– Por que não me acordou? – Gizelly fechou os olhos assim que ouviu a voz de sua esposa tão rouca e baixa no pé de seu ouvido; seus braços enlaçando a silhueta da menor.
– Acordei muito cedo e vim comer algo antes de te acordar. – Disse com a voz falhada. Estava encostada na mesa decidindo se comeria uma banana ou duas.
– E o que quer comer? – Perguntou com a voz ainda arrastada igual da primeira vez, fazendo Gizelly se arrepiar inteira.
Rafaella deixou alguns beijos no pescoço de Gizelly, fazendo a mesma se praguejar internamente por ver duplo sentido na frase dita por sua esposa. Não sabia o que estava acontecendo com seu corpo desde que experimentou a sensação de ter os lábios de Rafaella colado nos seus. Deveria estar ficando louca, era a única explicação. Engoliu em seco e se virou para sua esposa.
– Ainda não decidi. – Falou, enlaçando seus braços ao redor do pescoço de Rafaella.
– Eu te ajudo. – Rafaella disse olhando para o armário, mas Gizelly levou uma mão até seu rosto e a fez olhá-la novamente.
– Primeiro meu beijo de bom dia. – Disse e Rafaella sorriu amplamente. Jamais se acostumaria com Gizelly pedindo beijos. Se inclinou e colou os lábios nos de sua esposa. Gizelly sentiu o ligeiro gosto de menta assim que suas línguas se encontraram, devido ao creme dental que Rafaella e ela usavam.
– Pelo amor, na cozinha não! – Bianca disse adentrando o lugar, fazendo elas terminarem o beijo. – E você deveria estar pronta, Kalimann.
– Hoje não vou trabalhar. Preciso acompanhar o estado de Rosália de perto.
– O que houve com ela?
– Passou mal a noite, já, já o médico passa aí e saberemos.
– Tudo sairá bem, não se preocupe. – Bianca disse e Rafaella sorriu fraco, caminhando até o armário e retirando algumas coisas de lá. – Mas então... O casal finalmente se acertou, hm? – Perguntou sorrindo enquanto lavava uma maçã.
– Estamos... É... Nós... – Rafaella começou sem jeito. Não sabia o que Gizelly pensava disso, portanto não sabia o que responder.
– Definitivamente sim. – Gizelly respondeu, fazendo Rafaella sorrir bobamente.
– Mas e o chuchu? Já roçaram um no outro?
– Bianca! – Ambas gritaram juntas, fazendo Bianca parar no ar a maçã que levava até a boca.
– O que, gente? – Perguntou finalmente mordendo sua maçã. – Pelas caras ainda não.
– É... Gi, será que eu poderia falar com você mais tarde? – Rafaella perguntou baixo e sua esposa assentiu. – Perfeito.
Comeram em um silêncio calmo e quando estavam quase acabando Luísa, Juliette e Jenna chegaram.
– Eba, vou repetir a refeição com vocês para não ser mal educada. – Bianca disse sorrindo satisfeita.
– Vou ver se o médico chegou. – Rafaella informou.
– Vou com você. – Gizelly avisou, se levantando logo em seguida.
– Por que médico? – Juliette perguntou preocupada. – Você está bem?
– Estou. Rosália passou mal ontem à noite. Teve dores no peito e os exames ficaram de chegar pela manhã.
– Que horror. Tomara que ela fique bem. – Juliette disse.
– É. -- Jenna nada mais disse.
– Tenham um bom apetite. -- E assim Rafaella e Gizelly saíram pelos enormes corredores da casa.
– Rafa...? – Gizelly chamou assim que descobriram que o médico ainda não tinha chegado. Estavam cruzando o jardim, indo para o quarto de Rosália. – Você disse que queria falar comigo.
– Oh, certo. – Ela disse parando e se virando para Gizelly. O sol fazia Gizelly ficar com os olhos ligeiramente franzidos e Rafaella podia se ver no reflexo dos olhos da mais nova. – É sobre... sobre nós.
– O que tem? – Gizelly perguntou.
– Temos nos beijado e tudo mais... – Rafaella começou. Estava um tanto sem graça de tocar no assunto, mas precisava saber.
– Sim. E daí? – Gizelly perguntou rindo.
