PERCY JACKSON

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Chegamos em Manhattan na sexta feira, não culpe a mim como todo mundo faz, a idiota da minha irmã já devia ter se recuperado do seu namorado temporário, pois em cada parada que tinha, ela tinha que pegar 10 coisas diferentes e meu pai fazia questão de dar tudo.
Tirando isso foi ótimo,eu tinha uma paixão por tirar fotos,levei minha câmera que ganhei do Anthony no meu aniversário de 11 anos.
Paramos pra comer e a Cindy tinha pegado um salgado, talvez tenha se resfriado um pouco, de tanto chorar,quando foi colocar Ketchup espirrou, e voou pra todo lado.
Ela ficou olhando estranho pra mim e pro meu irmão, por horas, nós não conseguiamos parar de rir, por sorte eu estava com a câmera na hora e tirei uma foto (Cindy nunca vai saber da sua existência) hilária dela.
Logo que chegamos Anthony não perdeu sua chance.
-O maior quarto é meu, OTÁRIAS!!
E saiu correndo escada acima.
-ANTHONY! Nem pense nisso, eu preciso de mais espaço pra guardar minhas coisas. - disse Cindy
-Coisas ou bugigangas?Se você contar todo esse lixo da viagem que comprou como algo, boa sorte!
Os dois saíram se embolando no meio da escada pra ver qual quarto era maior.
-Crianças cuidado pra não machucar, tem quarto pra todo mundo.
Mary berrou pra eles,que não parecem ter escutado.
Entrei na casa que era muito luxuosa não podia negar ,já tava equipada com os móveis que chegaram na quinta,eu subi as escadas e me deparei com um quarto isolado no fim do corredor,passei pela porta da frente que parecia a do banheiro e fui pra esse cômodo.
Ele não era o maior quarto, os 2 otarios já tinham vindo aqui, a porta estava totalmente aberta, tinha uma janela enorme, do seu lado a cama e do lado da porta uma estante que daria pra colocar todas minhas roupas ali junto com as da Cindy, sem falar no guarda roupa que era enorme também.
Me senti minúscula, e um pouco abafada também,coloquei minhas malas no chão, abri a janela e a pulei, o quintal era enorme, fui mais pra trás e meu queixo caiu.
Ali tava a a maior piscina que eu já tinha visto,aqui não tava tão ruim até agora.
Me sentei na borda e coloquei meus pés lá,olhei as poucas árvores ao meu redor balançando devagar a natureza sempre me acalmou e era como uma terapia, respirei tranquila coisa que a muito tempo não fazia.
A noite chegou estávamos todos na sala de jantar comendo uma pizza,meu pai estava nos atualizando sobre algumas coisas,aparentemente Cindy iria ganhar um carro, que junto vinha a sua obrigação de levar eu e Anthony para escola.
Ela deu grito tão estridente que achei que meus ouvidos fossem sangrar,quase a mandei tomar naquele lugar,por sorte Mary falou algo antes:
-Agora vamos falar sobre onde vocês irão estudar . Querido pode falar.
Ela sempre gostava que meu pai desse as notícias mais esperadas pra conseguir nos acalmar depois,sempre percebi essa tática dela, achei engraçado,como se a gente fosse um a torcida de um time de futebol e tivéssemos que maneirar na agitação.
- Cindy e Anthony vão para uma escola particular com horários normais. Já você Max vai pra Academia Yancy, uma internato que também é uma escola de 1°grau para crianças problemáticas.
- Que legal.Max , você vai pra um lugar onde existem vários moleques catarrentos que nem você!
Cindy me provocou mais eu nem tive ânimo pra responder, o sorriso em meu rosto morreu na hora, meu coração acelerou, isso só podia ser uma brincadeira não é?
Aquelas bem de mal gosto, talvez eles esqueceram que hoje é dia 10 de janeiro e não 1 de abril.
-Como?
Perguntei um pouco chocada .
- Isso é uma brincadeira de mal gosto, certo?
Anthony resumiu no que eu estava pensando agora, se não fosse pelo momento diria pra ele que a gente tem mentes conectadas.
