Alternativa

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IVARSEN


Minha flexibilidade sobre mim mesmo estava me comprometendo de alguma forma. Eu estava compassivo de forma que jamais havia sido antes, estava quebrando todos os princípios por um jogo que eu nem mesmo saberia como iniciar.

Mas eu queria jogar qualquer coisa que tornasse Keisa meu alvo.

— E você acha que essa merda vai dar certo? — Fane questionou enquanto atravessavámos a garagem de casa. - Sinceridade, não acho seguro deixá-la sozinha no estúdio.

Fane havia trocado poucas palavras comigo durante os últimos três dias, mas todas as poucas palavras eram sobre Keisa e toda sua desconfiança em torno dela. Ele era desconfiado demais e eu não podia julga-lo, os golpes que mais dolorosos eram aqueles que vinham de perto.

— Ela vai ficar bem.

— Não é sobre o fato dela ficar bem. — disse alto o suficiente para um eco se estender pela garagem. — É sobre o fato de nós ficarmos bem!

Encarei o longe na tentativa de evitar o azul escuro do olhar julgador de Fane.

Os carros esportivos de nosso pai se alinhavam em uma distância segura um dos outros preenchendo todo o ambiente extenso. Eram muitos, de todos os jeitos e valores.

— Não é como se ela fosse capaz de matar um de nós, Fane. — eu disse subindo os degraus que levavam até a porta do estilo vitoriano.

Atravessamos e subimos até a sala principal. Estava vazia como de costume. Octavia era a única dos irmãos que ainda permanecia em casa. Fane sempre no estúdio e eu sempre onde Fane estava.

— Mas expor ela na festa pode nos trazer problemas, você não vê?

Eu estava sendo paciente demais com meu irmão. Porque além de saber o quão machucados terminavamos após uma briga, ele era o meu melhor amigo e eu não queria afasta-lo ao considerar ele uma ameaça.

— Eu já conversei com todos os cavaleiros e foi difícil para mim me abrir sobre ela. — parei de frente para ele. — Porque agora todos vocês me olham como se eu estivesse errado, mas nenhum de fato compreende! De qualquer forma, eu confio em minha família para manter um segredo.

— Menos em nossos pais?

Não havia resposta coerente para sua pergunta inútil.

— Você sabe como eles são. Tirariam qualquer coisa de nós se percebessem que aquilo pode se tornar uma ameaça.

— Ah, então você está confessando que Keisa é uma ameaça?

— Sinceridade, eu não quero discutir sobre isso... De novo.

O silêncio fez presença enquanto nossos olhares se encontraram fixos.

— Eu convidei a Heloise Blonder para a festa. — confessou baixo.

Eu dei um passo em sua direção.

— Você o que?

E eu não sabia dizer o quão rígida minha postura estava mas percebi que havia ultrapassado os limites quando os ombros largos de Fane se encolheram com o meu tom. Meu irmão nunca tinha se escondido nas vezes em que nos enfrentamos, mas ali diante de mim ele pareceu querer o fazer.

— Você pode até ser o líder quando estamos de máscaras, mas aquele estúdio é meu e eu convido quem eu quiser para a porra da minha festa. — enfrentou-me. — Eu não consigo entender porque está agindo assim, ela não é sua responsabilidade!

Não sabia distinguir o motivo que fizera meu sangue correr tão rápido. Eu queria gritar com ele, mesmo que não compreendesse o motivo concreto do meu ódio, não sabia se era pelo simples fato dele ter convidado alguém de fora sem permissão ou se era pelo fato desse alguém ser Heloise Blonder. Além de ser irmã de Keisa, era a ex namorada de Fane, a mesma que o abandonou depois de achar que ele não era mais o suficiente para alimentar o ego de merda dela.

Hunting - Ivarsen Torrance Onde histórias criam vida. Descubra agora