– Você...hm, se sente à vontade com isso? Digo, eu sei que é estupidez perguntar, mas realmente preciso saber. – Disse fitando o chão. – Não estou forçando a barra? – Gizelly abriu o mais lindo dos sorrisos e Rafaella voltou a falar. – Não é porque estou machucada que se sentiu culpada e está fazendo isso por favor, é? Digo, não creio que seja, mas eu realm...
Foi calada pelos lábios da mais nova, não um beijo de língua, um beijo casto, demorado, apenas para que Rafaella parasse de falar.
– Não seja paranoica. – Gizelly disse rindo ao afastar os lábios dos de Rafaella. – Eu que te beijo sempre e não, não estou fazendo isso por pena.
– Então você realmente gosta de me beijar? – Rafaella perguntou. Em seus sonhos mais distantes Gizelly diria um sim.
– Deixa eu ver. – Gizelly disse sorrindo, enquanto levava sua mão à nuca de Rafaella e colava suas bocas novamente. Rafaella deveria ser cega se não notava o quanto sua esposa amava beijar ela. A língua de Gizelly invadiu a boca de Rafaella, fazendo a maior suspirar e se entregar ao beijo. Gizelly deslizou vagarosamente sua mão livre até as costas da maior, adentrando a mesma por baixo da camisa da garota e sentindo a maciez de sua pele sob o toque de seus dedos. – Acho que ainda não decidi. – Gizelly sussurrou com a boca sobre a de Rafaella ainda. – Preciso tentar de novo. – E voltou a beijar sua esposa que sorriu em meio ao beijo, enquanto puxava Gizelly mais para si. A menor sugou o lábio inferior de Rafaella e suspirou, aplicando um último selinho antes de fitá-la nos olhos. – Será que isso responde a sua pergunta? – Perguntou sorrindo.
– Acho que não. – Rafaella disse rindo, mas logo ficou séria, respirando fundo. – Eu não quero que faça nada que não queira. Não é porque nos casamos que precisa me beijar, tudo bem?
– Mas eu gosto de te beijar. – Gizelly finalmente falou, deitando sua cabeça sobre o peito de Rafaella.
– Então tudo bem, mas se algum dia eu fizer algo que você não goste, por favor me diga. – Ela sentiu Gizelly suspirar e a abraçou.
– Você é perfeita demais para ser de verdade. – Disse sorrindo, levantando sua cabeça e depositando um suave beijo na clavícula de Rafaella. – E pela primeira vez na vida sou obrigada a concordar com a minha mãe. – Rafaella franziu o cenho e a olhou confusa. – Ela me fez um grande favor quando mentiu para mim.
Rafaella fitou o chão quieta demais. Esse era um assunto que ela não deveria tocar, mas era inevitável. Imaginar Gizelly beijando a boca de outra pessoa causava uma dor insuportável.
– Gi...
– Não. Ela realmente me fez um favor. – Gizelly disse olhando fixamente para Rafaella.
– Você... o ama?
– Não. Nunca amei. – Disse convicta. – Um dia pensei estar apaixonada por ele, mas minha mãe disse algo... – Pareceu lembrar das palavras da mãe. – E acho que ela tem razão. Acho que fiquei encantada, ele era gentil, mas se fosse algo mais forte não teria passado tão rápido, não acha?
– Certo. – Rafaella disse. – Então posso duelar com ele caso ele venha tentar reconquistar o coração de minha bela senhora? – Perguntou falando igual seu pai. Gizelly riu e negou com a cabeça.
– Não é preciso duelo algum. Meu coração sabe muito bem com quem quer ficar. – Rafaella sentiu seu estômago se revolver ao ouvir isso, mas teve medo de perguntar sobre sentimentos. Ainda era cedo.
– Certo. – Ela disse contendo a vontade insana de sorrir. – Vamos ver Rosália?
– Vamos. -- E, enlaçando seus dedos nos de Rafaella, caminharam para o quarto da mulher.
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Tão boiolinhas 🥹
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Over the Rainbow (Girafa)
Fiksi PenggemarOver the Rainbow é uma história romântica que se passa no século XX. A protagonista Gizelly, contrariando as regras da aristocracia a que pertence, se apaixona por Talles Gripp, um camponês da classe baixa, mas sua mãe, Márcia, deseja que a filha co...