Há uma linha que divide o amor do ódio, a dor do prazer e a alegria da angústia. Não, não se pode ter tudo, nem sentir tudo ao mesmo tempo. Foi o que Pete aprendeu por toda a vida, era nisso que ele acreditava até conhecer aquele jovem mestre odiado...
📌Voltei como prometi para postar mais um capítulo. Estão preparados?
Pra acalmar o coração aí ouçam Cristina Aguilera com We Remains. Essa música é todinha o Pete. Não há nada que ele não faça pelo monstrinho dele. Ouçam e Boa leitura.
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“Eu não posso te dizer como você vai sobreviver sem mim. Eu não posso te dizer como chorar por mim. Não posso convencê-lo a não se sentir culpado se esquecer o aniversário da minha morte, ou se perceber que dias, semanas ou meses se passaram sem pensar em mim. Eu só quero que você viva.”
Os dois morrem no final
Pete
— Vegas, Vegas...— acordei gritando o nome dele. Olho a hora no celular e vejo que já se passou pelo menos duas horas desde que dormi, três no máximo. O suficiente para acontecer muitas coisas.
Eu sabia que havia algo estranho assim que o advogado saiu, quando nós chegamos. O olhar que o Vegas lançou ao me ver, revelou muito também. Mesmo que ele estivesse sorrindo, seus olhos pesarosos mostravam que seu coração estava ferido. Ele sempre me subestima, não entende que eu estou atento a cada detalhe dele. Foi assim desde o começo, quando nem sequer imaginava que um dia o amaria tanto.
Eu podia sentir em cada beijo, em cada toque, na temperatura de seu corpo. Vegas estava carregando algo muito doloroso que não iria me dizer. A confirmação veio no sabor amargo do Champanhe, ele tinha colocado algo e eu precisava ser rápido para me livrar daquilo depois de beber. Por isso disse que iria pegar a bolsa de Veneza no carro, antes mesmo de chegar até lá, enfiei o dedo na garganta e vomitei no vaso de flores do corredor. Limpei as mãos com o lenço umedecido do neném e voltei como se nada tivesse acontecido. Ele era bom em fingir, mas não tanto quanto eu.
Continuei me comportando como se não soubesse de nada, mesmo que em minha mente eu quisesse gritar com ele e perguntar porque ele não me diz alguma coisa. Por que ele me afasta cada vez que entra nesse poço escuro? Ele sempre quer fazer tudo sozinho e me trata como se eu fosse frágil. A verdade é que sou mais forte que ele, ele deveria saber disso. Quando eu falei que o amava e que iria acordar ao lado dele todos os dias, senti que ele quis me revelar o que estava acontecendo. No entanto, ele tem essas obstinações que o impedem de confiar em mim.
Apesar de eu ter vomitado, uma parte do sonífero já tinha entrado em minha corrente sanguínea me fazendo ficar sonolento. Tudo que eu pedi naquela hora a Buda foi que eu acordasse o mais rápido possível. Meus olhos se fecharam e Vegas me colocou na cama, um sono profundo se apossou de mim enquanto ao longe eu o ouvia pedir perdão angustiado.
