Capitulo 6: De volta à realidade

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Eu fui para fazer uma surpresa para minha esposa, mas quem foi surpreendida fui eu.

Assim que passei pela porta vi peças de roupas espalhadas pelo quarto. Fui seguindo aquela trilha com os olhos até que fitei a estagiária sonsa deitada na cama, meio enrolada no lençol e totalmente despida debaixo dele. A princípio pensei ter entrado no quarto errado, mas não tive nem tempo de ir conferir a porta, pois logo vi Lauren saindo por uma porta, que devia ser o banheiro da suíte, enrolada numa toalha branca e de cabelos molhados. Assim que ela notou minha presença, me olhou assustada e depois para a filha da puta em sua cama.

- Yasmin?? O que você...? - foi quando ela percebeu que havia sido flagrada. - Camila, não é isso o que você está pensando...

- Eu não estou pensando nada, eu estou vendo. Mas não vou atrapalhar o casal. - virei as costas e saí dali o mais rápido possível.

Ainda ouvi a voz de Lauren chamando o meu nome, mas eu segui adiante. Desci pelo elevador e assim que ele parou no andar da recepção eu saí de dentro da caixa metálica e entrei no primeiro táxi que vi.

- Qual o seu destino, senhora? - o motorista me perguntou.

- Não sei, só me tira daqui.

O homem foi dirigindo pela cidade e eu só chorava. Na minha cabeça passava um filme da cena que presenciei ao entrar no quarto de hotel da Lauren. Não sei como eu fui capaz de acreditar que Lauren, a pegadora, poderia mudar. Eu a conheci numa vida boêmia e de muito sexo. Como fui capaz de acreditar que ela poderia ser fiel a mim? É por isso que Lauren nunca quis casar comigo?

E aquela vadia estagiária... eu sabia que ela estava se oferecendo para minha mulher. Eu avisei à Lauren para ter cuidado, mas acho que ela contratou aquela vagabunda justamente por esse motivo.

Meu telefone celular não parava de tocar, era Lauren. Havia mais de trinta chamadas não atendidas. Resolvi colocar o aparelho no silencioso e pedi ao motorista que me deixasse em um hotel mais próximo do aeroporto. Decidi que na manhã do dia seguinte eu pegaria o primeiro vôo de volta para casa.

Após fazer o check-in no hotel, entrei na minha suíte e tomei um banho para ver se me sentia menos horrível depois da punhalada que levei. Após o banho peguei o meu celular e vi, além das inúmeras chamadas não atendidas, a caixa de mensagem lotada. Eu sabia que eram todas da Lauren, então não me dei ao trabalho de abrir. Disquei o número da minha melhor amiga que atendeu quase que imediatamente.

- Mila, onde você está? Eu estava morrendo de preocupação. Lauren já ligou para cá diversas vezes querendo notícias suas. O que está acontecendo?

- Estou num hotel em Washington, D. Amanhã cedo pego um vôo de volta para casa, quando eu chegar te conto o que aconteceu.

- Mila, só me diz o que aconteceu. Estou preocupada contigo...

- Eu peguei a Lauren me traindo com a estagiária, foi isso.

- O que?

- Quando eu chegar te explico, D. Só liguei para te dizer que estou bem e que amanhã estou de volta. - desliguei a chamada e me entreguei ao choro novamente.

A noite passou a passos lentos. Eu vi a luz do dia surgir progressivamente e eu já não tinha mais lágrimas para derramar. Vesti-me para voltar para casa e no primeiro vôo retornei para meu lar. Lar esse que, a partir daquele dia, seria composto apenas por mim e minha filha, como era antes.

(...)

Quando passei pela porta de casa, lá estavam Dinah e Lisa à minha espera. As duas tinham um semblante preocupado e vieram ao meu encontro de braços abertos e me envolveram numa espécie de abraço coletivo. E mais uma vez, chorei.

Depois de alguns minutos abraçadas, as dias me conduziram até o sofá onde me puseram sentada. Dinah foi buscar um copo de água para mim enquanto que Lisa me consolava. Eu lhes contei tudo o que aconteceu e como aquilo estava me matando por dentro.

Dinah me contou que Lauren havia ligado algumas vezes na noite anterior para casa, esperava que Dinah tivesse alguma notícia minha, mas ela não explicou o que tinha acontecido. Dinah era uma amiga que tínhamos em comum, ela me conhecia desde a época da escola e à Lauren desde a faculdade. Ela sabia da fama de mulherenga da minha ex-futura esposa, ela a conhecia bem.

- Mila, eu sei que você sabe o que viu, mas essa história não está fazendo sentido nenhum para mim.

- Dinah, como não faz sentido?

- Porque eu sei que a Lauren te ama. E eu sei que ela jamais seria capaz de fazer isso com você.

- Como pode ter tanta certeza?

- Mama, eu também estou achando isso tudo muito estranho. - disse Lisa.

- Para mim não tem nada de estranho. Para mim tudo faz sentido. Eu já vinha alertando Lauren a respeito daquela vagabunda da estagiária dela, eu já a tinha pedido que mantivesse a distância. Eu fui para lá de surpresa, ela não esperava por mim, por isso tenho certeza do que vi. Ela foi pega no flagra e não há nada que ela diga que me convença do contrário.

- Tudo bem, Mila. Mas o que você pretende fazer agora? Como fica o relacionamento de vocês?

- Não fica. Eu não posso perdoar uma traição dessas. Assim que ela volta da viagem de lua de mel dela, vou acabar com tudo. Eu não fico nem mais um segundo sob o mesmo teto que aquela traidora.

- Mama, tem certeza?

- Como nunca antes. Agora vamos, me ajudem a desfazer a mala.

As mensagens só se acumulavam em minha caixa postal, mas eu não abri nenhuma, além das chamadas não atendidas e das mensagens sms, todas da Lauren.

Depois de dez anos será que eu saberia ser uma mulher solteira novamente?

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Remember Love (Gay Panic Part 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora