MEU SONHO... É SO UM SONHO

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Quando eu abri meus olhos de novo, demorei para perceber onde estava. Tinha muita claridade e vozes de pessoas que eu conhecia muito bem.
- Mãe - Anthony pediu- Me passa o sal?
- Qual a palavra mágica?
- Por favor!- disse ele impaciente e logo Mary assentiu com a cabeça, satisfeita.
O que???? Como eu estava lá agora, se eu tinha acabado de ver eles serem...
Senti um aperto na garganta e toquei meu corpo, tudo estava bem. E minha família estavam soltando risadas, como se nada estivesse acontecido.
Eu só tinha percebido que tinha vagado pelos meus pensamentos quando me assustei com Cindy falando.
- ... uma tarde só de irmãos, o que vocês acham?- Cindy perguntou pra mim e para o Anthony.
- Eu topo!- ele sorriu ainda de boca cheia- O que acha, Max?
Olhei pra ele, forcei um sorriso e disse que seria ótimo.
De longe vi o cara com o saco na cabeça vindo em nossa direção, quis sair da mesa. Mas eu acabei caindo no chão, me levantei depressa e reparei que todo mundo me encarava.
- Max, querida o que acont...
Mary não teve tempo de terminar de falar porque sua cabeça foi arrancada do seu corpo. De novo.
Eu gritei sentindo nojo daquela cena e corri, quando vi que acabei no bosque novamente.
" Esse sonho, é só um sonho."
Uma voz sussurrou para mim como se estivesse bem ao meu lado.
Meu coração disparou e eu olhei para os lados.
- O que...- me obriguei a continuar falando- O que quer dizer?
" Você precisa ajudar seus amigos, Maxine."
- Aconteceu algo com eles??- sem perceber, meus olhos se encheram d'água - Por favor, me ajude. Eu não sei o que aquele cara quer. Por favor...
" Esse sonho, é só um sonho"
Essa foi a última coisa que eu ouvi, antes do cara com o saco na cabeça vir em minha direção e tudo ficar preto novamente.
Eu abri os olhos, todos conversavam animados, e eu me concentrei, aquilo não era real.
Nada era.
- Mãe - Anthony pediu- Me passa o sal?
Eu me levantei abruptamente da mesa e todos me olharam.
- Max? - Cindy me perguntou- A onde vai?
Eu tinha que arrumar um jeito de sair, e comecei a me lembrar de como cheguei ali.
A missão, os relógios, tudo estava conectado. E eu iria atrás dos meus amigos.
- Só dar uma volta, depois eu volto.- eu disse pra ela.
Comecei a correr em direção ao bosque novamente.
Eu levantei minhas mãos, sem saber muito no que fazer e disse em quase um sussurro:
- Por favor, me leve aos meus amigos.
E nada aconteceu, de longe ouviu-se muitos gritos.
Então eu me lembrei da minha mãe.
E o que ela disse naquele sonho, era algo sobre não dormir. De algum modo passar o tempo naquele lugar estava mechendo com minha cabeça, então eu levantei minhas mãos sem saber o que fazer.
Mas com um objetivo: Ajudar meus amigos.
Não sabia como, mas iria.
A energia pulsou dentro de mim como se estivesse pronta para sair.
Me virei pra trás por causa do barulho e o cara estava vindo novamente, continuei me concentrando o que pareceu uma eternidade.
Bem na minha frente o ar começou a tremular como uma miragem, e uma porta vermelha apareceu na minha frente.
Eu consegui entrar rapidamente antes que o cara me acertasse.
Assim que consegui respirar aliviada, Grover estava ajoelhado, lágrimas desciam pelo seu rosto e ao redor,uma floresta se transformava em cinzas.
- Eu não consegui impedi-los, me desculpe senhor.- ele suplicava olhando para cima - Os humanos queimaram tudo!
Me aproximei dele e o segurei pelos ombros o fazendo olhar em meu olhos.
- Grover!! Você tem que acordar, cara.
- Max?Eu... Não posso,falhei de novo e não o impedi. Eles colocaram fogo em tudo e ...
- Grover. - eu respirei fundo e me concentrei nas minhas palavras - Você tem que acordar. Não é real.
