Necessidade

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                                IVARSEN

Empurrei a porta com o ombro fazendo o estrondo sacudir através do material de de lata uma ou duas vezes mas ela sequer cedeu. Não tinha um sistema com senha ou algo do tipo, era preso com coisas que eu poderia facilmente derrubar. A preocupação sobre Fane bagunçou meu estômago ao pensar no qual danificado ele estava para não conseguir sequer derrubar uma porta daquelas.

Tomei distância e derrubei a porta com um chute forte. Logo em frente havia um corredor do qual eu não conseguia ver o final pela pouca iluminação que demonstrava um terreno mais inclinado, descendo cada vez mais para perto do bueiro ao presenciar o cheiro terrível e toda umidade.

Avancei para baixo apontando o rifle na direção de onde o escuro ficava. Eu duvidava muito que Francesca ou qualquer uma daquelas pessoas limpas desciam para baixo desse inferno, eles provavelmente deixavam o trabalho sujo para alguém que não tinha medo de sujar as mãos.

Conforme mais baixo eu chegava mais as poças de lama surgiam, mais forte o cheiro ficava e mais escuro os corredores ficavam, alguns ratos e insetos que eu não conseguia identificar passavam pelas minhas pernas cobertas batendo nas minhas botas até que eu pisei na cabeça de um deles já me sentindo exausto para ter paciência. A luz do meu rifle criava apenas um círculo de iluminação me deixando agoniado sobre o que eu encontraria, o sinal do bluetooth em meus ouvidos havia escapado por muito tempo e eu já não tinha muita esperança sobre aquele ser o lugar certo.

Um par de pernas passou pela iluminação do meu rifle quando a pessoa com roupas pretas caiu do alto em minha frente fazendo um pouco de poeira cegar meus olhos. Avancei sobre a pessoa e apontei minha mira na sua testa antes de encontrar o olhar assustado de Keisa enquanto eu apontava um arma na testa dela.

— Sou eu! — ela gritou levantando as mãos.

Meus olhos estavam queimando e eu queria atirar em alguém do qual pudesse culpar pela situação do meu irmão.

— Como você chegou aqui?

— Tem uma entrada secreta no terrário. — ela disse enquanto eu apontava a arma apenas para ver ela descalça e suja de barro ao cair em minha frente. — A garotinha meu mostrou.

— Quem?

— A garotinha que foi aprisionada. Falei sobre a lenda para você e Madds.

— Você está brincando. — eu queria rir mas minha expressão tensa não permitia.

— Não, não estou. — respondeu normalmente — Ela sabe onde Fane está, no mesmo lugar que ela foi deixada para morrer. — Keisa seguiu na frente e eu segui em seu lado iluminando a passagem — Darla disse que essa passagem foi feita para abrigar refugiados durante a segunda guerra.

— O fantasma tem nome?

— Sim, um lindo nome.

Eu queria acreditar em tudo que Keisa dizia mas era difícil, até que os pêlos de meus braços levantaram e minhas pernas pareceram balançar com a tensão formada em minhas costas.

— Acredita em mim agora? — Keisa perguntou.

— Não tenho crença sobre nada, você sabe.

— Mas tem crença sobre mim, se eu digo algo você precisa acreditar sem questionar.

Ela estava certa mas eu não iria confrontar. Minha mulher era durona pra caralho.

Ao final do corredor havia outra porta semelhante à aquela que eu havia derrubado na entrada e desabar com ela foi mais fácil do que a anterior, o ferro dela já estava desgastado e cheio de ferrugem.

Hunting - Ivarsen Torrance Onde histórias criam vida. Descubra agora