O rosto de Mary estava sério,o que era raro quando falou:
- Eu e seu pai conversamos Max,você não vai ficar na mesma escola com seus irmãos até 2° ordem.
- Por que? Justo eu? Quero ficar com o Anthony como sempre foi, nós nunca estudamos em uma escola diferente da outra Mary,por favor!
Eu tava querendo chorar como uma garotinha, eu tava gostando daqui parecia legal,tirando o cheiro de esgoto as vezes.
Não me permiti descer nenhuma lágrima,isso não estava certo,essa era a punição adequada pra eles?
-Max, eu não vou voltar atrás, você aprontou poucas e boas por todos aqueles anos com a diretora Olívia,já tinha implorado pra ela não te tirar lá,talvez se você não fosse tão respondona ainda houvesse um jeito.
- Tão respondona?!?
Repeti indignada. Sem perceber eu já tinha me levantado.
- É garota, eu disse lá atrás que iríamos conversar sobre isso, então eu e Mary decidimos que seria melhor assim,você precisa tomar juízo, não pode fazer o que quer na hora que quer. Ações tem consequências, essas que agora acabaram de chegar e você ter que arcar com elas por bem, ou por mal.
- Me separar deles não é um maldito castigo pai! Porque isso agora? Pra tomar essa decisão idiota agora?
Sentia minha garganta doer e percebi que tinha elevado meu tom de voz.
- Por favor vocês dois, agora não é hora de brigar, Max querida, se acalme.
Mary sempre tentando acalmar os nervos,coisas que nem sempre davam certo,tipo agora, o meu prato com a pizza intocado,Anthony olhando pro papai como se sentisse traído, e Cindy calada prestando atenção fielmente,ela devia estar adorando isso,eu me ferrando era seu passatempo favorito.
- Você devia voltar pro seu mundo de negócios pai! Pelo menos quando você tava lá era mais fácil fingir que você não existia!!
Berrei pra ele e subi as escadas correndo,pude ouvir uma frase antes de fechar a porta do quarto com força.
-MAX!! Volta aqui garota,olha o modo como fala com seu pai!! Eu mereço respeito!
Deitei na cama e olhei pro teto, queria gritar o quanto eu não gostava daquela situação,talvez eu fosse mesmo uma piralha mimada como dissera Cindy.
Talvez eu merecesse o castigo, mas não tava nem aí ,se ele queria que eu aprendesse uma lição eu iria fazer isso do melhor jeito possível, estilo MADMAX.
Mais tarde naquela noite eu ouvi uma batida na porta do meu quarto,era Anthony com um prato de plástico com 2 pedaços de pizza em uma mão e na outra um copo de coca-cola.
- Oi.
-Oi.
-Posso entrar?
Sorri pra ele,é sempre bom tê-lo por perto,as vezes eu acho que ele é o melhor ponto dessa família,sem ele eu já teria mandado todo mundo a merda.
-Vem,acho que você já conhece aqui certo?
Ele deu um sorrisinho.
- Bom,esse foi o primeiro quarto que eu entrei.
- Por que não quis ficar aqui?
Ele fez uma careta e apontou pra janela.
-Muito aberto.
Ele pareceu se lembrar de algo e estendeu o prato e o copo.
-Trouxe pra você, vi que não conseguiu comer depois de....Ah, bom, depois do que rolou.
-Obrigado,alguém falou algo mais depois que eu saí?
- Não, só a Cindy sendo estúpida dizendo que essa foi a melhor decisão que eles já tomaram, pegou seu pedaço de pizza e saiu falando algo que só ela entende.
-Nada de novo então.
- É, vai ser difícil sem você lá Max, de verdade.
- Você consegue cara, talvez eu invada sua escola de skate só pra te roubar um pouquinho o que acha ?
Seus olhos piscaram sonolentos pra mim antes dele bocechar e dizer:
- Isso não seria uma má ideia.
- Você tem que ir agora, tá tarde e você tá cansado, depois a gente conversa.
- Até mais Max.
Ele já estava no corredor quando o chamei.
-Hey Anthony!
Ele se virou confuso.
- Dorme com os anjos e sonha comigo.
