FELIZ ANIVERSÁRIO

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A volta no elevador foi estranhamente silenciosa.
Imaginei que como eu, a conversa de Percy com seu pai não foi muito animadora. Ele me disse que precisava ir no apartamento na sua mãe, então eu fui com ele e esperei sentada, no lado de fora da sua casa.
- Tem certeza de que não quer vir?
- Tenho - acenei com a cabeça - Você tem que fazer isso sozinho.
Ele só abriu um meio sorriso pra mim e entrou, enquanto eu encostava minha cabeça na parede, exausta.
Conversar com minha mãe foi mais cansativo do que eu imaginava.
Ouvi alguns gritos lá dentro, mas esperei. Era muito rara as vezes que eu ia na casa de Percy, e quando ia ficávamos o máximo de tempo possível fora.
Então eu tinha a mínima ideia do quanto Gabe era imbecil.
Me levantei depressa quando Percy saiu apressado do apartamento.
- Você tá bem? - o perguntei
- Ah, estou. - ele sorriu pra mim - Melhor do que nunca.
- Agora, temos que ir para o acampamento. - continuou Percy, me puxando pela mão
Quando chegamos lá, me senti como uma mini celebridade.
Fomos tratados muito bem, colocaram uma coroa de flores em nossas cabeças e queimamos nossas mortalhas.
A de Percy era vermelha, tinha carinhas felizes com um X marcado em cima dos olhos.
Eu disse pra ele que poderia fazer ela de cobertor. O que seguiu de Percy me mandando o dedo do meio, dizendo pra eu ir me fuder.
A minha mortalha foi o chalé de Afrodite que fez, era rosa e tinha muito brilho, eu mal conseguia olhar direito de tanto que brilhava.
Cindy estranhamente, parecia bem feliz ao me ver.
Ela até sorriu quando me viu chegando!
Quando já estava devidamente tomada banho, fui para a fogueira. Onde todos cantavam animados eu me animei, mas revirei os olhos quando vi Drew vindo até mim.
- Bem, - disse ela me analisando - Você está viva.
- Não, não. - eu disse pra ela ainda sentada no banco - Esse é o meu clone do mal.
- Realmente uma pena - continuou Drew, aparentemente irritada com meu comentário - O ar ficaria bem mais limpo sem você nele.
- Fala sério! - eu disse pra ela - Você não tem mais o que fazer não? Acabei de sair viva de uma missão bem cansativa. Pra aturar você, eu deveria receber no mínimo, algum tipo de recompensa.
Antes que ela pudesse falar alguma coisa, uma voz se fez presente ao meu lado.
- Algum problema, meninas? - Cindy as perguntou
Ela rapidamente negou , e se apressou para ir embora.
- Ela falou alguma coisa? - disse Cindy se sentando ao meu lado
- Nada demais, não sei como você aguenta. Drew é insuportável! - eu disse olhando pra ela
- Ela é minha irmã. - disse como se isso explicasse tudo - E só é malvada com você.
- Bem - disse eu - Isso deve ser algum tipo de Karma então.
Cindy soltou um leve sorriso e se inclinou, para ser ouvida diante daquela gritaria da fogueira.
- A nossa família estava preocupada com você. Principalmente o Anthony.
A olhei, um pouco desacreditada.
- E você não disse nada pra eles??
- Eu falei que você estava bem. - ela me acalmou- Mas você pode os chamar por vídeo ligação, na casa casa branca tem um computador.
- Mas isso não vai chamar os monstros? - perguntei
- Não. Vai ser por poucos minutos. E temos a barreira,que protege o acampamento.
- Certo.
Amanhã eu iria procurar Quíron pra falar sobre isso. Hoje eu só queria dormir. Mas me dei conta de uma coisa, e encarei Cindy.
- Engraçado - disse eu - Você não está discutindo comigo, ou me olhando de cara feia.
- Não se acostume - alertou ela - Ainda não gosto de você. Só estou um pouco alegre da sua cabeça não ter sido cortada fora!
Eu só ri para ela, e a noite terminou assim.
Com muita cantoria, dança, e eu me sentindo em casa, pela 1° vez aqui no acampamento.
No dia seguinte, eu acordei sentindo todos os meus músculos doerem.
Me arrumei rapidamente e sai correndo em direção a casa branca. Quíron estava lá, sentado na sua cadeira de rodas com algumas coisas estranhas na sua volta.
- Max! - disse ele, sorrindo ao me ver - Que bom que está aqui, precisava te falar algo sobre...
- Eu preciso do seu computador emprestado. - eu disse ofegante,por ter acabado de correr
Sua expressão se suavizou um pouco.
- Para falar com sua família? - disse ele, remexendo em uma das gavetas
- Aham.
- Aqui. E o nosso treino é daqui à 2 horas, não se atrase. - ele me alertou, entregando o computador
- Não vou, prometo. - disse indo até uma sala minúscula da casa branca,e ligando o computador
Demorou um pouco para atender, mas logo o rosto de Anthony se fez presente na tela.
