Fui pro arsenal e segui as instruções de Clarisse, não foi tão difícil quanto eu tinha pensado.
A tal biblioteca mais parecia um porão abandonado, o teto e o chão eram de madeira, não tinha nenhuma janela e única luz era pela pequena lâmpada pendurada no teto.
A conversa sobre o mundo inferior ainda martelava em minha cabeça.
Eu com certeza gostaria de saber mais sobre isso, procurei por qualquer livro sobre assunto, até que encontrei um super óbvio " O mundo dos mortos" peguei esse mesmo, quando estava saindo trombei com alguém.
- Hey, olha por onde anda!
Me virei em direção da voz e revirei os olhos, a pessoa que eu menos queria encontrar por aqui, na sua mão tinha um escudo de bronze muito polido.
- Annabeth, que incrível te encontrar até aqui, nessa adorável circunstância.
Eu devia ter pedido a noção do tempo, como acontecia as vezes por ter TDH, pois praticamente acabei de ver a loirinha com Percy e Clarisse.
Notei que ela estava toda molhada, como se tivesse pulado em uma piscina.
Seu cenho se franziu, provavelmente tentando identificar meu sarcasmo, seu olhar desceu para o livro que eu segurava.
- O mundo dos mortos?
- É, tentando achar a melhor maneira de acabar com uma loirinha intrometida.
- Não sabia que você era dessas que gostava de ler.
- E o que parece que eu sou então?
- Uma encrenqueira, de quinta categoria.
Olhei feio pra ela, que devia pegar o escudo e ir fazer seja lá o que.
- Vá se danar, garota!
Trombei meu ombro no dela e me sentei perto da janela do arsenal, onde tinha maior claridade.
- Daqui a pouco será o jantar, assim que ouvir o sinal vá para o refeitório. O máximo que você pode ficar com um livro é dois dias, depois terá de devolvê-lo para o mesmo lugar que achou, e não se atrase. Novata.
- Obrigada pela aula princesa, cumprirei todas suas ordens.
Ela me lançou mais um olhar crítico antes de sair pela porta.
Suspirei aliviada e comecei a mergulhar pelas páginas do livro, descobri que só um herói em toda existência dos deuses conseguiu ir para o mundo inferior e voltar vivo, seu nome?
Hércules, o grande e poderoso filho de Zeus. Blah!
Besteira, deveria ter alguma mulher fodona por aí mais forte que ele. Se esse cara fez metade das coisas que contam ele deve ser o maior babaca, é um homem afinal.
Não sei quanto tempo se passou até eu ouvi o tal sinal que Annabeth falou, que parecia o sinal de uma escola mas só que pouco barulhento. Deixei o livro atrás de um escudo, não queria deixá-lo no chalé de Hermes, pois até onde eu conhecia ele também era o Deus dos ladrões.
Chegando lá no refeitório avistei Percy de longe, sentado com metade do traseiro pra fora em um dos bancos de mármore, ele acenou pra mim,andei até ele não antes de ouvir risadinhas atrás de mim, não precisei me virar pra saber que era as idiotas de hoje mais cedo.
Estava pensando em como iria caber naquela confusão, até que ouvi a voz do Sr D, ele estava na mesa 12, com Grover e Quíron que era muito grande para se sentar lá com ele.
Quíron parecia aflito, sua calda de cavalo não parava quieta, e seu olhar estava cravado em mim.
- Um olá para vocês moleques sem noção, e um recado importante para ser dado. Quíron, o que comanda as atividades desse bendito acampamento, me pediu para avisar que o caça bandeiras é nessa sexta feira. Temos dois campistas novos Peter Johnson e...
Quíron murmurou algo em seu ouvido e ele assentiu resmungando.
- Uh! Certo,seja bem vindo Percy Jackson!
Ele pareceu que ia continuar falando algo provavelmente me apresentar, mas Quíron o cortou e falou algo pra ele.
- Aos Deuses!-disse Quíron levantando seu copo.
