EU LUTO COM CUPIDOS DE FERRO

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Continuamos andando, tentando achar o túnel do amor.
Enquanto isso, Percy insistia em perguntar sobre Hefesto, Ares e Afrodite. Até chegarmos em um lugar que parecia com uma pista de skate, só que com água e um barco, bem na frente da pista estava várias estátuas de cupido.
Duas se destacavam, por ser um pouco maiores e serem de ferro.
Eu, já tinha me traumatizado com estátuas por uma vida inteira, então essa é a parte onde tudo fica esquisito e eu quase morro.
O escudo de Ares reluzia como ouro a essa distância.
Analisei um pouco a situação.
- Parece fácil demais. Vocês só vão lá e pegar?-perguntei
- Como assim "vocês"? Você não vem?-Percy me perguntou erguendo as sobrancelhas.
- Ah. Bom, se você quiser que eu vá, eu vou.- eu disse torcendo as mãos uma na outra, nervosa.
Essas estátuas de cupido estavam me deixando ansiosa por algum motivo.
Percy percebeu alguma coisa também, ele olhava para os lados e franzia a testa.
- Tá tudo bem, Max. Você e Grover ficam aqui.- disse ele decidido e se virou para o lado.
- Annabeth, você vem comigo.
Annabeth o olhou como se ele fosse de outro mundo.
Suas bochechas estavam coradas.
- Está brincando?
- Qual é o problema agora?- Percy a perguntou.
- Eu ir em um túnel do amor...com você?-ela coçou a cabeça envergonhada.- E se alguém nos ver?
Eu olhava para os dois com as sobrancelhas erguidas.
Certo, ali tinha coisa.
- Vamos logo, pombinhos. Não temos o dia inteiro.- eu os apressei
Eles me olharam indignados e saíram resmungando, não sem antes Annabeth me dizer :
- Max, cale a droga da boca.
Eu só ri pra ela, e depois gritei para os dois quando estavam longe:
- Hey!! Dizem que o 1° encontro é sempre o mais marcante!
Vi Annabeth acelerar o passo,e Percy me mandar o dedo do meio sem nem olhar para trás.
Olhei pro lado e Grover me olhava estranho.
- O que foi ? - perguntei
- Você realmente tem o dom de irritar as pessoas, hein?
Dei ombros pra ele.
- É só o meu jeitinho.
Eu e Grover esperamos pacientemente eles irem pegar o escudo, mais assim que tocaram nele acionaram um tipo de armadilha horripilante e os cupidos começaram a atirar flechas para dentro do rio.
Exceto por dois: as estátuas de ferro se levantaram e prestaram continência um ao outro, nesse momento, Grover já estava com seus tênis voadores lá no alto tentando ajudar Percy e Annabeth.
E eu? Estava querendo ir embora para casa e dormir uns 5 dias seguidos. Continuando, os cupidos viraram para mim e disseram em uma péssima voz robótica:
- Inimigo detectado. Começando o processo de aniquilação.
Eu só gritei e começei a correr entre os cupidos restantes, as flechas dos dois estavam miradas em mim.
Desviei de uma que passou por perto da minha orelha, depois perto das pernas.
Por último, percebi que correr não iria adiantar por muito tempo.
Então eu fiz algo muito idiota. Sai de trás do meu esconderijo gritando:
- Latas velhas!! Eu estou bem aqui.
Tirei meu colar e avancei contra elas, eu tentava correr de volta onde Percy e Annabeth estavam, talvez podiam me dar uma ajudinha?
As flechas que elas lançavam eram como borrões, eu cortei, desviei, praticamente me fundi com o chão quando tive que me jogar nele pra não ser acertada.
Consegui cortar uma perna, depois a outra, e o 1° cupido caiu no chão.
Minhas mãos estavam raladas e o meu joelho também, mas me sentia melhor do que nunca.
Eu estava conseguindo!!
Agora só tinha mais um e...
Tive que me abaixar de novo por causa de outra flecha, agora eu já estava em frente ao túnel de novo.
Já irritada com aquilo, levantei minha mão, coloquei força no movimento, levantei minha outra mão, e com um "PLOC" a cabeça do cupido caiu na minha frente, com cabos soltos por todos os lados.
Mas ele em si, tinha parado de funcionar.
Observei agora que os outros cupidos tinham as cabeças abertas e com câmeras lá.
Do alto, ouvi muitos gritos e olhei pra cima. Os três patetas estavam vindo em direção ao chão.
Estiquei minhas mãos novamente e senti a energia vinda de lá, os consegui parar um segundo antes de seus corpos encontrarem no chão.
Assim caíram com brutalidade, Percy e Annabeth resmungando na minha frente e Grover mais atrás.
Os holofotes estavam todos virados para nós.
Percy se levantou com raiva do chão e eu ajudei Annabeth a se erguer.
- Você está bem? - perguntei a ela, que só acenou com a cabeça.
- Acabou o show!- Percy berrou- Obrigado. Boa noite!
Assim os holofotes foram desligados e as luzes apagadas.
Eu tinha percebido o que aquilo significava, servimos de entretenimento para os tão poderosos deuses.
Esses que não serviam nem pra pegar seus próprios escudos.
Mas Percy estava com raiva mais do que qualquer um de nós, ele pegou o escudo de qualquer jeito no chão e se virou para a gente.
- Precisamos ter uma conversinha com Ares.
O deus da guerra nos esperava no estacionamento do restaurante.
- Bem,bem - ele nos disse - Conseguiram não ser mortos.
Eu só fiz uma careta pra ele, enquanto Percy iniciava uma discussão.
