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Como de costume em todas as festas de membros do exército e de famílias nobres, a comemoração perdura longas horas. Rafaella estava sentada na maior cadeira no lugar, dando destaque a ela por ser a noiva. Gizelly se sentava em seu colo de maneira comportada, nada de desrespeito, apenas tradição. Diziam as lendas que o casal que se sentasse naquela cadeira seria feliz por toda a eternidade. Alguns casais se sentavam ali no começo, com intuito de prolongar o prazo da relação deles, se possível, por toda a eternidade de acordo com a lenda. Com o passar das décadas as pessoas transformaram tal crença em um costume entre eles.
Os braços de Gizelly enlaçavam o pescoço de Rafaella e não havia sido por tradição. A morena apenas decidiu que assim ambas ficariam mais confortáveis.
– Está cansada? – Era a quinta vez que Rafaella perguntava isso à Gizelly. Percebia os olhos caídos, vermelhos e que sua esposa bocejava de cinco em cinco minutos. A mais nova realmente estava exausta, só queria retirar seu vestido, tomar um longo banho e desmaiar, mas o fato de essa noite ser, em especial, sua noite de núpcias, a estava fazendo enrolar ao máximo Rafaella, porém o cansaço não lhe permitiu mentir pela quinta vez consecutiva.
– Sim. – Respondeu em um sussurro, se permitindo coçar os olhos, Rafaella apenas assentiu e deu dois tapinhas em seu quadril. Gizelly entendeu e logo se levantou, fazendo todos gritarem em animação.
– O casal vai consumar o casamento. – Um dos homens ali gritou em animação pelas duas.
– Só cale a boca, Mahone. – Rafaella disse para seu amigo, que apesar de ser meio idiota e desligado, era um bom homem. – Tenham uma boa noite. – E, sem dizer mais nada, segurou na delicada mão de sua esposa, a guiando por entre os corredores do lugar até o quarto de ambas, que ficava na parte de cima da imensa casa, que Gizelly mais considerava mansão.
– Bem, eu vou... tomar um banho. – Gizelly disse e Rafaella assentiu, vendo a mais nova pegar algo em seu guarda-roupa e desaparecer no banheiro. Sim, os pertences de Gizelly já haviam sido transportados para o quarto de Rafa. Isso era tradição por lá também. Rafa caminhou até a enorme janela e levantou uma das enormes cortinas para espiar lá fora.
Os barulhos que se faziam no salão principal, lá embaixo, podiam ser ouvidos dali e a festa provavelmente duraria a noite inteira. Rafaella admirou a vista do céu e internamente pediu forças para Deus para lhe guiar pelo caminho correto. – Sim, apesar de não frequentar a igreja, Rafaella acreditava no mesmo e tinha muita fé nele.
Ficou, sabe-se lá quantos minutos, olhando para o céu. Decidiu sentar-se na beira de sua cama e retirar seus saltos. Escolheu alguma roupa em seus pertences e já as deixou preparadas para que quando Gizelly saísse ela pudesse entrar em seguida para livrar-se de seu vestido e tomar seu banho.
Foi o barulho da trava da porta que fez Rafaella olhar rapidamente e quase se engasgou ao constatar que sua esposa usava uma camisola de seda branca, bem curta... E só... Nada mais cobria seu corpo.
A mais velha se levantou, ainda sem reação, e caminhou até Gizelly lentamente. A mais nova lhe olhava assustada e sua respiração estava alterada devido às batidas descompassadas de seu coração.
– Vou tomar um banho. – Rafaella sussurrou e respirou fundo antes de entrar no banheiro.
Gizelly respirou aliviada e se sentou na cama. Lembrou do que sua mãe lhe dissera e obedeceu, tratando de se sentar de uma maneira sensual na cama – A própria mãe dela a fez repetir a posição que havia feito para se certificar de que não estragaria as coisas. – e subiu sua camisola levemente, de maneira que deixava suas coxas mais à mostra. Queria chorar ou fingir que havia adormecido, mas dizia para si mesma que mais dia, menos dia, isso aconteceria.
Pediu internamente mil vezes que não doesse, e que Rafaella fosse gentil porque era o mínimo que merecia, havia sido obediente até ali, não custava que o destino lhe ajudasse um pouco fazendo sua esposa ser carinhosa.
– Eu não consigo compreender os seus planos, meu Deus. – Sussurrou baixinho de olhos fechados. Mas vou confiar em ti, mesmo sem entender. – Fazia uma prece rápida. – Só por favor não me desampare. Por favor, por favor... Que além do arco-íris haja algo melhor do que isso.
Depois disso pensou em Talles, que mesmo estando apaixonada por ele jamais havia pensado em praticar tais atos com o mesmo. Não até o casamento pelo menos, e, como isso estava longe, sequer pintava a ideia dos dois juntos nos três meses de namoro. Mesmo quando ele se mostrava visivelmente ansioso para isso.
Saiu de seus devaneios quando escutou a trava da porta do banheiro e seu coração voltou a bater feito louco. Suas mãos suavam e suas pernas tremiam e não era de um jeito bom.
Rafaella a analisou de longe, deixando seu olhar percorrer sua esposa por longos segundos. Gizelly não tinha visto aquele olhar em Rafaella ainda e ignorou o fato de que mordeu o próprio lábio ao vê-la vestindo apenas um baby doll curto, que deixava livre suas coxas e marcava suas voluptuosas curvas.
Rafaella respirou fundo e se aproximou, se sentando na cama e se inclinando para apagar o abajur. O silêncio era tudo o que ambas ouviam, até que o barulho de Rafaella se acercando de Gizelly na cama se fez presente. Gizelly fechou os olhos em total desespero, repetindo para si que Rafaella era uma boa mulher, e claro, muito linda.
– Eu sei que você odiou o fator principal do dia, no caso, ter se tornado minha esposa. – A voz rouca foi apenas um sussurro. Mas espero que pelo menos a festa tenha lhe agradado. A Ju disse que lilás é sua cor preferida e por isso mandei colocar na decoração. – Confessou.
– Foi tudo muito... lindo. – Gizelly disse serena, tentando não transpassar desespero em seu tom de voz. O fato da respiração de Rafaella estar batendo em seu rosto não ajudava muito.
– Ótimo! – Disse a morena, respirando fundo logo em seguida. Gizelly fez o que sua mãe disse e passou o dedo indicador vagarosamente sobre a clavícula visivelmente exposta de sua esposa. Não podia negar que sua pele era macia e a mulher era sensual.
Gizelly pôde ouvir um longo suspiro de Rafaella e percebeu seus dedos se apertarem no colchão. Um silêncio perturbador invadiu o quarto logo depois. A respiração de Rafaella era tudo o que conseguia ouvir. Sentiu o exato momento onde sua esposa se inclinou, mas, para sua surpresa, lhe deu um beijo longo no rosto, antes de se afastar.
– Tenha uma boa noite, Gi. – Sussurrou lentamente. – E lembre-se: Eu só quero te ver feliz. – E assim se deitou e se cobriu, se virando para o outro lado sem dizer mais nada.
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A Rafa é muito preciosa 🥺
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Over the Rainbow (Girafa)
FanfictionOver the Rainbow é uma história romântica que se passa no século XX. A protagonista Gizelly, contrariando as regras da aristocracia a que pertence, se apaixona por Talles Gripp, um camponês da classe baixa, mas sua mãe, Márcia, deseja que a filha co...