EU AMO COMPRAR CAMAS D'ÁGUA

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O cara continuava tentando me convencer a sair do meu lugar pra simplesmente ir até ele e esticar até a morte.Fala sério!
O Qi dos monstros era realmente baixo.
Eu escutava meus amigos gritarem de dor, comecei a engatinhar entre as camas e parei por um segundo. Aproveitei que Crosta estava olhando para o lado oposto que eu estava, levantei minha mão, e uma garrafa de vidro que estava em uma das prateleiras caiu e ele foi rapidamente olhar.
Eu me levantei, sai correndo e me escorei atrás de outra estante Annabeth arregalou os olhos para mim,fiz sinal de silêncio para ela.
- Hey!! Senhor Crosta, talvez agora seje uma boa hora de negociar.
Gritei para ele e ouvi seus passos perto de mim.
- Isso é bom garotinha.- ele deu uma gargalhada enquanto eu dava a volta ao redor da estante- A maioria dos meus clientes são fúteis demais!
Ele parou olhando para os lados.
- Oi. - eu disse
Apareci um pouco mais distante atrás dele, e ele se virou rapidamente, quando ia em minha direção senti a energia dentro de mim.
Estendi minha mão e ele foi jogado em uma das suas camas.
Estralei meus dedos e gritei:
- Ergo! - cordas surgiram pelos seus braços e pernas.
- Espere, espere! - gritou ele desesperado- Talvez eu tenha alguma oferta pra...
Eu tirei meu colar que se transformou em espada, e o furei na barriga.
Crosta parou de fazer ofertas.
Fui até os 3 e cortei as cordas que os prendiam.
- Olha só vocês- eu disse os analisando- Deixaram de ser nanicos, inclusive você,Percy.
- Max, cala a boca - disse Percy.
- Não é hora pra brincadeiras- Grover concordou com a cara pálida.
- Da próxima vez, seje mais rápida.- disse loirinha.
Eu a olhei, um pouco irritada.
- Claro, claro. Da próxima vez, os deixo morrer esticados.
- Não foi isso que eu quis...- ela não terminou sua frase, porque Percy a interrompeu.
- Vamos - ele nos disse.
- Calma ai- disse Grover - Fomos praticamente esticados até a morte!
- Então estão preparados para o Mundo Inferior- disse ele - Fica apenas a uma quadra daqui.
- Maravilha! - resmunguei
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Chegamos a um tipo de salão, tinha muitas pessoas em volta e um cara com uma aparecia irritada no balcão. Agora já devia ser umas meia-noite.
- Certo. - disse Percy se virando para nós - Vocês se lembram do plano.
- Sim,cada detalhe.- afirmei pra ele tentando passar alguma confiança, que eu não tinha.
- O plano- Grover engoliu em seco - Sim. Adoro o plano.
- O que vai acontecer se o plano não funcionar?- perguntou Annabeth
- Sem pensamentos negativos.
- Certo, estamos entrando no Mundo Inferior e não se deve ter pensamentos negativos. - constatou ela.
Eu lhe dei um beliscão no braço.
- Max!
- Geralmente é você quem me da os sermões, mas você já foi mais sensível.- eu disse sussurrando
E apontei pra Percy discretamente, que estava com os ombros caídos e desanimado.
- Certo - ela suspirou e foi pra perto de Percy.
- Desculpe, Percy.- ela colocou uma mão no seu ombro - Você tem razão. Vamos conseguir, vai dar tudo certo.
Ela cutucou Grover.
- Ah, claro. A missão vai ser um sucesso. -disse ele
- E o mais importante, cabeça oca. - ele olhou pra mim enquanto eu falava- Vamos trazer sua mãe de volta.
Ele olhou para gente, e um certo entendimento passou por nós. Percy se virou para frente e disse:
- Vamos chutar alguns traseiros no Mundo Inferior.
Entramos no saguão do M.A.C.
