Capítulo vinte e seis.

13.2K 1.5K 3.3K
                                    

Capítulo vinte e seis: Garantia.

Harry Styles.

Minhas pernas bambeiam por um instante. Não pelo fato de matar, ㅡ isso não é nenhuma novidade para mim e para a vida que eu levo ㅡ mas pelo pedido ter vindo justo dos lábios quais eu jamais imaginei que pronunciariam essas palavras.

ㅡ Quero que mate. ㅡ Louis repete, obstinado, como se não tivesse sido claro o suficiente na sua primeira tentativa, e adiciona: ㅡ E eu quero ver.

Pisco os olhos, tão atônito que por um instante sinto minhas pálpebras doerem. Consigo ver a irracionalidade misturada à fúria atenuando ainda mais os seus olhos azuis.

Algumas pessoas dizem que o amor move o mundo, mas é o ódio e o desamparo que nos muda completamente. Basta apenas um fato, um só, e isso é o suficiente para desestabilizar uma pessoa.

Talvez eu seja esse fato de Louis.
Talvez eu tenha desencadeado nele todas as outras reações que ele nem sabia que existia. Talvez tenha sido esse filho da puta. Talvez. Talvez seja anos de omissão reprimidas. Talvez seja seu senso de justiça aflorando. Talvez seja por testemunhar injustiças. Talvez tenha sido a vida. Talvez isso sempre existiu e ele está apenas mostrando agora. Eu não sei. E eu nunca irei saber.

Sempre tive problemas tentando reprimir a minha raiva. Eu estouro. Eu me torno uma pessoa que eu não consigo controlar. Muitas vezes, eu até exagero nas minhas ações, mas sempre tive o senso de justiça muito presente em mim, mesmo quando essa justiça precisa ser feita por mim mesmo. Ouvir que Louis estava sendo abusado ativou essa raiva ao extremo e eu quero pegar esse filho da puta e fazer com ele tudo de mais podre que existir. Mas, confesso que, esse pedido vindo de Louis me surpreende completamente. Sobretudo pelo fato dele querer assistir.

ㅡ Não vai ser uma cena bonita de ser vista, Louis ㅡ tento dizer para que, talvez, ele mude de ideia.

ㅡ Eu não sou um quase enfermeiro à toa, Harry. Eu sei lidar com certas coisas. Eu quero ver. Eu quero estar presente.

Prendo o ar na garganta e percebo que eu e Louis somos mais parecidos do que um dia eu pressus que éramos. Ambos somos engatilhados pela raiva.

Apoio minha mão coletando suor na mesa, com o maxilar travado e o encaro. Louis não parece nem um pouco hesitante, pelo contrário, a certeza estampada em seu semblante é notória.

Me aproximo do pequeno sofá e me sento de frente a ele. Solto uma respiração pesada antes de segurar o seu rosto com as mãos fazendo com que ele me olhe diretamente nos olhos.

Nesse momento, eu sou o hesitante.

ㅡ Eu sou louco por você e faria qualquer coisa que me pedisse. Mas isso eu preciso ter certeza, Louis. Você lembra o estado que você ficou quando eu quebrei o pescoço daquele filho da puta, não lembra?

ㅡ Lembro. ㅡ Ele sussurra.

ㅡ Eu jurei que tinha te estragado, bebê. ㅡ Nego com a cabeça com a memória. ㅡ Eu não quero que você fique traumatizado ou nada desse tipo, porque isso aqui vai ser muito pior. Muito pior… e alguns traumas são irreversíveis. Você realmente quer assistir?

ㅡ Quero. Eu quero comprovar que ele sofra. ㅡ Ele diz de forma fria e calculada, me causando um espanto genuíno. ㅡ Quando disse que quando quero eu posso ser pior que você, Harry, eu não estava mentindo.

Preciso me lembrar de respirar e franzo as sobrancelhas com espanto. Eu não conhecia essa faceta de Louis. Eu não sabia o que levá-lo ao limite poderia desencadear. Posso entender a sua frustração e sua raiva, mas jamais pensei que ouviria isso dele.

CONTINGÊNCIA [L.S]Onde histórias criam vida. Descubra agora