Capítulo 27

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Rafaella e Gizelly não tiveram tempo de conversar durante todo aquele dia devido aos paparicos de todos daquela casa para Rafaella. Não a deixavam um segundo sequer sozinha e, embora ela adorasse todos esses mimos, queria mesmo conversar com Gizelly.

Ainda estava ressentida, de fato, mas não podia negar que ver Gizelly lhe pedindo desculpas ajudou um pouco a curar seu ego ferido.

Saía do banheiro após ter passado vários minutos lá dentro, sentindo a água tocar seu corpo. Gizelly lhe havia ajudado a tirar sua roupa. Na verdade, Gizelly vinha sendo bem prestativa, de tarde mesmo insistiu para passar a pomada em seus hematomas novamente e limpar a ferida de seu ombro. Não puderam conversar, pois Bianca e Juliette resolveram entrar no quarto e ficar conversando com elas durante o processo.

Rafaella não ligava de sua seminudez frente às duas amigas e, apesar de Gizelly sentir constrangimento alheio, sabia que as meninas não viam com maus olhos o corpo quase despido de sua esposa, contudo, se negou a deixar Jenna entrar em seu quarto enquanto Rafaella estava daquele jeito.

Gizelly também lhe serviu o café da manhã e o almoço, alimentando-a na boca, como um bebé. Sabia que Rafaella era capaz de comer por si só, mas não queria se sentir inútil por não fazer nada enquanto sua esposa claramente sofria de dores.

A mais nova também se oferecera para carregar tudo para Rafaella, não deixando a mesma carregar nem mesmo uma caneta. Em outras ocasiões a mais velha teria se sentido sufocada, mas a verdade era que estava adorando ver o cuidado da menor com ela.

– Nem se vista. Vou passar a pomada. – Gizelly avisou assim que viu Rafaella apenas em um robe de seda cor azul bebê.

– Podemos conversar antes? – Perguntou caminhando a passos lentos até a cama. Gizelly lhe fitou e assentiu, lhe dando espaço para se sentar ao seu lado,

– Ainda me odeia? – Gizelly perguntou mordendo seu lábio em uma ansiedade mais do que óbvia. Rafaella riu fraco e negou com a cabeça.

– Por Deus, Gizelly, eu nunca te odiei. – Alegou. – Mas admito que ainda estou magoada.

– Eu juro que...

– Não duvidei de nada do que me disse, apenas... – Suspirou, desviando seus olhos para suas mãos. – Eu sequer sabia o porquê de estar sendo xingada. – Apontou. – Em um minuto estávamos fazendo planos de jogar batalha naval e rindo, e no outro me fala aquelas coisas.

– Desculpe. – Foi o único que conseguiu dizer, abaixando seu olhar envergonhada.

– Não tenho medo de confessar que aquilo me machucou. – Rafaella disse. – Mas foi tudo um mal-entendido então é melhor esquecermos. – Os olhos de Gizelly brilharam ao ouvir isso e a garota encontrou rapidamente o olhar de Rafaella sobre ela.

– Eu prometo não agir mais daquele jeito. – Gizelly disse se sentando mais próxima de Rafaella, levando sua mão até uma mecha de cabelo dela e, demoradamente, deslizando seus dedos até colocar a mecha atrás de sua orelha. – Prometo nunca mais desconfiar de você. – Deixou sua mão descansar no rosto de Rafaella e aproveitou para iniciar uma carícia lenta, a olhando com os olhos cheios de afeto. – Eu fui tão idiota. – Disse baixinho.

Rafaella se permitiu fechar os olhos para sentir o toque tão cálido em seu rosto. Deixou o ar se esvair de seus pulmões voltando a abrir seus olhos.

– Precisamos falar do casamento – Rafaella disse olhando dentro daqueles castanhos tão concentrados em cada detalhe de seu rosto. Gizelly queria se separar alguns dias atrás. Ontem para sermos mais exatos, mas hoje... Hoje ela não sabia.

– O que tem o casamento? – Se fingiu de desentendida.

– Você realmente não quer ficar com Talles? – Perguntou séria.

– Não vou mentir que quando nos casamos eu queria. Queria muito, mas hoje... Não mais.

– O que mudou? – Rafaella perguntou, sentindo Gizelly deslizar o dorso de seus dedos em suas bochechas. Gizelly suspirou sentindo seu interior agir de uma maneira estranha.