Andamos um pouco e paramos entre outro balcão, mas esse ficava em cima de um degrau. Então tínhamos que olhar para cima pra falar com o cara, que era feio, usava um terno azul e um óculos grande demais para seu rosto.
Eu li o seu crachá lá estava escrito: CARONTE.
Observei que Percy o olhava chocado.
- Seu nome é Quíron?- ele perguntou pro cara.
Eu quis me jogar de um precipício, aposto que começar errando o nome dele ,não dava lá uma boa impressão.
O homem deu uma leve estressada, depois de se apresentar corretamente ele nos perguntou:
- O que vocês querem, pequenos defuntos?
Percy olhou para Annabeth em busca de ajuda.
- Queremos ir para o mundo inferior.- disse ela.
- Bem - disse Caronte- Isso é revigorante.
- Sério? - perguntei
- Sim, nada de gritos e pedidos por misericórdia- Caronte sorriu- Assim que é bom.
Engoli em seco e minhas mãos começaram a suar.
- Então - ele ergueu a sobrancelha pra gente- Como vocês morreram?
Cutuquei Grover.
- Ah. - disse ele- Ahn....afogados....na banheira.
Ele anotou algo em seu papel mas não pareceu satisfeito.
- Poderiam, pequenos defuntinhos me contar exatamente o que aconteceu?- ele sorriu um pouco, ajeitou seu óculos e se inclinou levemente- Normalmente eu não pergunto muito, mas o caso de vocês é um pouco intrigante.
Percy me olhou, pedindo ajuda e eu dei um passo a frente.
- Era uma banheira de hidromassagem, senhor. - eu disse tentando manter firmeza na voz-Estava com alguns fios soltos, na noite anterior ventou bastante e...
- Vocês morreram eletrocutados? - ele constatou escrevendo algo no papel.
- Bom... é.- torci a não uma na outra.
Percy me olhava admirado, e eu não o julgava.
Nem eu sabia que conseguia mentir sobre pressão tão bem assim.
Depois de anotar algo em seu caderno, Caronte nos explicou que precisávamos de dinheiro pra passar, Percy logo apresentou seus dracmas.
E esse foi o seu erro.
- Ora vejam...- ele lambeu os lábios- Dracmas de verdade, não vejo uma dessas a ....
Ele parou de repente, nos olhou e eu achei que ia morrer congelada ali mesmo.
- Mas você não conseguiu ler meu nome, rapaz.- ele olhou para Percy- Me diga, moleque. Você é disléxico?
Percy reuniu toda a sua cara de pau pra soltar a seguinte frase:
- Não, sou um morto.
Assim começou o processo de barganha.
Percy era bom, eu devia confessar.
Ele conseguiu subornar o tal Caronte com muitos dracmas e logo estávamos no barco fantasma.
As roupas de Caronte mudaram, agora ele estava com um manto preto e seu óculos não estava mais ali. Dando lugar ao seus olhos pretos como o abismo, lotados de trevas e desespero.
- O que foi? - ele me perguntou
- Nada. - desviei o olhar e percebi que estava o encarando por tempo demais.
O rio era preto como petróleo, tinha diplomas, bonecas velhas e outras coisas nojentas boiando.
- O Rio Styx- murmurou Annabeth - É tão...
- Poluído? - disse Caronte- Há milhares de anos vocês humanos, vem jogando seus sonhos por aqui.
- Como assim jogando seus sonhos?- eu perguntei, franzindo a testa.
- Olhe para a água- ele apontou para uma boneca e para um diploma- Eu poderia apenas supor que o sonho de algum jovem era se formar. O de uma criança, provavelmente era ganhar aquela boneca. Mas suas vidas foram interrompidas e seus sonhos tem que ir para algum lugar, não é?
- É só isso? - eu o perguntei um pouco abismada
As pessoas tinham sonhos, o tempo todo. Algumas delas dedicavam suas vidas para os realizarem. E isso pra eles simplesmente serem jogados a um rio velho, e esquecidos por toda a eternidade?
- O que você esperava, garota? Que quando morresse todos seus sonhos virassem realidade? - ele gargalhou como se fosse uma ótima piada- Precisa acordar, pois anda sonhando demais!