Algo pareceu mudar nele e uma outra porta apareceu, essa que logo eu passei por ela.
Percy estava em pé com uma expressão apavorada e na sua frente tinha o corpo de alguém.
Era o corpo da Tia Sally, tinha sangue por todo lado.
- Percy. Hey amigo, eu estou aqui.
Ele me olhou,e seus olhos estavam inundados por lágrimas.
Ele me deu o abraço mais apertado do mundo.
- Ela se foi... Max.- soluçava ele - E eu não pude fazer nada.
- Percy. Hey, calma. - eu o chamei e olhei nos seus olhos- Ela está viva, ok? E nos vamos encontra-la de novo.Você acredita em mim?
Ele se afastou de mim, para limpar as lágrimas, e assim como ocorreu com Grover, seus olhos pareceram clarear.
- Eu...- ele fungou- Eu acredito.
Eu estava usando a minha voz e magia para acorda-los desse pesadelo, e eu esperava de verdade que fosse o suficiente.
A última porta não tardou de aparecer.
Logo passei por ela e encontrei Annabeth... e Luke, que apontava uma arma para ela.
- Luke!! Sou eu, por favor não atire...
- Você esteve no meu caminho por tempo demais.
Antes dele apertar o gatilho eu peguei uma pedra e fui por trás, antes dele atirar eu bati a pedra em sua cabeça e ele desmaiou no chão.
- Max!! - ela correu na minha direção- O que faz aqui? O que está acontecendo?
Eu só fiz com ela, a mesma coisa eu fiz com Percy e Grover.
A segurei pelos ombros e disse:
- Você está sonhando loirinha, e tem que acordar.
Mas daquela vez, não pareceu funcionar.
- Do que você está falando?- sua cara se fechou em uma carranca irritada- Estava tudo sobre controle, sabe? Não precisava ter acertado ele.
- Annabeth - eu falei devagar, tentando me acalmar- Quantas vezes você já apagou e viu isso aqui acontecer, hein?
Ela me olhou assustada e perguntou:
- Como você... - ela balançou a cabeça confusa- Só me fala Max, eu preciso saber o que está acontecendo e o por que estou presa aqui.
- É o que eu estou tentando te dizer. Isso não é real, é esse lugar que esta brincando com sua mente.
Dei uma olhada em volta que estava cheio de prédios,mas nenhum carro a sua volta.
Annabeth olhou no fundo dos meus olhos,buscando por alguma coisa.
- Isso aqui não parece mentira- ela insistiu.
Eu estava a ponto de gritar de como ela era uma tonta,quando algo na sua roupa me chamou atenção.
Ela estava toda suja... De sangue.
3 tiros estavam todos marcados ali, todos na barriga.
Annabeth olhou pra baixo também e depois pra mim parecendo apavorada.
- Mas que merda é...
Não deixei ela terminar a frase, concentrei toda a minha energia nela e a puxei pelo braço. Se quisesse poderia contar quantos raios eu vejo dentro dos seus olhos.
Quando estávamos perto, eu sussurrei pra ela :
-Esse sonho, é só um sonho.
Tudo escureceu e eu tive a impressão de estar caindo, até que ouviu-se um baque e eu abri os olhos.
- Aii... minha cabeça
- Mas o que...
- Não tem fogo!
Eu ouvi esses resmungos e olhei para o lado, todos eles tinham acordado agora.
Notei que os relógios giravam com mais brutalidade, como se estivessem com raiva de termos acordado.
Percy foi o primeiro a me ver.
- Max!! - ele pulou da cama pra me dar um abraço- Você está bem!
- Bem é uma palavra muito forte. - eu olhei para os outros, que me encaravam agora- E fico feliz de ver que vocês acordaram, dorminhocos.
Annabeth e Grover se encararam e logo nós 4 estávamos montados em um gigante abraço.
- Pessoal- sussurrei- Eu ainda tenho que respirar sabe...
- Foi mal - Grover fungou.
- Você nos salvou- Percy disse-Obrigado.
- Max, eu...- Annabeth iria falar, mas eu a parei.
- Temos de dar o fora. Ainda temos que completar a missão, certo?
Eles concordaram, antes de ir para fora do quarto Annabeth me puxou.
