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𝓚TY, a imobiliária responsável pelo aluguel do nono andar, nada sabia a respeito dos antigos inquilinos, tampouco sobre a Editora Ravacini, pois o imóvel tinha sido cadastrado apenas na tarde anterior

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𝓚TY, a imobiliária responsável pelo aluguel do nono andar, nada sabia a respeito dos antigos inquilinos, tampouco sobre a Editora Ravacini, pois o imóvel tinha sido cadastrado apenas na tarde anterior. Essa era a informação que Bruno e Mário ouviam do corretor, enquanto subiam de elevador. Já a plaqueta no painel da recepção devia ter sido trocada na noite precedente, em outro turno de funcionários.

Quando a porta do elevador finalmente se abriu no andar desejado, a surpresa foi enorme. Estava tudo literalmente vazio e Bruno ficou ainda mais boquiaberto:

— Não há nada aqui! Como?

O corretor informou:

— Os pavimentos desse prédio são todos livres de paredes, são andares modulares, permitindo a colocação das divisórias conforme cada necessidade e tipo de escritório.

Bruno sabia. Não era um conceito arquitetônico tão moderno, que ele o desconhecesse.

— Eu sei... Mas ontem mesmo havia aqui um escritório inteiro.

Explicou aos dois como eram as instalações — ou ao menos aquilo que ele pudera ver, afinal, limitara-se à recepção e à sala de reuniões, e às suas dependências (copa e banheiro).

Mário examinou o local. Havia muitas placas de dry-wall empilhadas num canto — e outros materiais diversos, além de muita poeira no piso, conjuntamente a vários furos de broca, algum dia utilizados para a fixação de divisórias.

— Bruno, a área em que você esteve, em relação a todo o andar, é a única que está sem poeira. E ali são o banheiro e a copa, que davam para a sala de reuniões.

O corretor encontrava-se perdido na conversa:

— Amigos, será que vocês podem me explicar o que está acontecendo?

Mário ignorou a pergunta e prosseguiu:

— Está evidente: foi tudo um circo armado pelo falso Ravacini. Com qual intenção, eu não sei. Você chegou a ir em mais algum lugar?

— Não. Estive apenas na recepção e na sala de reuniões.

— Pois então... Aquelas divisórias ali... Deviam formar essas áreas, sendo que o resto, por detrás, estava tudo vazio. Uma pegadinha do Silvio Santos¹.

— Não pode ser!

— Mas é! E havia muitos móveis?

— Não, pouquíssima coisa. Na recepção, uma mesa com cadeira e um pequeno sofá de espera...

Mário apontou para outro local, o mais longe do elevador:

— Não seriam aqueles?

Encostados na parede e cobertos por um lençol, os móveis citados.

— E você viu algum funcionário?

— Ninguém, mas nem me importei muito com isso, por causa da pandemia e o home office. O Ravacini até disse que a recepcionista estava doente, ao que imaginei que fosse a covid. Eu estava concentrado nas minhas anotações e nem um pouco curioso quanto ao restante do escritório.

— Parece então que não havia mais ninguém, além dele...

O corretor estava impaciente:

— Senhores! Será que podiam agora me explicar? Do que vocês estão falando?

Ignorando-o de novo, Bruno caminhou até próximo da copa:

— E onde será que está a mesa de reuniões?

O corretor, mesmo sem entender, apontou ele próprio para outra parede do pavimento:

— O tampo era de vidro? Ali tem uma desmontada, mais duas cadeiras...

Bruno enfim explicou ao corretor acerca dos estranhos fatos, exclamando, por fim:

— Tudo um vão simulacro! Mas por quê?
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Nota:
¹Silvio Santos: Famoso apresentador de televisão no Brasil, dono de emissora (o SBT) e fundador da lojas "Baú da Felicidade".


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