lembra da nossa última conversa? Eu preciso muito que você me recomende alguém de confiança. Estou precisando de um investigador.

- Que crime aconteceu pra você precisar de um detetive?

- Christian, já que não existem meias histórias entre a gente, vou te deixar sabendo do que aconteceu. Mas eu preciso que isso fique entre nós, não só pela amizade que temos e a que nossas famílias também tem, mas pelo profissional.

- Pelo que posso ver o assunto é sério. Como posso ajudar?

Ele perguntou se arrumando na cadeira de forma mais seria enquanto Max ficava mais desleixado. Essa história estava o cansando já. Ele não achava que nada tinha acontecido, mas não conseguia tirar a maldita passagem da cabeça. Era como se um imã o fizesse lembrar disso, pedindo por atenção, para que ele descobrisse o segredo por trás disso tudo.

- Isso começou com minha irmã achando uma passagem para o Brasil, no nome do meu pai, lá em 2000. Pode não parecer nada demais, mas o detalhe é o que importa. A data é específica de quando minha mãe perdeu meu irmão, você se lembra?

Era claro que Horner se lembrava. Sophie já era uma ótima pilota na época, além de toda a fama do Verstappen mais velho também. A notícia da perda da criança chegou a mídia na época, mesmo que de forma reduzida e sem nenhum detalhe. Assim, Christian só concordou, deixando que o mais novo continuasse.

- Acontece que nem minha mãe sabia dessa viagem. Aparentemente ele mentiu sobre isso. E minha irmã não consegue se manter quieta quanto a isso. Ela sente que algo está errado, e, por mais estranho que pareça, eu sinto isso também.

Ele parou de falar e deu mais um suspiro, colocando os cotovelos na mesa e passando as mãos na nuca, abaixando a cabeça. Christian conseguia ver o que aquilo estava causando no seu melhor piloto e que, provavelmente, isso só iria melhorar quando uma resposta fosse dada.

Max levantou a cabeça, parecendo ter mais coragem para continuar a falar.

- Eu queria uma pessoa pra investigar sobre essa passagem. E, claro, um advogado para nos proteger caso meu pai busque uma medida judicial se descobrir.

O Verstappen mais novo sabia bem como o pai era. Sabia bem sua impiedade, sua falta de caráter e o estrago que poderia fazer com tudo isso. E por esse exato motivo que Max reconhecia: precisaria de um advogado.

- Eu preciso descobrir isso Christian. Não só por mim, mas por Victoria e pela... minha mãe. Eu devo isso a ela. Já não sou um filho presente, preciso demonstrar que apoio ela nisso da forma como realmente a apoio. - o chefe entendeu o que o mais novo falava e só concordou.

Depois de alguns segundo de silêncio, Horner se fez presente com uma pergunta:

- Max, preciso que seja sincero comigo. Você acha que isso pode ter alguma relação com a gravidez da sua mãe.

- Eu realmente não me surpreenderia. No ponto que estou, penso que estou aberto para o que vier. Sei do que meu pai é capaz Christian. E, se isso tiver relação com meu irmão, eu vou saber que estou certo em temer e ter precaução com tudo. Mas, se for pra ele ficar sabendo, que já fique avisado, eu vou investigar até o fundo e descobrir  o que ele tanto esconde. Eu não vou parar até descobrir o que eu preciso saber.