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          Na manhã seguinte Yumi foi a primeira da casa a acordar, aproveitando para organizar algumas coisas da noite anterior e para preparar um café da manhã digno de uma noite divertida e até estranha, porque se lembrava de ter adormecido no chão enquanto conversava com Hidetaka sobre coisas aleatórias mas não conseguia encontrar em sua memória o exato momento que havia ido até o quarto de visitas e nem a hora que Yoki havia entrado, com toda a certeza ela teria percebido, visto que a garota costumava acender todas as luzes e resmungar quando ia se deitar.
          Hayato acordou porque sentiu que não era a única pessoa acordada ali, tinha o péssimo costume de acordar assim que ouvia qualquer movimento pela casa, seja lá onde estivesse e quem fosse a pessoa, logo estaria em seu encalço se tivesse intimidade o suficiente para isso, caso contrário ficaria deitado encarando o teto e as paredes até que mais alguém acordasse.
          Quando se levantou e colocou a cabeça para dentro da cozinha notou quem é que tinha acordado, pigarreando para sinalizar que estava ali, não queria assustar a mais velha.

— Bom dia, senpai.

— Bom dia, Haya-kun, conseguiu dormir? — Olhou para ele por cima do ombro, já que se encontrava de costas para a porta.

— Dormi como uma pedra.

— Mesmo deitado no chão? — Organizou algumas das coisas sobre a mesa onde iriam tomar café.

— Pior que sim, acho que eu acostumei a dormir no chão por causa das noites que eu passava jogando com o Hidetaka quando era mais novo. — Hayato soltou uma risada um tanto tímida, oferecendo ajuda para a mais velha, que a aceitou sem pensar duas vezes. — Quer que eu acorde o resto?

— Yoki e Iori não suportam ser acordados sem uma razão boa, ainda mais depois de terem ficado horas a fio de pé... — Negou com a cabeça algumas vezes enquanto fazia uma careta. — Mas se quiser acordar o Hide não tem problema.

— Ele 'tá dormindo pesado, vai ouvir nem se eu jogar uma bomba na cabeça dele. — Soltou uma gargalhada, que fora acompanhada por Yumi.

— Ele dorme pesado assim?

— Uma vez a gente 'tava acampando e soltaram uns rojões pra acordar todo mundo, ele resmungou, virou pro outro lado e voltou a dormir quase na mesma hora, nem deu tempo de tentar acordar ele.

— Esse aí ganhou da Ami de longe, ela também tem o sono bem pesado, mas não tanto quanto ele pelo visto.

— E eu que lute! — Ergueu um dos punhos no ar, encolhendo os ombros logo em seguida.

— Vocês são amigos há bastante tempo, né?

— Desde o jardim de infância, ele grudou em mim igual chulé e nunca mais me largou. — Revirou os olhos, sentando-se na mesa assim que Yumi sentou-se.

— Tem certeza que não foi o contrário?

— 'Tá dizendo que eu sou grudento? — Ergueu uma de suas sobrancelhas enquanto a encarava. — Ou que eu sou impossibilitado de conseguir fazer mais amigos?

— Bem, impossibilitado você não é, mas me passa a sensação de que você não se aproxima de pessoas novas se não tiver algo maior que te faça fazer isso. — Cutucou o braço do garoto, soltando uma risadinha ao ver a expressão de desânimo dele.

— Errada não 'tá não... — Fez uma careta. — Eu realmente preciso de algo que me leve a interagir com a pessoa, caso contrário vou ficar só observando o tempo todo.

— Eu imaginei, você aparenta ser assim mesmo. — Afirmou de leve com a cabeça, aproveitando para pegar alguns lenços, tendo sua mão tocada por Hayato quando a levou até a caixa.

          Hayato sentiu o corpo todo ficar tenso ao tocar, de maneira rápida e singela, a mão de Yumi, levou alguns segundos para que ele finalmente voltasse a si e afastasse a mão, pedindo desculpas pelo ocorrido antes de voltar a comer. Levou alguns instantes para que eles voltassem a conversar normalmente, ambos se olhando de soslaio e com sorrisos contidos pela timidez causada pelo leve toque de suas mãos.

[...]

Ah, meu primeiro amor...Onde histórias criam vida. Descubra agora