As primeiras semanas como universitários foram caóticas, Hayato e Hidetaka se perderam algumas vezes até se acostumarem com os prédios que eram todos iguais, Iori por sua vez sempre perdia a hora e precisava sair correndo do alojamento enquanto ainda se arrumava para ao menos conseguir responder a primeira chamada feita pelo professor, e não adiantava colocar vários despertadores, ele sempre dormia demais ou se distraia com alguma coisa e acabava por se atrasar, era impressionante como tinha se tornado desorganizado depois de entrar na faculdade, talvez fosse pela ausência da mãe que sempre o acordava, tanto de seu sono quanto de seus transes na frente do espelho enquanto pensava na vida.
Quando as coisas finalmente começaram a se ajustar o quinteto resolveu se encontrar em um restaurante que ficava no meio do caminho entre as duas faculdades.— Achei que a gente nunca mais ia sair junto. — Iori falou depois de despencar na cadeira, estava cansado da semana puxada.
— Pela primeira vez na minha vida eu fiquei sem energia alguma pra desenhar, você acha que eu 'tava preocupado com um jantar entre amigos? — Hayato encostou a testa sobre a mesa, respirando fundo.
— Vocês demoraram demais pra se adaptarem à rotina nova, credo. — Yoki revirou seus olhos, olhando Hidetaka por alguns segundos. — Eu acho que eu já vi você pelo campus...
— A gente divide o mesmo campus, é difícil não me ver. — Passou os dedos por entre os fios de cabelo, tentando os arrumar.
— Yumi, é o garoto que fica tocando bateria no ar enquanto anda pelos corredores! — A garota balançou os ombros da amiga para frente e para trás.
— Oi? — Arregalou os olhos, encarando o garoto e então Hayato. — Por que nunca me contou que ele tocava bateria?
— Porque ele não toca mais. — Negou com a cabeça algumas vezes, queria mudar o foco.
— Hayato, eu ainda toco... — Kobayashi encarou o amigo. — Ou você acha que eu andaria tocando bateria invisível à toa?
— Vai saber. — Encolheu de leve os ombros, tentando segurar uma risada.
— Sempre quis ser amiga de um cara estiloso tipo ele. — Yumi apoiou ambos os cotovelos sobre a mesa, apoiando o queixo sobre as mãos.
— Nhe, nem dá muita bola, ele é só um gay qualquer.
— Você é gay? Ele te tirou do armário a força? — Yoki arregalou os olhos ao perceber o que poderia ter acontecido.
— Não se preocupe, não gosto de garotos.
— E nem de garotas. — Hayato soltou uma gargalhada, observando o rapaz.
— Eu consigo pegar mais garotas que você, Yoshida.
— Mentira sua, elas sempre se interessam por mim.
— Hayato...
— Você é tão estranho quanto eu, Hidetaka.
— Posso até ser, mas meu estilo atrai as garotas.
— Mentira. — Yoki, que ouvia tudo com o maior tédio expressado no rosto, falou. — Você jamais me atrairia.
— Cospe pro alto que cai na testa, melhor ficar ligada. — Yumi apontou dois de seus dedos para seus próprios olhos e para o garoto. — Esses caras são sempre perigosos, assim como os que parecem todo tímidos e quietinhos.
— Isso foi uma indireta? — Iori passou as pontas dos dedos pelos fios de cabelo, a sobrancelha franzida. — Tanto faz, dá pra gente comer? 'Tô morto de fome.
— Seu esfomeado. — Yumi bagunçou o cabelo dele, gargalhando ao perceber a expressão irritada tomar conta de todo o rosto dele.
Depois de toda aquela comoção promovida pela descoberta sobre o garoto da bateria invisível, eles puderam finalmente comer com tranquilidade, conversando sobre suas rotinas agora que haviam se acostumado um pouco mais com a faculdade, quando acabaram se despediram de Iori, o restante indo até seus dormitórios logo depois. Todos estavam cansados como se tivessem corrido uma maratona, por isso não foi difícil e nem demorado para pegar no sono.
[...]
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Ah, meu primeiro amor...
RomanceO que uma mudança de escola nos seus últimos anos de ensino médio pode trazer de bom? Início: 25/07/2022. Fim: 12/08/2022.