- Você salvou a gente, e eu fui muito idiota.- ela confessou baixinho.
- Foi mesmo.- concordei e ela me dei um soquinho no ombro.
- Aii!
- Você é idiota. Mas uma idiota persistente- ela se corrigiu.
- Eu não sei se isso é um elogio ou não.- disse eu pra ela.
- Depende do ponto de vista - deu ombros
Continuamos andando,com eu e Annabeth atrás e Grover e Percy na frente.
Annabeth cutucou meu braço e eu olhei pra ela.
- Sim?
- Ah, como você nos salvou. Você viu...
- Vi - concordei- De todo mundo.
Ela coçou a nuca, e parecia envergonhada.
- Minha boca é um túmulo, loirinha. Não vou contar, prometo.- a segurei pela mão e a puxei- Agora vem logo.
Corremos pelo salão de jogos lá embaixo, e antes de chegarmos um cara nos parou.
- Vieram pegar mais cartões, crianças?
- Estamos indo embora- disse Percy
E passou correndo em direção ao portão, pude ouviu o cara sussurrar um " Que pena".
Assim que saímos do lado de fora o clima havia mudado, antes estava um calor do inferno.
Agora estava nublado com raios cortando o céu.
Percy e Annabeth discutiam por alguma coisa, mais algo me chamou atenção.
Fui até o lixo e peguei o jornal, mas franzi a testa quando li a data.
- Pessoal- eu chamei me aproximando.
- Vocês que disse que seria ótimo entrar!- disse Annabeth para Percy.
- Galera, sem briga.- Grover tentava os parar e parecia cansado.
- Engraçado, Annabeth. Quando estávamos lá dentro não vi você dizer que aquilo era uma ideia ruim. - disse Percy
- Ah é??
- É
- Então porque você não vai tomar no...
- Pessoal!! - gritei pra eles
Eles calaram a boca e eu respirei aliviada.
- Meu deus!!- os olhei um pouco sem paciência- Olha prestem atenção, que dia era quando entramos aqui?
- O que? - Percy franziu a testa.
- 15 de junho, Max. Por que? - disse Grover
- Venham ver - eu mostrei o jornal pra eles.
- 20 de junho. - disse Annabeth, arregalando os olhos- Isso é impossível.
- É esse lugar -disse eu encarando o Hotel- O tempo aqui passa diferente, por isso os relógios eu suponho.
- Relógios que só você viu.- Annabeth me lembrou.
- Infelizmente. - eu suspirei cansada
- Mas pareceu só umas 4 horas - disse Percy balançando a cabeça.
- É, mais foi cinco dias. - Grover disse, e parecia tão chocado quanto ele.
- Isso é muita merda! - Percy constatou o óbvio encarando o jornal.
Aparentemente deu um pico de energia em Annabeth, ela nos botou dentro do táxi, e pagou com o cartão do Lótus casino, que deve valer muito pois o motorista até mudou seu jeito de falar depois que o viu.
Percy estava nos contando sobre seu sonho durante a viagem.
- O silencioso?- disse a loirinha- O rico? Ambos são apelidos de Hades.
- Talvez...- disse Percy, mas não pareceu acreditar.
- Eu não sei, Percy. Não acho que seje um deus, pelo modo que você disse.- disse eu
Annabeth me encarou, curiosa.
- Como pode ter certeza?- perguntou ela
- Exatamente, eu não tenho. Mas temos que aprender a desconfiar, que nem tudo é o que parece ser. - eu balançei as mãos, tentando provar meu argumento- Os monstros são a prova viva disso.
- Nisso, eu concordo bastante- disse Percy.
- Mas a sala do trono se parece com a de Hades - disse Grover dando ombros- Pelo menos é assim que costumam descreve-la.
- Mas simplesmente não parecia a voz de um deus, não pra mim.
Annabeth arregalou os olhos.
- A não ser que...
- O que?? - eu perguntei
Ela só balançou a cabeça.
- Tem que ser um deus, porque se for o que eu estou pensando... Não.
- concluiu ela- Tem que ser Hades.
A loirinha não disse mais nada, o que pareceu deixar tudo mais tenso.
Ao por do sol o táxi nos deixou na praia de Santa Mônica. Se parecia com aquilo que se via em filmes, a vista do mar era boa mais de resto, era horrível.