Falei o mandando um beijo, ele o pegou no ar, colocou no seu coração e voltou a andar sorrido como um bobão.
Na manhã seguinte fui acordada com um travesseiro no rosto.
- Piralha acorda!!
Olhei pra porta ainda meio grogue,Cindy tava parada me olhando com raiva,(nada novo até aí) aparentemente ela que tinha jogado o travesseiro e tava pegando outro.
- Vou inaugurar meu carro hoje, papai quer que eu leve você e Anthony pra sair, fique pronta em 20 minutos e desça logo. OUVIU??
Ela gritou essa última parte jogando mais um travesseiro em mim com força.
- Já vou!! Que inferno dessa casa!!Não tenho um pingo de paz.
Me arrastei pra fora da cama resmungando.
Desci correndo e ela já tava na porta me encarando, passei por ela e entrei na frente do seu carro.
O passeio pela cidade, ignorando a presença dela estava estava tudo ótimo,passamos por uma loja e eu olhei bem lá pra dentro e arragalei os olhos, aquilo era uma máquina de Dig Dug??
Senti ela desacelerar como se tivesse percebido isso também, ao lado tinha várias lojas de roupas, devia ser por isso.
-Vai parar aqui perto?
Perguntei olhando pra loja como se  fosse desaparecer a qualquer momento.
Ela olhou pra mim provavelmente achando engraçado,depois sua expressão endureceu de novo , como se tivesse lembrado que tinha que me odiar, meio doideira eu sei, meu cérebro de TDAH as vezes me fazia pensar em bobagens.
-Vou comprar umas roupas, fique perto e me encontra em frente a loja de Dig Dug.
- Vocês não estão vendo??
Anthony exclama atrás apontando pro lado do Dig Dug, quando eu vi quase não acreditei, tinha um prédio enorme,feito uma prisão escrito bem grande em caixa alta "Academia Yancy" ,minha escola/prisão tinha um uma das coisa que eu mais gostava ao lado?
Bom demais pra ser verdade.
Cindy olhava pra onde ele apontou com a testa franzida, talvez não tinha conseguido ler, ela era tão chata que esquecia que tinha dislexia.
- Muita coincidência não é ?
Perguntei com um pouco mais de humor que acordei.
Minha irmã pediu que a gente saísse logo do SEU carro, forçou meu irmão a ir com ela e eu fui direto ao meu jogo.
Cheguei lá tinha algumas pessoas da minha idade,esperei chegar minha vez e olhei quem era o primeiro,só tava escrito PJ sua pontuação era de 650.990, muito boa confesso olhei ao redor,ninguém tava se gabando pra que ficasse óbvio, nada, todo mundo normal, resolvi deixar pra lá.
Joguei com um sorriso nos lábios,aquilo era diversão de verdade, poderia até esquecer de quase todos os meus problemas ali.
Terminei e olhei pra bancada,entrei em mais uma fila pra pegar raspadinha.
Peguei e quando tava saindo, pois Cindy já tava lá fora me esperando impaciente.
O jogo tava cheio de garotos, e pude ouvir o que eles falavam.
-751.300
Um falou encabulado.
- Isso é impossível.
Outro garoto disse.
-Quem é MAD MAX?
Outro perguntou.
O cara que me vendeu a raspadinha respondeu.
- Alguém melhor que você?
Olhei pra trás mais só consegui ver o braço dele que tinha uma tatuagem legal de esqueleto. Vi ele dando o dedo do meio pro cara da raspadinha e me virei rindo,saindo dali.
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Segunda começou e eu tava uma pilha de nervos, não mais que Cindy que não parava de se olhar no espelho, ela iria me deixar na escola primeiro.
No café tentei não olhar na cara do papai nem da Mary ,ainda tava ressentida com eles e o café foi então,silêncioso.
Assim entrei no carro com Cindy e Anthony.
- Isso é tão injusto.
Murmurei, olhando lá pra fora.
- Você não tem a quem culpar garota! Só a você mesma,de quem você acha que é a culpa por estarmos aqui?
- Sua.
