Capítulo oito: Mentira?
Eu não sabia que era possível o filme inteiro da sua vida passar diante dos seus olhos, até o filme inteiro da minha vida passar diante dos meus olhos.
Não tenho tempo de pensar, de agir, de reagir que seja. Entre uma curva e outra, feitas bruscamente, só sinto meu corpo ser jogado de um lado para o outro no carro. Tento pegar no apoio de mão no teto, mas não tenho coordenação motora para isso enquanto Harry acelera entre as ruas. Seus olhos se movem entre a estrada em sua frente e o retrovisor. E eu não tenho tempo nem para entrar em pânico. O pneu canta conforme ele freia para mais uma curva feita de forma rápida e eu permaneço com os olhos arregalados, completamente estático por dentro.
ㅡ Harry, puta que pariu! ㅡ Eu praticamente grito. ㅡ Eles estão nos seguindo?
Não há resposta. Apenas outra curva.
Vejo o peito dele subir e descer em ansiedade, mas não me parece medo. É mais uma angústia. Bato a mão na testa em frustração desesperada e olho pelo retrovisor tentando me segurar pelos baques. O carro prata ainda nos segue e eu só imploro para todas as forças do universo para que eles não tenham armas e não nos alveje.
Eu não quero morrer dessa forma.
Deus eu não fiz nada de errado.A noite tinha sido perfeita demais para ser verdade. No fundo, no meu íntimo, eu sabia que ia dar alguma merda.
É uma reação estranha de se experimentar. Minha mente desliga por alguns instantes. Ouço os pneus dançando no asfalto, e as mãos de Harry se movendo rapidamente. Mas tudo não passa de um borrão descoordenado em minha cabeça. Meu coração bate acelerado no peito, e a sensação de desespero não me abandona. Só penso que ele pode bater o carro a qualquer momento. Se não morrermos nas mãos desses homens, morreremos de acidente.
É nessas horas que se reza?
Sinto que posso mijar nas calças a qualquer momento.
Minhas mãos tremem tanto que tenho que entrelaçar uma na outra, e meu coração pulsa rapidamente dentro da minha caixa torácica, mas de repente, como se nada disso estivesse realmente acontecendo, Harry desacelera o carro ao entrar em uma rua. Entro em um desespero ainda maior. Eles vão nos alcançar.
ㅡ Acelera essa merda! ㅡ Eu grito a pleno pulmões, virando o corpo para ele. ㅡ Acelera essa merda, Harry.
Mas ele não faz o que eu mando, pelo contrário, ele simplesmente para em uma rua mais movimentada, e meu corpo inteiro apaga por um instante. Minha respiração começa a se desregular e eu começo a negar com a cabeça copiosamente.
Eles vão nos alcançar. Nós vamos morrer. Eu vou ser torturado por informações que eu nem mesmo possuo. Será que vão achar o meu corpo? Será que vou ter um enterro digno?
O desespero se instala em mim e meu corpo inteiro treme.
Estou tendo um ataque de pânico?
Ouço uma música ao fundo e consigo perceber que estamos parados em uma rua conhecida; paralela a rua do bar em que Harry é sócio. Ou que ele diz ser sócio. A essa altura, eu não tenho mais certeza de nada. Minha mente está bagunçada e só consigo sentir quando Harry se vira no banco, me pegando pelo rosto.
ㅡ Louis. ㅡ Ele me chama em desespero, apoiando os dedos gelados em minha bochecha, me fazendo encará-lo de frente. Seus olhos percorrem meu corpo e ele parece me examinar. ㅡ Você se machucou?
Um vislumbre de realidade me atinge e eu nego com a cabeça brevemente. Não estou machucado; pelo menos, eu acho que não.
ㅡ Merda. Merda. Merda. ㅡ Ele se vira e soca o volante violentamente. Soltando uma respiração pesada, ele olha para o retrovisor de relance, para então, colocar os olhos em mim novamente. ㅡ Estamos bem. Eles já foram.
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CONTINGÊNCIA [L.S]
FanfictionCONTINGÊNCIA: ACASO. Aquilo que pode ou não acontecer. Uma eventualidade. Louis se vê perdido após o término do seu relacionamento, e para tentar ocupar a cabeça e distrair o coração, ele começa a sair para beber e se divertir com os amigos. No en...