DORIT
Nossa primeira parada foi no hospital onde eu pude ver como um homem crescido e aparentemente forte pode se desfazer em segundos. Sua fragilidade me fez sentir algo estranhamente forte em relação a ele e sem que tivesse percebido acabei fazendo uma ligação sentimental com Colin. Na minha família a posição de um homem é ser o pilar, a força indestrutível. Eu acho que nunca vi meu pai chorar. Ele sempre foi o ombro que consolava. Hoje eu sou o de Colin.
Acaricio sua mão repetidas vezes enquanto o médico explica o que aconteceu com sua mãe e o que será feito a partir de agora.
- Ela ficará em observação hoje e amanhã poderá ir pra casa. Vou receitar alguns remédios para melhorar a circulação sanguínea em seu coração. Além disso, ela vai precisar mudar seu estilo de vida, ter uma alimentação saudável, fazer alguns exercícios...
- Claro. Eu vou ficar no pé dela a partir de agora, obrigado Doutor.
O médico aperta a mão de Colin e volta aos seus afazeres. Sentindo-me mais aliviada por sua mãe estar estável eu acaricio seu braço e digo fazendo-o me olhar nos olhos.
- Que tal irmos para sua casa, você descansa um pouquinho e ajeita tudo pra volta dela...
- Você está certa. Eu só preciso falar com minha tia primeiro, ela está na cafeteria...
- Ok. Eu te espero aqui então.
- Vem comigo, eu vou te apresentar a ela.
Concordo com um aceno sentindo meu rosto esquentar, sorrindo ele ergue minha mão unida à dele e beija de leve. As borboletas em meu estômago se remexem me deixando nervosa, andando juntos eu me pergunto se a família dele vai gostar de mim e o mais importante, como vamos nos apresentar? Como namorados ou amigos? Olho para nossas mãos unidas e penso que talvez eu deva solta-la para não causar impressões erradas. Mas antes que eu possa fazer qualquer coisa ele acena pra uma mulher baixinha, de cabelos grisalhos e com os mesmos olhos de Colin.
- Tia...
Ele solta minha mão para abraça-la, seus olhos encontram os meus e eu sorrio tímida. Separando-se de sua Tia ele volta a segurar minha mão e diz me deixando desnorteada por um breve momento.
- Tia essa é Dorit, minha namorada.
A mulher sorri pra mim e estica os braços me envolvendo com carinho do mesmo jeito que fez com seu sobrinho. Ela se afasta e diz com uma voz doce.
- É um prazer conhecê-la Dorit, pena que em circunstâncias nada agradáveis.
- É um prazer, mas tenho certeza de que ela vai ficar bem.
Respondo voltando meu olhar para Colin que tem os olhos marejados novamente. Aperto sua mão de leve consolando-o. Pigarreando ele diz.
- Ela tem alta amanhã. Nós estamos indo pra casa ajeitar tudo para sua volta, a Senhora quer uma carona?
- Não querido, eu vim de carro. Amanhã eu encontro vocês e buscamos ela juntos...
- Ok.
- As chaves... você cozinha algo pra Dorit comer ou querem jantar lá em casa?
Sua Tia pergunta entregando o molho de chaves para Colin. Ele nega e diz acariciando minha mão com seu dedo.
- Eu cozinho pra ela Tia. Mas obrigado!
- Tudo bem, até amanhã então querido. Foi um prazer Dorit, amanhã conversamos mais...
- Claro! Boa noite.
Beijo seu rosto me despedindo dela e espero Colin abraça-la novamente. Ele é tão carinhoso com sua família. Segurando minha mão nós nos direcionamos para a saída do hospital e eu resolvo questioná-lo sobre essa ideia de namorada depois que passar tudo isso. Dirijo pela estrada com as janelas abertas deixando que a brisa do mar entre, ele me guia até um conjunto de duas casas modestas a beira da praia.
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O ACORDO
RomanceVivendo em Manhattan, Dorit é uma jovem judia de família tradicional que valoriza a cima de tudo, sua independência. Pressentindo que Uri, seu namorado judeu e extremamente ortodoxo irá lhe pedir em casamento no primeiro aniversário de namoro ela re...