- Aos Deuses!- todos os campistas imitaram seu gesto.
Eu estava parada em frente a onde o chalé 11 tinha se reunido,no banco em frente a Percy o pessoal tinha reservado um pequeno lugar pra mim. Franzi a testa pra Quíron, porque ele e o Sr.D não me apresentaram como fizeram com Percy? Estava parada que nem uma idiota até que todos os campistas começaram a se levantar e ir despejar as comidas em um tipo de mural, que tinha a estátua dos deuses e um lugar reservado que logo descobri que eram para jogar comida. Percy ia se levantando junto de um garoto loiro com uma cicatriz no rosto.
- Você tem que vim também, garota.- o garoto da cicatriz me dissera.
Mais eu não o fiz, só me sentei no banco e esperei os outros voltarem.
Assim que eles já tinham se sentado de novo Quíron disse:
- Max, venha até aqui.
Me levantei e olhei pra ele, que parecia mais ansioso a cada segundo que se passava, quando fui andando senti o olhar de todos queimando minha nuca, mas indireitei a postura e segui até lá como se tudo estivesse ótimo, imaginei que minha aparência, como dissera as garotas mais cedo, não devia ser a das melhores.
O Sr.D ao seu lado, parecia muito entediado.
- Sim, Quíron?
Ele olhou pra mim cauteloso, colocou as duas mãos em meu ombro e me virou para frente. De repente houve um suspiro coletivo, todo mundo olhava para algo em cima da minha cabeça, chocados, olhei também, nela tinha um símbolo,como se fosse um holograma, e o reconheci de longe, era o mesmo que estava cravado em minha espada, uma estrela com um círculo a sua volta.
- Ave Maxine Mayfield!
Filha de Hécate, Deusa das encruzilhadas e da magia.- disse Quíron em uma voz grave e muito séria.
Em seguida todos se ajoelharam,Percy parecendo um pouco confuso mas o fez mesmo assim.
Rodei meu olhar até parar em uma mesa e me congelar totalmente, ali olhando pra mim como se eu fosse de outra realidade estava Cindy, na mesma mesa que as garotas que mexeram comigo estavam, estas que, antes de se ajoelharem me lançaram um olhar muito ruim.
Todas essas pessoas me olhando desse jeito estava me deixando enjoada e tonta.
E o que diabos a minha irmã estava fazendo aqui?
O Sr. D não estava tão entediado assim, ele estava me olhando de um jeito curioso como se esperasse que eu saísse dando cambalhotas por aí.
Minha cabeça estava rodando com esse tanto de informações, minha mãe era Hécate, a Deusa da magia que era super poderosa e tal, isso não devia ser uma surpresa já que estamos em um mundo onde mitologia grega é real,então porque todo mundo me olhava tão surpreso?
- Pronto! Agora vão vocês idiotas para sua fogueira boba. Boa noite a todos!- disse o Sr D. como se estivesse acostumado a ver moleques com hologramas em suas cabeças todos os dias.
Todos foram saindo, não sem antes de me lançarem um último olhar pra confirmar se aquilo era mesmo real, o holograma já tinha saído da minha cabeça.
Estava pronta pra ir atrás deles e descobrir como minha irmã estava aqui, mas Quíron me disse antes:
- Você não, Max. Venha comigo tenho algo a te mostrar.
Ele foi até os chalés calado, mas tinha muitas perguntas em minha cabeça, pude escutar os gritos animados da "fogueira boba" não muito longe dali.
- O que foi aquilo ?- eu o questionei
- Você foi reclamada, muitos aqui não tem a mesma sorte.
- Reclamada? É aquilo que o holograma quer dizer?
- Não o "holograma" em si, o que ele significa é o que eu quero dizer. A sua mãe a reivindicou, nomeou você em frente a todo o acampamento pra deixar bem claro que você é filha dela. No mesmo dia em que você acordou.
- Isso... Isso quer dizer que as vezes não acontece?