– Eu não sei. – Falou verdadeiramente.

– Você quer... o divórcio?

– Não! – Respondeu rápido demais, fazendo Rafaella assentir, internamente aliviada. – Digo, eu gosto de ser casada com você e assim você se livra das cobranças de outro casamento e eu também. – "Claro, vantagens." Pensou Rafaella. – Além do mais, seria suspeito demais se nos divorciarmos agora. Cedo demais, não acha?

– Tem razão. – Rafaella concordou, levando suas mãos até o cordão de seu robe e o abrindo habilmente. Rafaella fizera o que sempre fazia para abrir o robe, não obstante, Gizelly vira como um movimento extremamente sensual. – Pode me ajudar com a pomada?

Os olhos de Gizelly acompanharam Rafaella se levantar e pendurar o mesmo antes de voltar para a cama. A mais nova paralisou para contemplar tal vista, tendo uma Rafaella com a pele leitosa, quase que totalmente exposta, que usava uma calcinha rosa minúscula e nada mais.

– C-claro. – Limpou a garganta e se praguejou por agir daquele jeito. – Mas sobre a nossa conversa... – Falou se levantando, tentando se recompor e pegando o tubo de pomada. – Isso quer dizer que continuaremos casadas, não é? – Rafaella assentiu.

– Eu prometi cuidar de você mesmo quando minhas feridas estivessem abertas, não prometi? – Perguntou. Gizelly sorriu amplamente, seu sorriso fez Rafaella sorrir junto. A mais nova, ainda no calor do momento, se jogou em direção à Rafaella, se sentando na cama e se inclinou, pegando Rafaella de surpresa ao tocar seus lábios nos dela em um beijo casto.

– Então perfeito, esposa. – Disse rindo assim que separou seus lábios, fazendo Rafaella rir também.

– Sim. – Rafaella disse ainda sorrindo. – Perfeito. – Sussurrou praticamente sem ar, perdendo o sorriso ao perceber que Gizelly lhe fitava nos olhos. A atmosfera, de leve, passou a ficar tensa. Rafaella perdeu o ar ao notar que Gizelly jamais se afastara o suficiente de seu rosto.

– Rafa...? – Gizelly chamou baixinho, engolindo em seco ao ver o que acabara de fazer.

– Sim? – Perguntou ainda extasiada demais para se afastar. De repente as palavras de Bianca soaram na mente de Gizelly. Rafaella realmente não faria nada. Precisava partir de Gizelly, mas ela teria tal coragem?

– Se eu te beijasse agora... seria errado demais? – Perguntou de maneira quase inaudível. As palavras escaparam de seus lábios antes que ela pudesse se arrepender. O silêncio de Rafaella fez Gizelly se desesperar interiormente. Não deveria ter dito isso.

– Gizelly... – Rafaella proferiu de maneira arrastada, engolindo em seco. – O que está fazendo? --Sussurrou.

– Só... – Disse aproximando mais sua cabeça da de Rafaella, roçando seus lábios no da garota ao falar. – Responda a minha pergunta. – Pediu em tom baixo, sentindo o sangue acelerar em suas veias e seu coração martelar contra seu peito.

– De maneira nenhuma. – Rafaella finalmente respondeu, fazendo Gizelly demorar uns segundos para entender.

– Então se eu te beijasse agora... – Começou, com a respiração pesada. – Você não ficaria chateada? – Perguntou mordendo seu lábio inferior, ainda com a voz quase nula, apenas para confirmar se havia entendido certo. Sentiu suas mãos suarem e tremerem, por isso apertou os punhos.

– Não. – Rafaella respondeu em um fio de voz e Gizelly assentiu, voltando a encarar seus olhos, respirando fundo antes de se inclinar mais, hesitantemente e temeu estar cometendo o maior dos erros. Não deveria estar fazendo isso, não deveria mesmo!

Até que seus lábios finalmente se encontraram com o doce toque dos lábios de Rafaella, fazendo ela mudar de ideia instantaneamente. Deveria sim estar fazendo! Já deveria ter feito isso muito tempo atrás.

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Veio aí 🙌🏼

Vim agr adiantar os cap. que já estavam prontos.

Volto mais tarde 🔥

Over the Rainbow (Girafa)Onde histórias criam vida. Descubra agora