KEISAObservando Winter sentada em um pequeno café de esquina contando histórias dramáticas de todos os seus cinco filhos tive uma sensação de desamparo. Minha mãe não teria história assim para contar de mim, e mesmo que tivesse não poderia.
Pensei em todos os momentos dos quais tornavam essas mulheres fortes. Porque se a super mulher fosse real, ela com certeza seria uma mãe sozinha com muitos filhos.
— Mas apesar de toda dificuldade, sou uma mãe feliz e amada. — prosseguiu e eu sequer conseguia esconder meu sorriso.
— Ivarsen acha que se parece com você. — confessei lembrando.
— Isso porque ele é orgulhoso demais para admitir que tem a personalidade difícil do pai dele. — respondeu-me — Homens russos são temperamentais, e quando amam se tornam mais obstinados. Mas não vou reclamar, gosto de ser a única obsessão do meu marido.
— Você é uma mulher de sorte. — elogiei.
— Acho que sim. — Winter disse. — Então, pensou em minha proposta?
Levantei o olhar na direção de seu rosto agradecida por ela não ter como ver a expressão desproporcional que fiz entortando a boca e enrugando o nariz.
— Eu não sei dançar, Winter. — alertei. — Não posso substituir sua dançarina para o festival.
— Você tem o que é preciso.
— Você não pode me ver, não sabe o que tenho.
— Determinação, — disse uma única palavra mas com tanta convicção que pareceu como se fossem cinquenta. — é a única coisa que preciso, o resto podemos concertar.
Meu silêncio estabeleceu uma ponte para todos os pontos negativos de aceitar dançar fantasiada na Noite Santa que promovia um evento gigante em Thunder bay. Eu não queria ter contato com Winter para não ter que chegar em uma situação de confrontamento contra Ivarsen, porque eu realmente tinha medo de ceder.
— Por favor, — a voz de Winter era doce. — o pagamento vai ser bom.
Definitivamente não havia como dizer não para ela.
— Certo, eu posso dançar por alguns minutos em uma gaiola de vidro em um festival de horrores.
— Sério? — ela sorriu grande demais para mostrar as gengivas. — Podemos começar os ensaios amanhã mesmo!
— Winter...
— Confie em mim Keisa, somos um time agora.
Winter estendeu a mão sobre a mesa e eu apertei a pele macia com a minha. Ela havia montado um time com o motivo de ter levado seu filho para a prisão e isso com certeza iria tirar o sono de Ivarsen quando ele soubesse.
— Você precisa de carona para voltar? — sugeri quando acompanhei ela até a calçada do café após terminarmos.
— Você pode me ajudar a achar um Uber? - ela estendeu o celular.
— Claro. — afirmei. — Você não pode sair sozinha desse jeito.
— Keisa, muita gente fez muito por mim em muito tempo... Eu quero ter a chance de ser responsável por mim mesma em algum pequeno momento do meu dia.
— Tudo bem, você está certa. Eu só não quero ter que te levantar do chão novamente enquanto alguém ri da sua situação. — eu disse sincera.
— Isso, vou ter que tomar mais cuidado.
Coloquei Winter Torrance dentro de um Uber e exigi o auxílio do motorista ao ajudar com as compras dela quando chegassem no destino.
Winter era uma vantagem que eu tinha sobre Ivarsen mas parte de mim realmente queria ajudá-la mesmo que a outra parte gritasse em vitória contra Ivarsen na nossa batalha de superioridade indomável.
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Hunting - Ivarsen Torrance
Romance"Você sabe o motivo da rainha ser a peça mais poderosa do tabuleiro?" O homem mais forte que ele conheceu era um erudito em jogos estratégicos de tabuleiro. Ele havia lhe ensinado as peças mais poderosas em um jogo de legado e como movê-las em segre...