- Muitas vezes não acontece Max. Notou como a mesa do chalé 11 parecia ter mais campistas do que em qualquer outra?
- Notei mas...
- E Hermes além de ser o deus dos ladrões e muitas outras coisas, qual dessas funções é a que se aplica aqui?
Ele me olhou fixamente esperando que eu saiba a reposta. Uma vez professor, sempre professor.
- Deus dos viajantes. Essa é uma das coisas por qual ele é chamado.
Ele acenou com a cabeça parecendo satisfeito. Paramos em frente o chalé 4 o mesmo que eu tinha achado encantador mais cedo.
- Esse é o seu chalé permanente. Coloquei o que eu achei necessário, talvez você possa acrescentar mais coisas se quiser uma outra hora. Coincidentemente já tinha uma cama aí dentro, obra da sua mãe imagino.
Olhei pra ele, que pareceu notar as dúvidas rodando minha cabeça.
- Obra da minha mãe? O que isso quer...
- Amanhã de manhã irei esclarecer suas dúvidas. Depois do café iremos a um lugar para começarmos o seu treino. Não se atrase e tente ficar mais tranquila até lá.
Ele saiu a galope em direção a fogueira, me deixando sozinha de frente para a porta. Suspirei e entrei. O quarto tinha uma decoração de roxo forte, um pequeno guarda roupa, estante,espelho, e uma cama que parecia grande demais pra mim, sem mais nenhuma beliche por perto. Tudo parecia normal exceto pela cama enorme e pelo tom de roxo dava um ar...sobrenatural.
Essa é uma palavra que definiria bem. Na cama tinha um short e uma blusa escrito: ACAMPAMENTO MEIO SANGUE na cor laranja berrante.
No guarda roupa tinha toalhas e outras coisas. Peguei a roupa que estava na cama e fui em direção ao banheiro do chalé. Tomei um banho e lavei meu cabelo, que estava muito sujo por sinal, coloquei a blusa do acampamento e me olhei no espelho, não estava tão ruim. Me deitei na cama e adormeci imediatamente.
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No outro dia assim que acordei, mal conseguia abrir os olhos por causa da claridade que estava saindo da cortina, eu como sou muito idiota esqueci de fecha-las ontem a noite.
De longe, ouvi o mesmo tipo de "buzina" de ontem a noite anunciando o café da manhã, devia ser umas seis e pouca,me obriguei a sair da cama e ir lá pra fora.
Não sem antes jogar muita água no rosto, e tentar espantar minha cara de morta. Fui em direção ao refeitório e pude escutar o que as pessoas murmuravam.
- É ela mesmo?
- Achei que isso não fosse possível.
- Talvez ela só nos atraia coisas ruins.
A última frase eu não entendi muito bem, mas não deixei de ficar um pouco magoada, continuei andando como se não tivesse escutado aquilo. Assim que cheguei Quíron apontou com dedo a mesa quatro, me indicando a sentar lá.
Bem, aquilo faz sentido, de longe avistei Percy com tantas pessoas que mal cabiam nos bancos ele me lançou um sorriso sem mostrar os dentes, sorri de volta indicando que estava bem.
Rodei meu olhar e achei quem eu queria, arqueei uma sobrancelha pra Cindy como se dissesse indiretamente que preciso de respostas.
Como que ela simplesmente estava aqui e porque meu pai nunca me contou nada.
- Agora não.- ela disse sem emitir nenhum som, só movendo os lábios.
Continuei olhando pra ela até servirem pra mim pão, e alguns frios. Tinha um copo também, mas ele estava vazio, olhei ao redor e vi várias conversando com ele tentei também.
- Coca- cola. - sussurrei para o copo e ele se encheu de um líquido preto.
Tomei e concordei, aquilo era mesmo demais, devo ter comido uns dois pães, nem me lembrava a última vez que tinha feito uma refeição, estava morta de fome. Assim que terminei Quíron surgiu ao meu lado dizendo:
- Está na hora, me acompanhe.