Desviei meu olhar do dele, preferindo não ter perguntado nada.
Senti alguém me cutucando e olhei para o lado.
- Você está bem? - Annabeth me perguntou
Eu só acenei com a cabeça em reposta.
Ela me lançou um pequeno sorriso compreensivo, e pegou na minha mão a apertando. Eu a segurei de volta lhe agradecendo com o olhar,e voltei a encarar o rio.
Ali, mesmo com Annabeth segurando a minha mão não pude deixar de pensar quais sonhos seriam jogados naquele rio,caso eu morresse.
Logo desembarcamos, ouvindo os uivos do grande cachorro de Hades.
Cérbero, imagino. Enquanto andávamos percebi que ali se parecia com aeroporto de verdade, não sei bem o que esperava. Mais com certeza, não era aquilo ali.
Agora os latidos de cachorro estavam mais altos, podendo sentir o tremor em baixo do meus pés.
A 15 metros a frente, antes de se separar em três caminhos estava o maior cão que eu já tinha visto, tinha três cabeças e era completamente assustador.
- É um rottweiler- Percy disse, chocado.
Olhei pra ele, sem acreditar no que dizia.
- Sério? É nisso que você pensa agora?
- Eu sempre achei que ele fosse um mastim preto.- ele se justificou
- Isso não importa.- grunhi pra ele
- Estou começando a vê-lo melhor- Percy disse- Por que?
- Eu acho...- engoli em seco - Que é porque estamos perto de serem mortos.
- Mas vai dar tudo certo.- disse Percy- Porque temos um plano.
- Certo.- nunca ouvi a voz da loirinha tão baixa- Um plano.
Chegamos perto do cachorro, Percy pegou um pedaço de madeira e tentou chamar sua atenção.
O que deu errado, o pedaço de madeira caiu na água e o Cérbero olhou pra Percy, parecendo faminto.
- Você consegue entender ele ? - perguntei pra Grover
-Ah, sim. Consigo.
- E o que ele está falando?
Ele balançou um pouco a cabeça, cético.
- Não acho que os humanos falem um palavrão tão grande assim.
- Espere.- disse e Annabeth e começou a revirar sua mochila.
Ela tirou uma bola vermelha do parque aquático da sua mochila e apontou para o Cérbero.
- Está vendo a bola? Você quer a bola, Cérbero? Senta!
Observei ela chocada, enquanto a loirinha brincava de jogar a boca com o cachorro gigante.
- Bom menino.- disse ela, ignorando a baba de monstro.
- Vão!- disse pra gente- A fila da MORTE EXPRESSA... essa anda mais rápido.
Comecei a andar na frente, mas Percy não estava me seguindo.
- Mas...- tentou dizer
- Vemm-sai puxando ele e Grover pela mão
Annabeth, por fim jogou a bola para o cachorro e veio até nós, parecendo triste.
- Como fez aquilo? - perguntou Percy, admirado.
- Aula de adestramento.- respondeu ela- Meu pai tinha um cachorro e...
- Esqueça isso- disse Grover- E vamos logo.
Logo ouviu- se um choro logo atrás. O Cérbero estava ali querendo brincar mais com Annabeth.
- Bom menino- disse ela - Eu vou tentar trazer outra pra você. - prometeu ela insegura e se virou para a gente- Vamos.
Logo quando passamos pelo detector de metal eu ouvi uma voz falando:
" Pertences não autorizados" " Mágica detectada!"
O cachorro latiu e  guardas vieram por todo lado.
Logo, estávamos sem fôlego escondidos atrás de um tronco de árvore apodrecido.
Grover murmurou:
- Bom, Percy. O que aprendemos hoje ?
- Que cachorros de três cabeças preferem bolas vermelhas, do que pedaços de pau?
- Não, descobrimos que seus planos são mesmo muito ruins.
Percy e Annabeth executaram a mesma ideia, mas ela tinha mais experiência.
