Capítulo 11: Nostalgia

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Hoje o dia já começou nostálgico para mim. Liguei o som do meu carro e a primeira música que tocou era a música minha e da Lauren. Aquela música que marcou toda a nossa história e que, de certa forma, narra o desenrolar dela. E claro que a tal música grudou como chiclete em minha mente, quando eu menos esperava lá estava eu cantarolando-a. Lauren costumava tocar e cantar ela para mim, mas com o tempo isso foi se tornando cada vez mais raro, até que ficou extinto.

A segunda coisa que reforçou a nostalgia foi a proteção de tela do meu computador, ele trocava de foto a cada 30 segundos e o álbum da vez era a viagem que fizemos para o Hawaii há uns 5 anos. A Lisa ainda era uma criança e se divertiu tanto com a Lauren. Elas brincaram tanto que Lauren chegava a ser confundida com uma criança.

Mas não posso deixar que os momentos felizes que tivemos no passado apaguem da minha memória a traição que presenciei. Eu não esperava aquilo de Lauren, sempre tivemos um relacionamento aberto a diálogo, sempre deixei claro que, se algum dia ela não se sentisse mais apaixonada por mim, ela não estava presa, poderia simplesmente ser sincera e me dizer que não queria mais estar naquele relacionamento.

Sempre vi o amor como um sentimento que não aprisiona o seu objeto amado. Se fosse recíproco, ótimo! Mas se uma das partes já não corresponde mais, não faz sentido prender essa pessoa.

Fui tirada das minhas meditações por minha filha.

- Mama, tia Lauren ligou para mim e pediu que eu te avisasse que ela virá aqui hoje.

- Quando?

- Ela disse que chegava em alguns minutos. - passou o recado e voltou para seu quarto.

Que droga! Por que Lauren tem que aparecer sem ser convidada. E não pergunta se posso recebê-la, simplesmente avisa que está a caminho. Droga!!

A campainha tocou no mesmo instante. Era ela, eu sabia que era ela. Fui até a porta e a abri, deixando a porta aberta para que ela entrasse e saí. Ela assim o fez, entrou e fechou a porta em seguida.

- O que você quer, Lauren? Vai ficar aparecendo assim, quando você bem quiser? - perguntei de costas para ela, andando em direção à sala de estar.

- Desculpa vir sem avisar, mas eu preciso mesmo conversar contigo.

- Fala. - a encarei.

Na mesma hora que nossos olhares se conectaram a nossa música me veio à mente. Parecia uma cena de novela, em que os protagonistas se encontram e a música tema deles começa a tocar. Mas era tudo na minha mente.

- Diz, o que você quer conversar comigo? - pisquei algumas vezes tentando desfazer a conexão.

- Eu sinto sua falta. Me deixa provar que eu não te traí.

- Você não veio até aqui para me dizer isso, custo a acreditar.

- Não, na verdade não. Mas olhar para você assim tão perto me faz esquecer todo o resto.

- Pois trate de lembrar porque eu não tenho a vida toda.

O perfume dela invadiu as minhas narinas, sem que eu percebesse ela tinha se aproximado tanto e agora eu me via inebriada pelo seu cheiro peculiar.

- Se afaste de mim. - tentei me desviar dela saindo de escanteio, mas foi em vão.

Lauren colocou uma mão em minha cintura e me puxou pra perto de si. Nossos corpos se chocaram e senti um calafrio percorrer toda minha espinha, de repente me senti fraca. Ela aproximou seu rosto do meu, sem encostar. Ela simulava me beijar, eu sentia seu hálito quente em meus lábios, meus olhos se fecharam involuntariamente. Ela não podia estar tão perto de mim. E num despertar repentino eu a empurrei, me livrando daquela proximidade.

Remember Love (Gay Panic Part 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora