Capítulo três.

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Capítulo três: Gentileza.

Releio as mensagens, atônito. Pisco para o celular e vejo o "online" aparecer na tela. Quando o "digitando" começa, eu simplesmente bloqueio o aparelho e o coloco no bolso. Eu não quero ver o que ele irá mandar. Meu coração palpita no peito.

Não quero vê-lo e não quero conversar. E principalmente, não quero correr o risco de ceder.

Eu vou pra casa.

Me viro, pegando a minha cerveja para ir embora do bar. Mas quando estou prestes a dar o primeiro passo, alguém me segura pelo braço, me virando.

Encontro o estranho, com um sorriso de lado, deixando uma covinha do lado esquerdo afundar na sua bochecha.

ㅡ Olha só quem apareceu. ㅡ Ele diz, ainda segurando o meu braço. ㅡ Mais cedo do que pressupus.

Olho para os seus dedos em torno do meu bíceps e ergo o olhar para os seus olhos. O sorriso ainda está estampado em seu rosto, mas eu não tenho reação. Estou um pouco aéreo demais para pensar em dizer qualquer coisa.

ㅡ Por que está com essa cara fechada. ㅡ Ele pergunta, franzindo as sobrancelhas e fazendo um biquinho com os lábios. ㅡ Você é do tipo ciumento, mocinho?

Nego com a cabeça de prontidão e pisco os olhos rapidamente, olhando para ele.

ㅡ Eu não sei do que está falando.

ㅡ Você não é o tipo sonso. ㅡ Ele solta meu braço e empurra levemente alguém atrás do seu corpo para se apoiar no balcão, ao meu lado. Seus olhos percorrem meu rosto e param em minha boca, para em seguida subir para os meus olhos. ㅡ Eu sei que você viu. Te peguei olhando pra mim.

Vou retrucar, mas meu celular vibra mais algumas vezes em meu bolso. Coloco a mão sobre a calça e fico desconcertado. Ele parece perceber o meu incômodo e encara a minha mão brevemente, antes de voltar os olhos para mim.

ㅡ Seu ex está aqui hoje?

ㅡ Não. ㅡ Nego rápido.

ㅡ Então você veio pra me pedir um beijo? ㅡ Seu sorriso se alarga.

ㅡ Não. ㅡ Respondo sério, porém sem jeito. ㅡ Vim para beber.

ㅡ Jura? ㅡ Ele arqueia as sobrancelhas. ㅡ Porque eu jurava que você estava indo embora. Sem contar que dentre todos os bares da cidade, você escolheu justo o meu para beber?

Encaro o seu olhar e é a minha vez de arquear as sobrancelhas por sua soberba descarada.

ㅡ Você está reclamando de ter clientes?

ㅡ Não. Um cliente como você eu não reclamo.

ㅡ Você dá em cima de todos assim? ㅡ Pergunto, soltando uma risada baixa e levando a garrafa de cerveja até a boca para dar um gole rápido.

ㅡ Só dos bonitos. Mas às vezes, bem raramente, tem uns que me pedem beijos do nada para fazer ciúmes no ex. Esses são os que mais gosto.

Quase me engasgo e ele percebe, já que solta uma risada presunçosa.

O desgraçado é charmoso.
E é do tipo que não vale nada.

Nego com a cabeça e sinto meu celular vibrar incansavelmente. Retiro-o do bolso só para ver o "não mande msg" piscar na tela.

ㅡ Seu ex? ㅡ Ele inclina a cabeça e olha para a tela.

Desvio o celular de sua vista e o encaro.

ㅡ Você é muito intrometido, sabia?

ㅡ Pelo visto é. ㅡ Ele solta uma risada baixa e pega a garrafa de cerveja da minha mão, bebendo-a logo em seguida. ㅡ Se você quiser, eu acabo com a alegria dele em um áudio. A não ser que você me diga que está cogitando em ir vê-lo. Aí é por sua conta.

CONTINGÊNCIA [L.S]Onde histórias criam vida. Descubra agora