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          Após alguns dias Hayato e os garotos estavam na quadra enquanto jogavam vôlei, como os grandes fãs de um certo mangá do esporte que eram.

— O que vocês fariam se a pessoa que vocês gostam se declarasse pra vocês?

— Eu ajoelhava na hora e pedia em namoro, sem pensar duas vezes. — Hidetaka falou com convicção. — Uma oportunidade dessas não passa duas vezes na minha frente nunca.

— Eu chamaria ela pra sair e ver no que ia dar. — Iori encolheu de leve seus ombros, suspirando por saber que aquilo não aconteceria com ele. — Por quê?

— Yumi falou que gosta de mim. — Coçou a bochecha com o indicador, observando os amigos que agora o encaravam com os olhos arregalados.

— E você fez o quê?

— Disse que precisava pensar porque não quis aceitar sem ter algo bonitinho pra ela...

— Me diz que isso é mentira! — Hidetaka segurou os ombros dele, o chacoalhando algumas vezes.

— Pela cara dele eu tenho certeza que não é mentira...

— E não é mesmo, eu disse mesmo que preciso pensar... — Hayato abriu um sorriso um tanto forçado.

— Você é louco? É apaixonado pela Yumi desde o ensino médio e agora que tem a oportunidade de ter algo com ela me solta uma dessas? — Passou ambas as mãos pela cabeça, estava atônito com aquilo.

— É só porque eu quero entregar uma coisa que tenho trabalhado faz umas semanas...

— E o que seria isso que não pode esperar um pouco? — Iori cruzou os braços, encarando o garoto com a sua cara de paisagem.

— Eu meio que fiz um mangá contando um pouco sobre como eu me sinto por ela e como tudo se desenvolveu, tudo em primeira pessoa... — Encarou algo que estava além da cabeça do rapaz a sua frente. — Mas agora vou precisar acrescentar mais umas páginas e mudar um pouco o final.

— E qual era o final que ia usar?

— Ia ser eu me declarando pra ela depois de todos esses anos. — Foi em direção a bola que havia sido jogada para longe quando os garotos ficaram surpresos com o que tinha contado, se sentando em um dos degraus.

— Você ainda pode manter esse final, não necessariamente precisa existir um pedido de namoro pra que vocês comecem a namorar de vez... — Hidetaka apoiou uma das mãos sobre o ombro dele. — Você já mandou imprimir?

— Ainda não, justamente porque eu queria ver se aconteceria mais alguma coisa até a data que eu pensei em entregar.

— E que data seria essa?

— Na formatura, já que corria o risco de ser a última vez que eu veria ela. — Afirmou de leve com a cabeça, começando a mexer com a bola.

— É uma boa data e ainda tem umas duas semanas até lá... — Iori calculou a quantos dias estavam da formatura das garotas.

— Só colocar a mão na massa e mostrar pra gente o resultado antes de mandar imprimir.

— E por que eu faria isso? — Arregalou os olhos, não queria mesmo mostrar aos amigos o que estava fazendo.

— Alguém precisa dar uma nota não influenciada por ser seu amigo, o que eu acho difícil de acontecer. — Hidetaka colocou uma das mãos sob o queixo, pensando sobre a possibilidade de acharem a história ao menos bonita.

— Você vai julgar como se fosse um mangá perto de ser lançado, não sou burro! — Encarou o melhor amigo com uma cara nada amigável, sabia que as críticas que recebia dele eram construtivas mas algumas chegavam a ser dolorosas.

— Problema seu, vou ver a versão finalizada. — Encolheu os ombros.

          Hayato resmungou, parecia que haviam tirado dele toda e qualquer vontade que tinha de continuar com a ideia, mas no fim acabou tendo que aceitar a situação que havia se metido.
          Poucos dias antes de enviar a gráfica que imprimiria o mangá entregou o arquivo para que os amigos lessem, ambos ficando surpresos porque não tinham noção de que as coisas eram daquele jeito, então dando a aprovação que Hayato procurava.

[...]

Ah, meu primeiro amor...Onde histórias criam vida. Descubra agora