Assim subimos até o alto da colina e andamos mais um pouco, chegando até lá eu já estava bem cansada.
- Quíron? - eu perguntei um pouco ofegante por causa da nossa pequena grande caminhada.
- Sim?
- Você poderia me falar um pouco sobre minha....ah...
Me perdi um pouco nas palavras como eu iria chamar uma desconhecida que eu nunca nem vi na vida de mãe?
Quíron pareceu entender e acenou compreensivo.
- Sobre a sua mãe ?
- É.
- Sua mãe é uma dos 4 grandes.
- 4 grandes ?
- Sim ,4 grandes , que controla uma das quatro maiores forças da natureza. Como Zeus que controla os céus, Poseidon os mares, Hades o mundo inferior,e sua mãe, que controla a própria magia que nos envolve, e tudo que há nela.
- Então a névoa...?
- Foi ela mesmo quem criou.
- Uma vez ouvi Grover mencionar que eu seria um problema.
As peças pareciam se juntar em minha cabeça.
- Você disse que teve que tecer a névoa mais forte naquele tempo em que estava em Yancy.
Olhei pra ele, que entendeu onde eu queria chegar.
- Você sabia não é? O tempo todo, que eu era filha dela.
- Eu tinha minhas desconfianças,mas não quis acreditar. Até ter a verdade ser exposta na minha frente.
- Porque é tão inacreditável? Que eu seje filha de Hécate? Isso não era pra ser comum por aqui?
- Isso seria comum Max. Se você não fosse filha de uma deusa que nunca teve filho com nenhum mortal, em toda sua vida imortal.
- Isso significa que eu sou a 1°?
- Sim, mas o fato de os quatro grandes terem feito um pacto a uns anos atrás para não terem filhos, não ajuda.
- Um pacto?
Isso tava ficando cada vez mais absurdo, então o questionei com uma dúvida que nunca tinha se passado pela minha cabeça, até agora.
- Então a história de que Cronos confundiu uma pedra com Zeus...?
- Certo. Deixe me te contar a verdade. Hécate é filha Reia e Cronos, é a irmã que veio logo depois de Hades, Nix ou a noite, como você preferir a chamar, a abençoou com sua magia, essa que já existia dentro dela. Então a bênção só a fez fluir mais rápido, Hécate mesmo dentro da barriga de Cronos conseguia ver tudo o que acontecia. Assim que Zeus nasceu ela resolveu agir de lá mesmo, com sua magia ajudou para que Cronos enxergasse Zeus ali em vez de uma grande pedra.
Tempos depois que 1° guerra dos titãs contra deuses estava vencida, houve um julgamento. Para decidir quais titãs colocavam no poço, puniam ou coisas assim. Zeus resolveu colocar Nix no tártaro.
- O que ? Mas ela ajudou todo mundo a vencer essa guerra.
- De fato- Quíron concordou-Sua mãe assim como você, foi contra essa ideia no início ao fim alegando, que, sem ela estariam todos perdidos.
Eu tive algum conforto em saber que, agora, minha mãe não era tão diferente de mim assim.
- E o que aconteceu depois?
- Houve uma votação é claro. Os deuses eram medrosos nessa época, estavam temerosos por causa do poder absurdo que Nix tinha. Somente sua mãe e Hades foram contra isso, e ela foi colocada no tártaro.
- Isso é injusto -eu murmurei tentando absorver tudo o que foi me dito.
- Muitas coisas não são justas, Max. Agora venha ali mais a frente, tem algo que quero te mostrar.
Ele saiu a galope, a alguns passos dali havia um espaço bem diferente.
Quíron olhou pra mim e disse:
- Está na hora do seu treinamento começar.
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Maxine Mayfield - O ladrão de raios
FantasyMax sempre morou na Califórnia ,mas uma visita na diretoria com seu pai faz a sua vida mudar completamente. Tendo que ir para Nova York ela encontra Percy Jackson, a primeira pessoa que ela vai conversar nessa cidade esquisita, juntos eles enfrent...