Falei baixo,sendo sarcástica, porque ela só não me deixa em paz? Tava cansada de tudo isso.
Anthony me olhava pelo retrovisor e eu sabia que ele concordava comigo, achava isso tão injusto como eu,pelo menos não estava sozinha.
-Como é que é?
Ela acelerou o carro, e abriu o vidro colocando a mão no nariz e a outra no volante.
-Ta sentindo esse cheiro de merda Max? Diga de quem é a culpa de estarmos presos aqui!!
- Cindy já chega! Você tá assustando o Anthony!
Ela acelerava cada vez mais o carro berrando cada vez mais alto.
Meu irmão estava lá atrás, com os olhos arregalados e olhando para Cindy pelo retrovisor.
- Confessa Max! Diga! DIGA!!!
- Eu disse já CHEGA!!
Tentei pegar no volante mais ela agarrou meu pulso e me puxou pra frente,pelo menos sentia que ela tava desacelerando.
- Você é uma merda, e isso que você é!
Como ela era estúpida, nem parecia que éramos tão juntas antes.
A gente já tava na frente da escola da escola, eu saí rapidamente do carro e falei pra ela:
-Se eu sou uma merda,você não é tão diferente de mim assim não é irmãzinha?
Fechei a porta do carro,ela acelerou e eu a mandei o dedo do meio.
Encarei a escola na minha frente, ser novata era um saco, quando lá dentro notei que algumas pessoas tavam me olhando estranho e percebi também que talvez lá na porta da escola eu não estivesse tão sozinha assim.
Olhei pra frente B-13 e bati na porta, um professor com aparência simpática me atendeu.
- Você deve e ser a aluna nova,venha entre.
Eu entrei e notei todo mundo me olhando, eu procurei com o olhar um lugar pra sentar e notei uma carteira vaga ao lado de um garoto que tinha um braço com tatuagem.
A mesma que eu tinha visto no sábado, olhei pro seu braço de novo e depois pro seu rosto, tinha olhos verdes e cabelos pretos como petróleo, tinha uma cara de moleque levado,do tipo que eu facilmente faria alguma pegadinha junto se quisesse.
Ergui as sobrancelhas pra ele, percebendo isso ele sorriu pra mim.
- Pessoal ,engressando juntos nesse mundo de aprendizagem,lhes apresento diretamente da Califórnia,Maxine!
O professor parecia animado, mais o pessoal não, fechei minha cara quando ele disse a última palavra.
- É Max.
Falei pra ele,tentando nao soar muito rude.
- Desculpe, o que ?
- É Max, ninguém me chama de Maxine.
Eu disse querendo cavar um buraco no chão, não devia ter aberto meu bocão.
-Oh sim,desculpe querida, agora se sente com aquele rapazinho ali está bem ?
Ele apontou para o garoto de antes.
Fui até ele depressa e sentei rapidamente do seu lado, rezei pra minha cara não estar tão vermelha assim. Olhei pra ele e perguntei:
- É de verdade ?
Ele baixou o olhar e percebeu do que eu tava falando e deu um sorriso.
- Não, é de rena, talvez quando crescer eu faça alguma que tenha um significado marcante.
-Legal.
Eu teria me surpreendido se fosse de verdade.
- Sou Percy Jackson, a propósito.
Ele estendeu a mão pra mim, e eu apertei, abri a boca pra falar mas ele me interrompeu.
-Max, não Maxine, já saquei.
Brinquei com as minhas mãos, um pouco sem graça.
- Certo... Você joga dig dug não é?
- Jogo- ele me olhou surpreso- Como sabe?
- Estive lá ontem.
Dei ombros, e ele pareceu perceber alguma coisa.
- Espere. Seu nome... Você é a MAD MAX?
Ele arregalou os olhos pra mim, tive uma crise de risos, passamos o dia todo assim, falando sobre Dig Dug e outras coisas iradas.
O que nos rendeu bons chingamentos por parte dos professores, mais eu não tava nem aí, sentia que pela 1° vez na vida eu tinha alguém pra falar sobre as minhas esquisitices.

Maxine Mayfield - O ladrão de raios Onde histórias criam vida. Descubra agora