Libertação

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                              IVARSEN

Nossa hospedagem ficou em um hotel de luxo na França com vista para um lago negro cercado por florestas, localizado em uma cidade ao lado do nosso alvo, seria desvantagem montar acampamento no território do qual moram seus inimigos ou quem aprisionam seus amigos. O ar gelado era quase palpável enquanto eu fumava na varanda, a fumaça traçando movimentos com a aragem tornava uma arte quase abstrata no cenário da noite, mas não tão bonita quanto a imagem que eu tinha de Keisa nua através das cortinas finas.

Keisa não tinha percebido que eu olhava ela apertar certas partes do seu corpo enquanto encarava o reflexo no espelho como se elas estivessem erradas ou imperfeitas. O seu corpo realmente havia mudado desde que virou uma mulher com alimentação regular e menos problemas relacionados com a sua aceitação em uma família da qual não pertencia sem saber, mas nada do que ela apertava tentando arrancar ou esconder era consideravelmente desagradável.

Mas algumas pessoas precisam ouvir que estão erradas para perceberem, da mesma forma que precisam ouvir que não há nada de errado com elas.

Eu não sabia se alguém havia dito para Keisa que ela havia engordado, mas se alguém realmente o fez, eu gostaria de estrangular essa pessoa até a morte, apenas pelo fato de plantar inseguranças na cabeça da minha garotinha para que ela perca o sono procurando por partes das quais deveriam ser louvadas por tamanha reverência. Nenhuma cicatriz iria mudar o fato de Keisa ser a mulher mais bonita do mundo para mim.

Joguei o cigarro fora e me direcionei para dentro do quarto, fechando a porta da varanda para esconder o sorriso que se formou quando Keisa correu para pegar um tipo de xaile de tricô que fazia parte do pijama que ela usava antes, como se eu não tivesse visto o que ela fazia antes, ou como se eu nunca tivesse visto o corpo dela sem roupas. As bochechas dela estavam vermelhas e eu apostaria uma grana em dizer que ela estava quente, totalmente constrangida tentando disfarçar ao subir na cama e deitar aconchegada na coberta pesada.

— O que estava fazendo? — perguntei mesmo sabendo da resposta.

— Nada. — Keisa disse esfregando as mãos em suas bochechas.

Puxei a coberta e encostei as costas na montanha de travesseiros macios.

— Você estava se olhando, como se procurasse alguma coisa no seu corpo. — apontei para o enorme espelho na frente da cama — Achou algo?

Keisa hesitou um pouco, se encolhendo para longe de mim.

— Eu ganhei peso, como nunca havia ganhado antes. — confessou — Quando olho na balança, os números não são muito distantes, mas quando olho para mim, me sinto diferente.

— Isso te incomoda? — perguntei e a vi negar com um movimento rápido.

— Mas e se isso te incomodar? — perguntou tão baixo que quase não fui capaz de ouvir — se quando voltar a procurar meu corpo e não encontrar o que tinha antes?

— Do quê está falando? Está tudo ai. — eu quis rir — Essa mudança no seu corpo, significa que está se alimentando com mais frequência, também significa que não há tanta preocupação tirando seu apetite, isso é absolutamente normal. E nada com o fato de você estar mais saudável vai me incomodar, Keisa.

Ela me encarou com aquele par de olhos mais lindos em todo o mundo e eu quis morrer.

— Você é brega, Ivarsen.

— E você é uma ridícula.

Keisa riu engatinhando até meu colo, onde se acomodou no meio das minhas pernas e encostou a cabeça no meu peito nú. Os dedinhos acariciando meus joelhos e os olhos encontrando o meu através do espelho, não hesitei em empurrar as cobertas e fazê-la olhar diretamente para sua insegurança quando o xaile cobria apenas seus ombros e deixava a barriga com duas ondinhas fofas e os seios enormes aparecendo.

Hunting - Ivarsen Torrance Onde histórias criam vida. Descubra agora