Ah, meu primeiro amor...

[30]

           As garotas chegaram apenas alguns minutos atrasadas, nada muito grotesco como haviam imaginado em um primeiro momento, então Iori chamou todos para que ajudassem a organizar a mesa e esquentar as coisas que havia preparado e comprado para o jantar, se negava a comer apenas porcaria como tinham discutido antes, queria algo digno de festa.

— O cheiro pelo menos 'tá bom. — Ami falou enquanto olhava as coisas sendo postas na mesa.

— Era o mínimo já que boa parte das coisas aqui é comprada. — Yumi soltou uma gargalhada enquanto olhava a mais nova.

— Tem coisa aí que fui eu que fiz, não me ofende! — Disse Iori após mostrar a língua para a mais velha.

— Desde quando você sabe cozinhar? — Ami pareceu um pouco mais interessada do que normalmente demonstraria estar.

— Quando a gente passa a morar sozinho precisamos aprender a cozinhar pra não morrer de fome, então...

— É por isso que você 'tá magro assim, então... — Hidetaka cutucou as costelas de Iori.

— Olha esses braços finos de magreza. — Hayato ergueu um dos braços do garoto, gargalhando ao vê-lo o encarar.

— Meu biótipo é magro assim, não quer dizer que eu esteja passando fome. — Revirou os olhos, estalando a língua no céu da boca.

— Eu lembro quando ele era mais novo, a Ami dizia pra eles ficarem de mãos dadas quase sempre porque tinha medo que ele saísse voando de tão magrinho e pequeno que ele era. — Yumi soltou uma gargalhada, reparando na maneira como era encarada por ambos. — Não é mentira.

— Eu fazia isso pra zoar com a cara dele, nada além disso...

— É, claro... — Watanabe revirou seus olhos em resposta, sabia que no fundo a garota se preocupava com ele, pelo menos quando eram crianças sim, não sabia o que sentir a respeito desse ponto agora.

— Por que eu me preocuparia com você no fim das contas?

— Porque ele é adorável. — Hidetaka apertou uma das bochechas dele, como aquelas avós quando veem os netos depois de um período longe.

— E você é igual chulé, não larga do meu pé de jeito nenhum. — Mexeu a perna como se estivesse tentando se livrar de algo preso em seu pé.

— É sinal que ele nunca vai te abandonar, igual esse pé micosento seu aí. — Yoki acabou por soltar uma gargalhada, se escondendo atrás de Yumi quando viu que o mais novo estava pronto para jogar algo em sua direção.

— Micosento é o seu que vive com aqueles esparadrapos nos dedos!

— É pra não machucar e ainda ajuda a manter os pés no chão, seu cabeçudo. — Mostrou a língua para ele, estalando a língua no céu da boca.

— Tão fora de moda usar isso. — Fez uma careta de reprovação, como se estivesse com nojo das pequenas fitas que ela usava em seus dedos das mãos e dos pés.

          A zoação do grupo continuou até mesmo durante o jantar, parecia que não conseguiam olhar um para o outro sem sentir uma imensa vontade de fazer alguma piada, era impressionante como saíam novos xingamentos e zoações todas as vezes que se reuniam, quem via de fora com certeza pensava que todos eles se odiavam, o que era a mais pura mentira já que eles tinham um carinho enorme um pelo outro, até mesmo Ami, apesar de não demonstrar o que de fato sentia em relação às pessoas ali na mesa.

[...]