Nós caminhamos até a beira.
- E agora? - perguntei
Percy foi andando em direção a água.
- Ah,não.- franzi a testa- Ele não vai fazer o que eu estou pensando.
- Hey! - loirinha gritou- Você não vai entrar aí, ne? Tem ideia do quanto de coisas tóxicas...
- Ele disse pra gente que alguém o mandou vir aqui, se lembram?- Grover perguntou
Concordei com a cabeça.
- Ele deve bater um papo lá em baixo.- disse Grover e simplesmente se abaixou no chão pra pegar uma lata e comer.
Percy entrou no mar e eu me perguntei o quanto de lixo havia ali,e o quão sujo deve ser.
Annabeth viu que Percy não ligou para o que ela havia dito e me perguntou:
- O que fazemos?
Olhei para o mar, Percy devia levar alguns minutos pra voltar.
- Esperamos.- disse eu me sentando na areia- Tudo no tempo dele, graças a deus.
- Deuses - Annabeth me corrigiu antes de se juntar a mim.
Olhei pra Grover que estava a uns passos atrás, com algumas latas na mão e soltei uma pequena risada.
Percy saiu da água e suas roupas estavam completamente secas. Ele nos explicou o que ocorreu lá em baixo.
Annabeth fez uma careta.
- Todo presente tem um preço.
- Mas esses foram de graça.
- Não existe almoço grátis- disse ela enigmática, e foi na frente.
- O que ela quis dizer?- perguntou Percy pra mim.
- Que provavelmente algum de ruim vai acontecer com você,para equilibrar as coisas.
Percy pareceu desanimado e seguimos pegando um ônibus.
O motorista reconheceu Percy, mas ele conseguiu contornar a situação.
Quando tinha várias televisões em frente a loja paramos pra ver uma mulher, que estava falando coisas horríveis sobre nós.
Sobre Percy, especialmente.
Fiz sinal para Annabeth e Grover e tiramos Percy dali. Antes que ele quebre o vidro com a sua mão, ou algo assim.
Continuamos andando, meus pés já estavam doendo e assim foi anoitecendo.
Quando estávamos passando por um beco escuro alguém disse:
- Hey, você!
Não quis parar, mas Percy o fez.
E como ele estava na minha frente, acabei tropeçando.
- Mas que merda! - exclamei alto, vendo ele tirar a sua espada.
Tinham 6 moleques, todos com roupas caras e rosto de idiota.
O garoto veio com uma faca, Percy transferiu um golpe e o menino o olhou assustado.
Antes que o choque dele se transformasse em raiva eu gritei para os outros:
- Corram!!
Dobramos a esquina em uma curva fechada.
- Ali! - Annabeth apontou para uma loja escrito em cores Neon : Palácio das camas d'água do Crosta.
Não era o meu tipo de lugar favorito, mas entramos e nos escondemos atrás de uma das camas d'água.
- Acho que os despistamos. - Grover disse.
- Despistaram quem?- um cara atrás de nós disse.
Ele era alto, musculoso e bem feio.
- Eu sou o Crosta.- disse ele, e eu me segurei pra não dizer que estava na cara.
Como um bom vendedor,ele estava apresentando as camas para nós.
Grover pulou em uma delas, animado.
O olhei, meio desconfiada.
- Grover eu não acho uma boa ideia...
- A qual é? Isso é legal.
Crosta pediu para que Annabeth sentasse em uma das camas, mas ela não quis fazer isso.
O cara de algum modo puxou Percy pelo braço, o jogou em cima de uma das camas, Annabeth em cima da outra e estralou seus dedos dizendo:
- Ergo!
Cordas se prenderam em suas pernas e braços.
Fui andando mais pra dentro da loja, me escondi atrás do seu balcão, e vi pelo canto do olho ele olhando para os lados dizendo:
- Vamos lá garotinha!! Eu sei que você está aqui, e que adoraria comprar algumas camas d'água! Por que não sai daí para batermos um belo papo?
Me escorei um pouco no balcão abaixada e não pude deixar de pensar.
Por que isso só acontece com a gente?



Maxine Mayfield - O ladrão de raios Onde histórias criam vida. Descubra agora