O Mαɳυʂƈɾιƚσ - Cαρ. 13

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𝓐𝓹𝓪𝓻𝓮𝓬𝓲𝓭𝓪

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𝟙𝟛 Quando chegamos à cidade de Aparecida, Vale do Paraíba, interior do estado paulista, imediatamente procuramos nos informar onde ficava o Seminário Bom Jesus e somente depois descobrimos que já havíamos avistado a edificação, a partir da rodovia Presidente Dutra. Uma edificação portentosa, renascentista, que em muito lembrava o palácio de Versailles, o grande símbolo do poder dos monarcas da França absolutista.

De acordo com um panfleto informativo, que nos entregaram nas proximidades, a pedra fundamental do edifício recebera a benção do então arcebispo de São Paulo, Dom Lino Deodato Rodrigues de Carvalho, no longínquo 6 de agosto de 1894. A pedra fora colocada no futuro altar-mor da capela do colégio, destinado aos jovens que aspirassem ao estudo eclesiástico.

O edifício fora concluído ao longo dos anos, com modificações, mas externamente mantivera a concepção original do arquiteto Francisco Carlos da Silva, diplomado na França. Para a construção do prédio, havia sido montada uma olaria própria, onde se fabricaram os enormes tijolos requeimados, responsáveis pela robustez das magníficas e espessas paredes. Passados cento e sete anos, com galhardia, eles ainda desafiavam as intempéries. Havia quem dissesse que o motivo era a marca estampada neles: NSA (Nossa Senhora Aparecida).

A edificação possuía o formato de "L", com quase cem metros de comprimento em cada lado e mais de noventa esquadrias apenas na fachada frontal, com todas as paredes externas em tijolos à vista e detalhes e relevos que davam à arquitetura a medida exata, revelando a perfeição que todo renascentista buscara um dia: a conta justa, as linhas bem estruturadas, os círculos perfeitos.

O acesso se dava por uma rua interna de paralelepípedos, arborizada em ambos os lados, em um aclive de mais de 10 metros e extensão de 250, o que praticamente escondia o edifício a partir da portaria, mas ao subir a via, que terminava num pequeno trecho em pista dupla, possibilitando o retorno, o prédio ia-se revelando aos poucos, soberano e imponente.

— Que lindo! — exclamou Lea.

Redargui:

— Pena que não estamos a passeio. Cumpre urgentemente encontrar Padre Germano.

E voltamos à via pública. Lea teve um sobressalto:

— Ah, ali, Domingos. Há um padre conversando com um homem, naquele food truck.

Quando me voltei, tencionando atravessar a rua, percebi de quem se tratava:

— Meu Deus, é o Manolo!

A luz do sol atrapalhava a visão de Lea, de qualquer modo ela não o conhecia e ele já vestia trajes comuns no Brasil.

— Só o vi vestido de árabe e usando óculos, mas ele te conhece, melhor nos afastarmos.

E mantivemos distância, observando os dois. Conversaram algum tempo. Minutos depois, o padre seguiu para o Seminário e Manolo entrou num carro e partiu.

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