Conclui que até cachorros que vivem no Mundo dos Mortos precisam de atenção.
Seguimos andando na fila gigante, tão grande,que parecia que estávamos em um show.
Passamos pelo campo de punição e os mortos não pareciam assustadores, só tristes. Como se estivessem aceitado seu destino,e não quisessem mais existir.
De longe vi um lugar minúsculo, era verde e tinha muita grama em volta, o cheiro de picolé de morango se enchia pelo ar.
- É isso mesmo - disse Annabeth como se pudesse ler minhas perguntas - Esse é o lugar para heróis.
Reparei em como ali tinha pouca gente, era triste saber que poucas pessoas se davam bem após a morte.
- É tarde demais para voltar atrás- disse Grover
- Vai dar tudo certo. - Percy tentou parecer confiante
- Talvez deveremos parar ali no elísio, só pra garantir.
- Venha, menino bode. - loirinha o agarrou pelo braço e o puxou
Percebi em como ele parecia estar resistindo a isso.
- Grover! - exclamei, sem paciência- Pare de nos atrasar!!
- Mais eu não estou... - ele ia dizendo e seus tênis pegaram impulso, indo para o ar sem ele gritar " Maia".
- Maia! - ele gritou apavorado, mas não surtiu efeito- Maia!! Um, nove, zero. Socorro!!
Eu, a loirinha e Percy começamos a correr atrás dele.
- Desamarre o tênis!- Annabeth gritou
Foi uma ideia boa,isso se ele conseguisse alcançar o tênis.
O que não aconteceu.
Achei que ele iria entrar direto no portão de Hades, mais ele de repente virou na direção oposta.
- O que tem do outro lado?!- gritei para Annabeth enquanto corriamos.
- Eu não sei!! - ela gritou de volta, parecendo furiosa por não saber
Entramos em um túnel escuro com Grover gritando acima de nós.
- Grover, se agarre em alguma coisa!- Percy gritou para ele
Ele tentou, mas nada parecia parar os tênis voadores.
Suas mãos já estavam todas rasgadas e saindo um pouco de sangue pelo seu esforço.
Quanto mais entrávamos no poço, os pelos dos meus braços estavam se arrepiando, e o cheio estava intragável.
No meio tinha um abismo, se parecendo com um quarteirão de uma cidade, com as cores vermelho e laranja se destacando. Grover estava indo direto para ela.
Me forcei a continuar correndo mas vi Percy parar, eu e Annabeth voltamos para trás depressa e o puxamos pelo pulso.
-Aquilo é... - disse ele, enjoado.
- Percy! Vamos logo, ou Grover vai cair lá dentro!! - eu gritei para ele e continuamos indo.
Grover se algum modo conseguiu diminuir sua velocidade e o puxamos para nosso lado.
Tinha uma pequena pedra no caminho, essa que Annabeth acabou não vendo e ela foi tropeçando pra beira do abismo.
Consegui fazer Grover cair no chão.
Mas enquanto eu ia em direção ao chão, estiquei minhas mãos e consegui puxar ela pra mim, com meus poderes.
Foi por tão pouco, que por um momento achei que ela realmente fosse cair.
Seu corpo foi ao chão, com um baque surdo. Seus olhos estavam assustados, suas pupilas dilatadas de medo.
- Foi por tão pouco, que...- ela dizia e eu vi suas mãos tremendo um pouco.
Do lado, ouvi Percy acalmando Grover.
- Tá tudo bem,loira. - eu coloquei minha mão em cima da sua, pra fazer elas pararem de tremer.
- Estou aqui.- lhe dei um pequeno abraço
- Obrigado. - disse ela, em meio aquele breu
Tive um sentimento ruim, um tipo de premonição maluca.
Como se alguém tivesse asoprado um vento frio na minha nuca.
Talvez, na próxima vez não tivéssemos tanta sorte assim.
E não desse para salvar ninguém desse " abismo".

Maxine Mayfield - O ladrão de raios Onde histórias criam vida. Descubra agora