Ah, meu primeiro amor...

[35]

          O tão esperado dia havia chego, Yumi já havia checado seu visual várias vezes, Yoki com certeza diria que aquele era a trigésima vez que se olhava no espelho em um espaço de tempo menor do que quinze minutos e Yamazaki não diria que era mentira porque sabia que estava se olhando no espelho mais vezes do que costumava, assim que ouviu seu celular apitar com a notificação foi correndo até o aparelho, ficando um tanto animada ao ver que Hayato já a esperava na entrada de seu prédio.
          Desceu os dois lances de escada que a separavam do rapaz com animação, estava saltitando mais uma vez e nem havia percebido, Hayato por sua vez se encontrava cada vez mais nervoso e a sensação só aumentou quando viu a garota diante de si, com aquele sorriso lindo e uma roupa que nunca havia visto nela. A vontade de elogiá-la se fez presente e por um segundo não sabia se fazer aquilo seria bom ou não, por isso decidiu arriscar, mais uma vez.

— Você 'tá muito bonita. — Afirmou com a cabeça uma única vez depois de cumprimentá-la.

— Você acha? — Mostrou a roupa que usava para ele de maneira que pudesse ver melhor os detalhes, sorrindo ao perceber que ele se encontrava afirmando com a cabeça várias vezes enquanto sorria de forma fofa. — Obrigada, você também 'tá muito bonito hoje.

— 'Tô? — Olhou em direção ao próprio corpo, um pouco confuso porque não achava nada de demais na roupa que estava usando naquele momento, com certeza havia investido um pouco mais de tempo para se arrumar do que normalmente faria, mas nada muito complexo e que deixasse as pessoas de queixo caído.

— Com certeza sim. — Soltou uma risadinha, havia percebido que ele tinha ficado pensativo a respeito do elogio que havia recebido.

— Acredito em você. — Encolheu de leve seus ombros, ainda sentindo-se tímido e então a levando até sua scooter para que pudessem ir até o cinema.

          Yumi ficou um pouco surpresa, não sabia que o rapaz havia comprado uma scooter, ao perceber que ela havia ficado surpresa Hayato não conseguiu conter a risada, subindo no veículo depois de colocar o capacete na mais velha.

— Vem. — A chamou com um gesto de cabeça. — E se segure firme, por favor.

— Tudo bem. — Sentou-se atrás dele, passando os braços pela cintura e sentindo que ele havia ficado um pouco tenso, provavelmente por causa da surpresa que tinha causado nele sem intenção. — Assim te incomoda?

— Não, se quiser pode apertar mais.

— Tudo bem... — Apertou um pouco mais os braços ao redor da cintura do mais novo, se acomodando melhor na scooter.

          O trajeto até o cinema mais próximo foi tomado por um silêncio confortável, era difícil manter uma conversa com o vento zunindo em seus ouvidos daquela forma e com os barulhos do trânsito intenso de Tóquio, por isso preferiram ficar mais quietos, vez ou outra comentando sobre alguma coisa aleatória.
          Ao chegarem no cinema a primeira coisa que fizeram foi escolher o horário da sessão e então foram comprar as guloseimas que comeriam durante o filme, Hayato insistiu em pagar por tudo mesmo com Yumi resmungando ao seu lado dizendo que não precisava daquilo.
          Enquanto o filme passava naquele imenso telão o rapaz tomou um pouco de coragem para segurar a mão da garota, havia muito tempo que pensava em fazer aquilo e achava que ela afastaria a mão, mas não foi o que aconteceu, Yumi a deixou no exato lugar onde estava, inclusive a fechando para que ficassem ainda mais próximas, o que fez com que Hayato ficasse ainda mais nervoso, não havia passado por sua cabeça a possibilidade da garota fazer aquilo, porque para ele era algo muito unilateral, mas naquele momento não pareceu ser.
          Quando o filme chegou ao fim mantiveram as mãos unidas, havia se tornado algo confortável, e então foram para algum lugar ali próximo comer, precisavam conversar sobre o filme e recarregar as energias depois daquilo. Ficaram um bom tempo sentados em uma das mesas mais no canto, conversando sobre o que haviam achado do filme, sobre coisas que mudariam nele e afins, quando perceberam que estava ficando tarde e que precisariam voltar porque as portas dos dormitórios estavam quase fechando saíram em disparada, e ao chegarem se despediram, findando aquele dia tão especial para ambos.

[...]