- Max!! - gritou ele em me ver - Eu queria saber onde você estava, ninguém me fala nada. Cindy me disse que era um lugar perigoso e...
- Oh, querida. - disse Mary chegando na tela e colocando meu irmão no seu colo - Que bom que você está bem. Foram tantos dias sem receber notícias suas, que eu realmente pensei o pior.
- Eu estou bem, Mary. - prometi a ela - Cadê o meu pai?
Ela pareceu se dar conta de que ele não estava ali, e gritou o nome dele.
Meu pai apareceu na tela, mandaram Anthony ir embora e ele fez uma pequena birra.
Alegando que era o único que não sabia o que estava acontecendo, e isso era uma injustiça.
Tentei ser o mais breve possível, para não dar muitos detalhes. E o meu pai fez a pergunta mais importante.
- Você vai ficar aí o ano todo, filha? Ou vai só nos verões?
Eu sabia que aquilo era uma escolha minha, mas de algum modo eu estava decidida.
- Nenhum dos dois. - disse a eles
A testa do meu pai se franziu em confusão.
- O que?
- Eu posso vir aqui a hora que quiser, pai. Não preciso ficar o ano inteiro, e nem vir só nos verões.
Ia ser assim, de 2 em 2 semanas eu passaria um fim de semana aqui no acampamento.
Eu tinha tanta coisa pra aprender, tanto a treinar!! Não podia esperar até o verão que vem para fazer isso.
Nem meu pai, nem Mary tentou me contradizer.
Eles sabiam que com mais treinamento e mais agilidade, mais difícil seria de morrer.
Eu desliguei a ligação, e fui tomar meu café, depois encontraria Quíron para o treino.
Pouco tempo depois eu estava indo para o meu lugar de treino e Quíron já me esperava.
Mas me assustei ao ver a pedra.
A mesma pedra que no início do meu treinamento, estava começando a sair do chão agora estava quase toda para fora.
Eu encarei Quíron, um pouco chocada.
- Como... - sussurrei desacreditada
- Foi você. - disse-me ele - O seu treino e agilidade nessa missão foram muito boas .
- A pedra pode se mover, sem eu estar aqui? - perguntei
- Pode - confirmou ele - E cada vez que você se esforçar ela vai sair até ficar completa.
- Por isso - ele me encarou severamente - Vamos começar a treinar duro daqui para frente. Essa pedra vai sair toda do chão até o verão terminar. Correto?
- Correto. - assenti cansada só de imaginar
Eu treinei com Quíron até sentir o meu corpo todo doer, pelo esforço.
A pedra tinha saído um centímetro do lugar. Mas não me deixei abalar por isso, faltava pouco agora.
Tão pouco que eu conseguia sentir a magia que saía daquela pedra sendo jogada pelo ar.
Como oxigênio.
Quando estava liberada, me sentei sozinha no refeitório como de costume. E estava com tanta fome que não sei quantos pratos de comida eu comi.
Alguns dias tinham se passado, e eu finalmente consegui tirar a pedra toda do lugar, o que me fez aguentar algumas reclamações de Quíron.
Pois segundo ele,eu havia ultrapassado um pouco meus limites.
Mais eu continuava feliz, ainda mais depois de ter ido a enfermaria e Will ter me mandado comer alguns pedaços de ambrosia.
O que eu fiz de bom grado.
Já final do verão, fazia um dia ensolarado, e Percy me chamou para sentar na beira do lago.
Depois de descansar um pouco o chamei para treinar, e lá estávamos nós na arena. Um tentando fatiar o outro, pelo menos eu sabia que meus reflexos em luta estavam bons.
Se quisesse eu poderia contar quantas gotículas de suor caía pelo rosto de Percy.
Vi alguém se aproximar, e a pessoa disse:
- Hey, vocês! Querem ir na praia tomar um pouco de coca?
Olhei pra ver de quem era a voz e fiz uma careta, era Luke.
- Ah não, valeu. - neguei rapidamente
Qualquer oportunidade de não passar um tempo com Luke, eu estava aproveitando.
Percy aceitou, tentei o fazer desistir mais ele não me deu atenção.
- Ora vamos lá, Maxine. - disse Luke, sorrindo - O que tem de mal hein?
- Tudo - disse irritada apontando a espada para ele - Quando tem você envolvido, a situação se torna naturalmente desagradável.
- Max, qual é!- disse Percy - Seje legal.
- Não fode, Jackson. - eu disse vendo ele fazer uma careta pra mim
Os dois sumiram indo pela floresta, e por algum motivo minha nuca se arrepiou. Como se algo terrível estivesse prestes a acontecer.
- Mayfield!! - alguém me gritou, e eu me virei pra ver quem de quem era a voz
- Miler, e aí? - comprimentei a garota
Joanna Miler, era uma garota de cabelos cacheados castanhos, tem olhos marrons escuros , e sua pele era escura.
Pelo o que as pessoas dizem, ela chegou uns dois dias depois de eu ter saído em missão. É filha de Ares, então é bem durona.
Começamos a treinar juntas e ela me pareceu ser bem legal.
