Apresentação.

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Irei lhes contar tudo o que passei para chegar até aqui e pensar da forma que penso hoje e como consigo analisar tudo em minha volta com os meus próprios olhos.

De uma forma crítica e sem estar sob influência de ninguém.

A partir do momento em que você descobre sua real capacidade intelectual, automaticamente você torna-se convicto de suas opiniões e não é tão fácil de alguém o manipular, nem se quer a respeito de você mesmo.

Lembre-se sempre: Nada mais importa sobre você do que sua própria opinião, porque você vivenciou suas dores, só você pode opinar sobre sua história.

A priori, antes de começarmos, certifique-se que o caminho é bem longo e tratarei sobre tudo nos mínimos detalhes, pois é de suma importância que compreenda cada parte, para que no fim, possam entender que tudo que passamos é aprendizado.

Agosto, 2012.

Embora não seja de reclamar muito, tenho que contar o quanto é uma turbulência minha vida.

Em pleno sábado, me deparei com o despertador do meu celular tocando Price Tag da Jessie j.

Peguei-o encima do criado mudo, esfreguei os meus olhos e constatei ser seis horas da manhã.

-Nem diariamente acordo tão cedo, porque em pleno sábado o celular despertou? -Indaguei.

Apesar de ser uma grande fã da Jessie J, não era hora para ela vir me acordar.

É sábado.

De repente meu subconsciente me recorda que hoje, nada mais, nada menos, exigiram irmos ao colégio.

No fim de semana.

Levantei ainda sonolenta, me despi e coloquei uma toalha azul.
Joguei uma água no rosto e me olhei em frente ao espelho por alguns minutos até criar uma noção do mundo para escovar os dentes e entrar no box para tomar um banho.

Me olhar ao espelho e me ver ali em frente, parecia sempre ter uma insatisfação a mais, sempre faltava algo, procurava tantos defeitos em mim que esquecia de agradecer à Deus por ter tudo em seu devido lugar.

Cresci acreditando que aparência era a coisa mais importante e isso me trouxe uma série de problemas.

Tive crises existenciais, transtorno de ansiedade, depressão, não sabia o significado da palavra confiança e acredite, cheguei a me auto-mutilar.

Houve algumas pessoas que colaboraram para isso e hoje ao lembrar-me daquela época, penso que tudo não passou de uma mera imaturidade minha de lidar com a situação.

Vale ressalta que sempre vai ter muitos que esperam ansiosamente a sua queda ou a qualquer custo querem te ver cair.

Basta você decidir se o chão é o seu lugar.

O quanto antes souber disso, mas triunfos terá.

E esteja convicto de que nem sempre fui assim e apesar de hoje em dia amar à vida, já quis tirá-la.

Desse modo, demorei um certo tempo para descobrir o quanto sou radiante.

Enaltecer com convicção a mulher maravilhosa que me tornei.

Todavia, isso agora não vem à tona, pois é uma história bastante longa e rapidamente chegaremos lá.

Era uma verdadeira espécie de hipocondríaca com o meu corpo.

Vivia nessa prisão de existir para agradar aos olhos dos outros.

Mas já que não fazia nada para mudar ou pelo menos me aceitar, continuei, amargamente.

Vesti uma calça preta de cintura alta com apenas um botão, coloquei um sapato baixo e vesti uma camiseta branca.

Lavei os meus cabelos que no tempo eram alisados a força e os deixei secar.

Brevemente, contarei-lhes também sobre a minha transição capilar, pois somente quem cresce em uma sociedade preconceituosa e carregada de rótulos sabe o quão é difícil assumir a raiz de cada fio.

Me adoece falar dessa forma, nosso cabelo natural é a mais bela demonstração de cultura.

Posteriormente, passei apenas um batom vermelho e estava pronta.

Fui prática e rápida como de costume.

Mas não era nada pontual.

Sempre foi o meu defeito.

-Enária! - Ouço alguém chamar meu nome desesperadamente.

Antes que esqueça de uma das principiais coisas desse enredo, irei me apresentar.

Sem rodeios.

Me chamo Enária.

É um nome diferente.

Mas nem queiram saber como os meus pais chegaram à essa conclusão.

Tenho 12 anos e tenho uma vida possivelmente bem. Bem complicada.

Vai ser fácil entender o porquê.

Dei aquela última checada no espelho e fui abrir o portão com a concepção de quem poderia ser.

Fui até lá e me deparei com ela. A Patrícia.

-Pensei que não fosse abrir. -Disse Patrícia séria.

Esse mal humor dela, sempre me fazia sorrir.

-Entra logo, foguinho. -Digo em tom debochado e ela sorriu ao entrar.

A chamava assim porque em nossa adolescência a Patrícia amava manter seus cabelos coloridos com cores vibrantes.

Hoje a Patrícia é uma mulher Cristã, religiosa e com um talento ímpar para o canto.

Ela hesitou, sabia que ninguém podia comigo quando se tratava de chacota.

Patrícia é aquela amiga de infância que sempre soube bem como me compreender e me tratar de uma forma diferente que só eu mesma para entender, de vez em quando se afasta e ao mesmo tempo está por perto, temos uma relação um tanto engraçada e difícil, mas a amizade é sempre a mesma. Durona, mas tento ao máximo compreende-lá, pois a amo apesar de tudo.

Minha infância se baseou nela e só tenho à agradecer por tê-la em minha vida, sempre teve uma imaginação gigantesca, o que nos proporcionou as melhores histórias.

A conheci quando tinha apenas cinco anos, era escolinha nova, desastradas, no primeiro dia de aula, quebramos um filtro.

Um desses filtros antigos que são feitos de barro.

Poucas pessoas irão saber do qual estou falando. Sempre tive a vasta teoria de que eles deixavam a água mais gelada.

Contudo, já da para imaginar o quanto aprontamos juntas e o quanto a amizade é antiga.

Daquele dia então, não deixemos mais de nos falar.

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