Dor e caos

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                                   KEISA

Convencer Ivarsen de que ele não poderia passar a noite comigo e minha família foi uma tarefa cansativa até que ele caiu por si em perceber que nossa relação deveria ser restritiva, ao menos até o momento em que Fane estivesse conosco novamente, assim meu pai jamais iria suspeitar que eu estava trabalhando para o inimigo. Mesmo que minha mãe e irmã fossem pessoas boas, eu não queria envolve-las exatamente por esse motivo, elas seriam os principais alvos quando meu pai tentasse me atingir para atingir Ivarsen.

Mamãe estava mergulhando uma porção de brócolis no molho branco enquanto eu descascava as batatas. Heloise estava muito quieta enquanto montava a sobremesa na travessa transparente, uma montanha de frustração que eu quase conseguia ver diante dos meus olhos, aquilo era tão intenso que parecia a saudade de um luto, de algo que nunca voltaria.

— Eu já disse que te amo? — sussurrei para que apenas ela ouvisse.

Eu nunca havia dito aquilo em voz alta, mas eu sabia o que significava e eu sentia por Heloise e nossa mãe de forma que parecia justa demais para deixar guardado dentro de mim.

— Eu também te amo, Keisa. — ela sussurrou de volta com os olhos azuis molhados por lágrimas grossas. — E obrigada por ser nosso refúgio, sem você eu e mamãe estaríamos perdidas...

— Enquanto eu estiver viva vou fazer o que for possível por vocês duas, e logo vocês estarão livres dele. — não era necessário citar o nome para que ela entendesse.

Eu queria dizer para ela que estávamos trabalhando para encontrar Fane, mas o segredo deveria ser maior do que qualquer tipo de amor que amarrasse nossa união. Qualquer pequeno descuido poderia colocar tudo para baixo.

Heloise me olhou com um tom beirando ao pálido em suas bochechas.

— Me prometa algo? — perguntou quando seu lábio tremendo um pouco e eu afirmei esperando que continuasse. — Prometa que se algo acontecer comigo você não vai deixar a mamãe sozinha?

— Nada vai acontecer com você, Helo. — eu disse. — Mas eu prometo...

— Ultimamente eu sinto como se fosse morrer. — confessou largando os biscoitos que ela montava na travessa. — Ele não merecia isso.

Heloise atravessou a cozinha correndo como se estivesse se contendo para não cair em lágrimas em minha frente. Eu e mamãe nós encaramos antes que ela corresse atrás de Heloise.

No jantar Heloise nem havia tocado na comida mas em compensação devorou todo o pavê sozinha, após ela gentilmente deitou em meu colo enquanto assistíamos televisão e adormeceu como um anjinho. Mamãe que estava deitada no outro sofá acenou para mim apontando para os fundo e eu sabia o que significava, movi a cabeça positivamente lhe dando permissão.

Mamãe desceu as escadas até a saída do pequeno apartamento. A curiosidade já tinha me esmagado o suficiente para deixar de me impedir de qualquer atitude estúpido, e então coloquei a cabeça de Helo por cima de uma almofada e segui mamãe até o cemitério mantendo uma distância segura.

Ela seguiu por muitas fileiras de lápides até o fim do terreno frio, de vez ou outra olhando para trás mas nunca me capturando. Mamãe entrou em uma espécie de templo de pedra polida onde uma porta dourada se erguia, sobre ela as letras brilhavam o nome de William Aaron Paine Grayson I em ouro.

— Então é aqui que o túmulo do Senador se esconde, senhorita Laila Blonder? — perguntei para mim mesma no escuro.

Após alguns minutos mamãe saiu com o capuz do moletom cobrindo seus cabelos escuros e ela caminhou na direção de casa novamento. Nesse momento eu agi, caminhando devagar até o templo e entrando no lugar assustador.

Hunting - Ivarsen Torrance Onde histórias criam vida. Descubra agora