Capítulo 17: Chantageada pela segunda vez

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Quando cheguei ao tribunal fui cumprimentada por alguns colegas de trabalho: porteiro, recepcionista, segurança, juízes e advogados. Dediquei alguns minutos para conversar com um antigo colega de faculdade que reencontrei ali no tribunal, ele estava ali para uma audiência com seu cliente.

Depois dessa breve conversa me encaminhei para o 5º andar, onde se localizava meu escritório. Fui recepcionada por minha secretária que demonstrava um compartimento irrequieto.

- Bom dia, dona Rosa! - cumprimentei a secretária.

- Bom dia, doutora! Me desculpa, eu não pude evitar... - ela falava em tom preocupado.

- Desculpar o que? O que não pode evitar?

- É que tem uma visita para a senhora, ela está em sua sala. Eu tentei impedi-la de entrar, mais ela disse que é sua noiva e que poderia facilmente me demitir...

- O que? Camila está aqui? Mas eu acabei de deixá-la no trabalho.

- Não, não é a dona Camila.

- Como assim? Camila é a única noiva que eu tenho, quem mais poderia ser?

Fui entrando na sala já com uma evidente irritação e fui surpreendida por ninguém menos que a Tina, sentada em minha poltrona. Eu não esperava por aquela visita, isso me deixou sem ação por alguns instantes.

- O que faz aqui, Tinha? - a questionei fechando a porta da minha sala.

- Nossa, quanta hospitalidade. Também estou feliz em te ver, Laur.

Andei alguns passos até a minha mesa de trabalho e depositei a minha bolsa sobre a mesma. Cocei os olhos impaciente, lidar com aquilo era tudo o que eu menos queria.

- Tina, eu não tenho todo o tempo do mundo, pode ser direta?

Ela se levantou de trás da mesa, revelando seu vestido verde extremamente justo e com um baita decote, andou até mim e envolveu o meu pescoço com seus braços.

- Eu não posso visitar uma velha amiga? - retirei os braços dela e andei em direção oposta, mantendo distância.

- Tina, eu tenho que trabalhar, se você não tiver nada a me dizer, terei que pedir que se retire da minha sala.

- Nossa, que mal educada. - falou enquanto puxava a cadeira e se sentava. - Eu só vim te pedir um favorzinho, em nome dos velhos tempos.

Sentei-me em minha poltrona, pois agora que tínhamos a mesa como barreira já me sentia segura para fazer isso. Puxei minha bolsa até mim e a guardei na gaveta.

- Em nome dos velhos tempos? - sorri sinicamente - Ok, como posso ajudar?

- Eu soube que você é juíza da vara de família e pensei que poderia me prestar uma consultaria. - ela deu uma breve pausa.

- Prossiga.

- Eu estou passando por um divórcio extremamente difícil, isso porque estou brigando para requerer os meus direitos. Meu ex marido se recusa a me indenizar com metade de tudo o que ele tem, mas nós somos casados em comunhão de bens e ...

- Comunhão total ou parcial?

- Parcial. Mas a questão é que nós assinamos um acordo pré-nupcial onde determinava que se houvesse infidelidade, eu seria indenizada com 50% de tudo o que ele possui. Mas agora, ele se recusa a  cumprir com o acordo.

- E como eu posso ajudar?

- Eu quero que você mexa os pauzinhos e consiga que esse caso venha para as suas mãos, então você irá me dar ganho de causa, e eu vou conseguir o que é meu por direito: todos os bens daquele infiel filho da puta.

- Eu acho que não entendi... - me recostei na poltrona, cruzando os braços em frente ao meu tronco.

- Lauren, Lauren, eu me recuso a acreditar que uma pessoa tão inteligente quanto você não consegue entender algo tão simples. Eu quero que você julgue o meu caso e me dê ganho de causa, simples assim. - arqueei uma sobrancelha em sinal de surpresa.

- E por que você acha que eu faria isso?

- Em nome dos velhos tempos.

- E o que a faz acreditar que serei corrupta em nome dos velhos tempos?

- Ora, porque eu tenho você em minhas mãos.

- Ah, tem é? Posso saber como?

- Simples, se você não me ajudar eu vou enviar um video seu muito comprometedor para os principais jornais desse país e arruinar a sua carreira.

Aquilo não estava fazendo sentido para mim, qual vídeo aquela mulher poderia ter já que nós não nos vemos há mais de uma década?

- E que vídeo seria esse, posso saber?

- Claro que pode. O vídeo onde você assediou a minha sobrinha em um hotel em Washington.

Puta que pariu!!!! Agora tudo se encaixava. Então a Yasmin é uma pessoa infiltrada aqui no escritório por ela, pela Tina.

Alguns anos atrás, quando éramos noivas e estávamos fazendo os preparativos para o casamento, eu descobri que aquilo tudo não passava de um golpe. Eu ouvi a Tina conversando com uma amiga sobre se casar comigo para conseguir por as mãos no dinheiro da minha família.

Quando ouvi aquilo, fiquei sem acreditar como alguém poderia ser tão má, afinal, é verdade quem minha família tem algum dinheiro, mas não somos exatamente pessoas milionárias, que nadam em dinheiro. E graças a isso eu custei a acreditar que alguém poderia estar comigo por interesse em mim, exclusivamente. Bom, já que o golpe em mim foi frustrado, essa mulher imunda foi procurar outro otário em quem aplicar.

Agora, além de aplicar o golpe, ela queria me usar como ferramenta nele. Mas eu não iria me corromper, muito menos passar por cima dos meus valores. Eu jamais cederia, mesmo que para isso eu tivesse que renunciar ao meu cargo.

Remember Love (Gay Panic Part 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora