Capítulo 48

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O sol adentrava as janelas do quarto das garotas, já que nenhuma delas havia se dado ao trabalho de fechar as cortinas durante a noite passada. Rafaella começou a franzir o cenho ao sentir a luz atingir seu rosto e de repente sentiu uma forte pontada em sua cabeça. Estava de ressaca, inferno!

Apesar de ter escovado seus dentes durante o banho na noite passada, sentiu um gosto extremamente horrível na boca, como se tivesse tomado álcool puro ao invés de vinho e champanhe.

Sentiu sua boca salivar de uma maneira ruim e ainda sem abrir seus olhos respirou fundo, reclamando baixinho.

– Rafaella? – Aquela voz. Gizelly havia sido acordada com os movimentos desconexos de Rafaella sobre si e só então a mais velha se deu conta de que ainda estava por cima de Gizelly, com sua cabeça deitada sobre o peito da mais nova. – Rafa? – Ouviu Gizelly voltar a lhe chamar e sentiu os finos e delicados dedos removendo uma mecha de cabelo de seu rosto.

Quando foi que ela ficou tão fraca de repente? Ao sentir algo quente subir-lhe a garganta, apenas jogou o corpo para o lado, vomitando no tapete do chão, ao lado de sua cama.

– Oh, Deus... Você está bem? – Gizelly perguntou, se inclinando e segurando seu cabelo enquanto ela vomitava. Sentiu uma pontada na própria cabeça, afinal não bebia nunca e era óbvio que a ressaca se faria presente, mas preferiu ignorar sua dor e cuidar de Rafaella.

– Eu pareço bem? – Rafaella perguntou, voltando a vomitar. Gizelly tampou a respiração diante do forte cheiro que se instalava no quarto e apenas acariciou os cabelos de Rafaella. Por sua vez, a maior não entendia como estava vomitando sendo que na noite passada jurava que o efeito do álcool já havia passado quase que por completo. – Merda, eu estava mesmo bêbada. – Falou sentindo todos os seus músculos doerem.

Assim que terminou de vomitar Gizelly a puxou, fazendo-a sair da cama e a arrastou para o banheiro. Seus olhos pararam na mala no canto do quarto e virou a cabeça na direção de seu closet, encontrando as portas abertas e o mesmo completamente vazio. Guardou sua dor dentro de si e voltou a focar em Rafaella.

Rafaella podia andar, apenas se escorava nela, então não foi tão difícil colocá-la dentro do box. Não vestia nada, já que havia vestido o roupão apenas para ir na cozinha durante a madrugada e o removera do corpo assim que voltou para o quarto, Gizelly abriu o chuveiro, regulando a água em temperatura mais fria do que quente e encaixou Rafaella embaixo da água.

– Consegue tomar um banho sozinha? – Gizelly perguntou e Rafaella negou. Conseguia sim, havia mentido, mas apenas porque tinha medo de Gizelly ir embora antes de ela conseguir pensar nas coisas.

Gizelly respirou profundamente e assentiu, começando a dar banho em Rafaella. Ensaboou todo seu corpo e aplicou shampoo de maneira delicada em seus cabelos e, após enxaguar, aplicou o condicionador. Assim que removeu o conteúdo dos cabelos de Rafaella por completo a colocou sentada na banheira. Lhe entregou sua escova de dentes e a deixou escovando os dentes enquanto escovava os seus no lavatório. Também precisava tirar o gosto ruim da boca.

Após escovar seus dentes entrou no chuveiro com Rafaella, tomando um rápido banho, tendo a outra sentada na banheira lhe assistindo.

– Hey... – Chamou Rafaella suavemente assim que desligou a água. – Venha, vou te secar para depois limpar aquela sujeira.

– Não precisa limpar, chame alguém. – Rafaella disse se levantando com a ajuda de Gizelly e a mais nova agradeceu por ainda não ter recebido nenhuma patada forte.

Não disse mais nada, apenas embalou Rafaella na toalha e fez o mesmo consigo. Assim que chegaram no quarto ela colocou sua esposa sentada sobre a cama e começou a enxugar seus cabelos.

– Deixa... Eu consigo. – Rafaella disse sentindo-se melhor. Gizelly apenas assentiu quieta, lhe entregando a toalha e foi até o closet da maior pegando algumas roupas para ela. Abriu o saquinho com lingerie nova, afinal as suas estavam todas na mala e se vestiu, pegando algumas peças emprestadas de Rafaella.

– Eu devolvo depois. – Gizelly disse apontando para as roupas e Rafaella apenas suspirou. – Consegue se vestir? – Rafaella conseguia, mas novamente negou com a cabeça.

Gizelly se aproximou e se abaixou perto dela, erguendo perna por perna para vestir a calcinha e um short que havia pegado para a mais velha, tratando de não maliciar o fato de Rafaella estar completamente nua e ela abaixada quase entre suas pernas.

– Eu fui... grossa ontem à noite? – Rafaella perguntou enquanto Gizelly lhe ajudava a se levantar para encaixar a roupa em seu corpo direito. – Digo, durante... Você sabe.

– Quer saber se me machucou ou estou errada? – Gizelly disse, conhecendo bem sua esposa.

– Não. Está certa. – Rafaella respondeu sentindo lhe vestir uma camiseta qualquer.

– Bem, você não me machucou. – Respondeu. – Não propositalmente. – Rafaella arregalou os olhos e Gizelly sorriu, vendo que sua Rafaella ainda estava ali. – Calma! – Pediu. – Eu só quis dizer que meu corpo não é acostumado com certos tipos de brinquedos que usamos ontem, apesar de você não acreditar. – Sussurrou a última parte tristemente, mas Rafaella ainda assim ouviu. - E bem, no começo era evidente que doeria, mas passou logo.

– Certo. – Rafaella disse lhe encarando por longos segundos. Gizelly não sabia, mas Rafaella estava fazendo o que ela lhe havia pedido ontem durante o sexo, estava lendo ela.

– Bem, vou buscar algo para limpar isso e depois te preparo algo para comer, tudo bem? – Falou. – Precisa colocar algo em seu estômago. – Rafaella ainda fitava fixamente a mais nova e, diante do silêncio da mais velha, voltou a falar. – Não se preocupe, eu sei que devo ir embora. – Falou olhando a mala novamente. – Assim que fizer isso, eu vou.

Rafaella sentiu seu coração se apertar ao ver a expressão arrasada da mais nova, mas por alguma razão Gizelly estava segurando as emoções. Ao ver Gizelly saindo, segurou seu pulso às pressas.

– Gizelly, espera! -- Disse prontamente, vendo a mais nova, que tinha os cabelos pingando já que não os havia enxugado, lhe olhar tristemente.

– Sim?

– É... – Engoliu suas palavras e apenas negou com a cabeça. Pensaria enquanto Gizelly fosse lhe preparar algo. – Nada... Apenas obrigada.

– Apenas... Apenas espere aqui. Eu já volto, tudo bem? – E, arriscando levar o maior dos sermões, se inclinou e deixou um longo beijo na testa de Rafaella, saindo do quarto no momento seguinte.

Rafaella suspirou. Tudo em Gizelly gritava inocência, então por que, raios, ainda tinha que pensar?

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Pq é teimosa...

Até a próxima!! 


Over the Rainbow (Girafa)Onde histórias criam vida. Descubra agora