Capítulo quatro.

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Capítulo quatro: Encomenda

Existem momentos na vida em que ficamos na corda bamba. Deslizando no limbo do: eu sei o que estou fazendo com o eu provavelmente irei me arrepender disso.

Meu estômago gela enquanto caminhamos lado a lado na rua em paralelo ao bar. Alguns carros estão estacionados e eu não faço ideia de qual seja o dele, apenas deixo-o me guiar. A música vai ficando cada vez mais baixa. A noite está ficando cada vez mais fresca, mas minhas mãos estão geladas em ansiedade. Eu sei o que irá acontecer, e apesar de ansiar muito que isso aconteça, tenho medo do que possa vir depois. Posso me arrepender amargamente ou gostar imensamente. É uma linha tênue da qual eu não sei para que lado irei tender.

ㅡ Está nervoso? ㅡ Ele pergunta, parecendo ler meus pensamentos, pousando delicadamente a mão no final da minha coluna.

ㅡ Não. ㅡ Solto uma risada extremamente nervosa. ㅡ Estou bem.

ㅡ É mesmo? ㅡ Ele inclina o rosto para me olhar na luz leve que vêm dos postes. ㅡ Porque ao meu ver, você parece bem nervoso.

Claro que estou nervoso. Não lembro a última vez que transei com alguém que não fosse Icarus. Para falar a verdade, nem com Icarus eu transava. Não sei nem se sei fazer isso direito. Não sei como é ter sexo casual.

Inclino a cabeça e encontro seus olhos verdes escuros em meio a noite. O canto de sua boca se inclina de leve e ele me lança um sorriso quase inocente, como se me dissesse sem palavras que eu não preciso me preocupar.

Claro que não preciso. Estou apenas indo para casa de um homem que conheci ontem, cujo nome e procedência eu não sei.

ㅡ Esse é o meu. ㅡ Diz ele, parando os passos.

Sua voz me tira dos meus pensamentos e eu olho para o golf preto parado na rua antes de voltar o olhar para ele. Seus dedos vão para o bolso e ele pega a chave, destravando o automóvel. Seus dedos longos e ágeis vão para a maçaneta e ele abre a porta, inclinando a mão para dentro do carro para que eu entre. Olho para o seu sorriso antes de dar dois passos e entrar dentro do carro.

Quando ele fecha a porta e dá a volta, meu coração gela. Levo a mão ao bolso só para confirmar que estou com meu celular, caso eu precise para alguma emergência. Meu corpo treme quando ele abre a porta do motorista e entra. O carro cheira a ele. Pelo menos, parece ser dele mesmo, e não roubado.

ㅡ Está tudo bem? ㅡ Ele me encara.

Concordo com a cabeça, lançando um sorriso mínimo. Ele parece acreditar, já que leva a chave até a ignição e liga o carro. Ao sair da vaga, meu coração se acelera. Isso vai mesmo acontecer. Estamos indo para a casa dele. Iremos transar. E eu estou completamente nervoso. Estou quase suspirando quando sua mão viaja da marcha para o meu joelho. Olho para os seus dedos e inclino o olhar, vendo-o me olhar de relance.

ㅡ Eu posso? ㅡ Ele pergunta, voltando os olhos verdes para a estrada.

Prendo a respiração e apenas concordo com a cabeça. Sua mão envolve o meu joelho e ele aperta duas vezes antes de subir os dedos lentamente para um ponto mais alto. Mordo os lábios.

ㅡ É uma pena que meu carro não seja automático. Irei mudar isso em breve.

Ele me olha de relance novamente e sua mão sai da minha coxa apenas para ir para a caixa de câmbio. Trocando de marcha rapidamente, sua mão volta para o ponto exato onde ela estava há segundos atrás. Ele aperta novamente e sobe mais um pouco. Meu coração acelera. Seus dedos estão quase no meio da minha coxa quando ele desliza o dedo calmamente pela parte interna.

CONTINGÊNCIA [L.S]Onde histórias criam vida. Descubra agora