- Topa um treino rápido? - disse ela sorrindo pra mim
- Só se for agora. - eu disse estendendo a mão para ela subir na arena
Depois de treinar com ela estava exausta, mais aí eu me dei conta.
Cadê o Percy?
O sol estava se pondo, o que significa que ele já devia estar por aqui.
Não pensei muito e entrei na floresta, sentindo meu coração disparar.
Eu não corri nem metade do caminho, quando o vejo cambaleando em minha direção. Sua mão estava ferida e ele estava pálido.
- Percy, o que...- disse indo ao seu encontro
- Me ajuda...- murmurou ele antes de cair em meus braços
- Ai meu deus. - sussurrei tentando aguentar o peso dele
- Alguém nos ajuda!! - berrei esperando que alguém me escutasse - Por favor !!
Tentei ir com ele para frente, o máximo que eu aguentava. Vi Quíron cavalgando em minha direção.
- Max! O que aconteceu?
- Eu não sei!- respondi desesperada - Quando o achei ele já estava assim...
Quíron o pegou colocando em suas costas. E saiu a galope em direção a enfermaria.
3 dias se passaram e Percy não acordava, eu estava esperando na varanda da enfermaria com Grover, enquanto Annabeth estava lá dentro.
Ele acordou! O que fez eu o Grover entrar rapidamente lá dentro.
Percy estava completamente acabado, assim que tomou um pouco de néctar ele nos contou o que aconteceu.
- Eu sempre soube que ele era um cuzao, mais não imaginei que fosse tanto! - exclamei surpresa
- Eu não posso acreditar que Luke...-fungou Annabeth
Quíron explicou brevemente sobre algumas coisas. E eu, Percy e Grover ficamos encarando Annabeth dar tchau para nós enquanto ia se encontrar com seu pai.
- Grover? - Percy o chamou
- Huh?
- Quando vai sair, agora que tem a licença de buscador?
- Ah - ele pareceu de lembrar- Eu ia contar pra vocês a um tempo, mais é hoje antes de escurecer.
- Isso é bom, cara. - disse eu pra ele
- Eu vou tentar resgatar o máximo de semideuses que conseguir. - disse ele, confiante
- O acampamento no ano que vem vai estar cheio,então. - Percy disse
- Mais moleques encrenqueiros- fiz uma careta - Talvez eu encha o saco de alguns deles depois.
- Com certeza você vai arrumar um jeito. - disse Grover e nós caímos na risada
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Acabou que Percy escolheu ser um campista de verão. A cabeça da Medusa tinha feito algum sucesso, pois tia Sally tinha inaugurado algumas estátuas que de acordo com profissionais era " realístico demais".
Ela acabou ganhando um bom dinheiro com isso, conseguindo se mudar para o mesmo bairro que o meu.
Percy e eu tínhamos conversado com nossos pais e fizemos um acordo.
Nós dois sempre estudaremos juntos, não importa a escola.
Sally e Mary foram as que mais concordaram com a ideia porque segundo elas: " funcionamos juntos". Não entendi o quis dizer mais fiquei feliz do mesmo jeito, ainda mais quando meu pai me disse que eu iria estudar na mesma escola que Anthony, Cindy e aparentemente Percy também.
Era uma escola bem grande, então tinha ensino médio e fundamental juntos.
Hoje era 18 de agosto, eu e Percy estávamos fazendo um piquenique na grama,ao lado de uma pista de skate.
Eu tinha dormido na sua casa, e na noite passada tentamos fazer alguns cupcakes azuis.
Não ficou bonito, mas estava bom.
Ele olhou para o skate intocado do meu lado o que me fez lembrar do seu presente.
- Percy. - o chamei pegando a caixa ao meu lado - Feliz aniversário!
Ele olhou para mim e depois para a caixa e disse:
- Max! Não precisava, e você sabe disso.
Revirei os olhos colocando a caixa de presente no seu colo.
- Abra logo, idiota!
Ele sorriu de leve antes de abrir. E eu observei divertida, seus olhos se arregalarem.
- Você não fez isso! - exclamou ele me olhando admirado
Ali estava o skate que tinha em uma loja perto da sua casa. Sempre que passávamos ali, ele tagarelava sobre o quanto era bonito.
- Bem, não é todos os dias que se faz 12 anos. - eu disse enquanto ele me abraçava
- Essa tarde você tem que me dar algumas aulas, hein?
- Se você não me enlouquecer antes, sim.
Ele riu um pouco e se afastou, perto dali tinha um homem com um carinho de picolé.
Percy se levantou e me perguntou:
- Eu vou pegar um, você quer?
- Só se for de morango - eu respondi, e depois olhei para a pista de skate na minha frente
Ainda tinha muita coisa para acontecer, e não sei se estou preparada para nehuma delas.
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Notas finais:
Obrigado por ter lido até aqui!
Se quiser ler a continuação dessa saga, o 1° capítulo do segundo livro já está disponível em meu perfil.
Até a próxima!!

Maxine Mayfield - O ladrão de raios Onde histórias criam vida. Descubra agora