Ele disse sobre a carona para vegas, deu a Percy uma mochila ,revelou a que a mãe dele estava viva, e tudo mais.
Annabeth e Percy iam discutir, mas Grover acabou os interrompendo.
- Pessoal, melhor pegarmos nossa carona,rápido.
Atravessamos a rua e entramos dentro do veículo,fechando a porta atrás de nós.
Lá tinha animais em horríveis condições, que dava pena só de olhar.
- Isso é caridade?!- gritou Grover- Transporte humanitário de Zoológico?
Conseguimos ajudar um pouco os animais, só não tentamos tirar o chiclete da crina da zebra por causa dos solavancos do caminhão.
Logo Grover tinha se enroscado num pacote de nabos,e dormido.
Annabeth e Percy conversavam mais afastados, e eu tive a decência de ficar dando nabos para a zebra,que parecia um pouco mais entusiasmada que antes.
Até que Annabeth foi dormir, e eu fui conversar com Percy.
- E aí?- eu disse me sentaneo do seu lado
- Oi.- disse ele, parecia um pouco desanimado.
- Você está ok com tudo isso? - perguntei
- Ok com o que?- ele franziu um pouco a testa.
- Você sabe o que eu quero dizer. Também sei que já te disse antes que sua mãe estava viva, mas você não acreditou muito em mim. Por que?
Ele suspirou e se deitou no chão, depois aprontou pro lugar ao seu lado, e assim eu fui.
- Uma parte minha acreditou em você, Max. Mas eu não queria acreditar. Se eu criasse muita expectativa,e ela tivesse mesmo morta...- ele soltou o ar devagar pela boca, e percebi que seus olhos se encheram de lágrimas- Não sei se conseguiria continuar seguindo com essa missão.
Eu peguei a sua mão e o olhei nos olhos.
- Mas não foi por isso que aceitou essa missão? Pra trazer ela de volta?
- Sim foi, e eu vou conseguir fazer isso.
- Nós vamos conseguir bobão.-eu o corrigi- Você não está sozinho. Não mais.
Ele sorriu e apertou minha mão.
- Sim, certo. Nós vamos conseguir.
Ficamos assim por um tempo. Um segurando a mão do outro, olhando para o teto e ouvindo o barulho do caminhão.
- Max?
- Sim?
- Porque não aceitou essa missão?
- Como assim?
- Você poderia ter liderado, mais deixou pra eu o fazer.
Olhei para Percy que estava quase dormindo, me levantei e sentei ficando escorada na parede.
- Eu só... Não sou boa com essa coisa de liderar.
- Ah. Eu estou aprendendo também.As vezes não faço ideia do que fazer.
Eu sorri, mesmo que ele não pudesse me ver.
- Você dúvida demais de você mesmo. E Percy...?
- Hum - respondeu de olhos fechados.
- Você é um bom líder.
Tudo que eu escutei de volta foi pequenos roncos. Eu ia demorar um pouco para dormir, minha mente estava inquieta demais.
Me escorei mais na parede e encarei a zebra, que havia dormindo com muitos nabos na sua volta.
Aquela seria uma longa noite.
Não me dei conta de quando apaguei,mas Annabeth balançava brevemente meu braço.
- Vamos, eles vão vir pra checar os animais.
Me levantei e fui pra perto da porta, escutavam-se vozes do lado de fora.
- Pessoal- sussurrei - Escondam-se.
Annabeth colocou seu boné, puxei Percy pelo braço e fui atrás de Grover, que ia se esconder atrás de algumas caixas.
Ouviu-se uma batida do lado de fora, a loirinha deve ter os dispistado.
- Bom, agora seria um bom momento pra dar o fora - disse eu
- Primeiro os animais - Grover disse
Enquanto a gente cortava a crina com chiclete da zebra e soltava os outros animais. Grover parou como se tivesse ouvindo alguma coisa.
- Eles disseram que eles são clandestinos.
- Esses caras são uns covardes- eu falei
Grover os fez uma oração antes deles irem embora.
- Boa sorte.- disse Grover por fim.
E assim tínhamos acabado de soltar uma zebra por Las Vegas.
- Hey- Percy disse - Não dá pra fazer uma dessas para nós?
- Eu acho que nos humanos, não da certo - balançei a cabeça
- Não dá mesmo- Grover confirmou- Só da certo com animais.
- Então só iria afetar Percy- Annabeth ponderou.
A loirinha levantou a mão pra fazermos um high-five, e eu bati a mão na dela, rindo de Percy logo em seguida.
- Hey!!
- Brincadeirinha- disse ela - Venham, vamos sair desse caminhão imundo.
Na rua, devia fazer uns 43 graus estávamos fritos e fedidos.
Mas ninguém prestava muita atenção em nós, por causa do mini espetáculo que estava acontecendo ao redor.
Conseguimos entrar em um beco que estava um pouco mais fresco, perto tinha um lugar escrito Hotel e cassino Lótus tinha uma flor piscando em neon e o ar condicionado tinha cheiro de flores.
Provavelmente a flor Lótus, já que eu nunca tinha cheirado uma.
Um cara de aparência muito simpática apareceu na porta, eu tinha meio que receio das pessoas simpáticas tentarem me matar.
Tinha aprendido essa lição com as últimas semanas da minha vida.
O porteiro sorriu para a gente.
- Hey crianças, vocês parecem cansados. Querem entrar e sentar?
Eu estava desconfiada, mas antes que eu pudesse falar alguma coisa Percy disse que adoraríamos entrar.
-Uau- disse Grover
Lá parecia incrível demais, com muitos jogos eletrônicos, comida, bebidas geladas, que com esse calor cairia bem demais.
De longe avistei um dig dug, mas antes que eu pudesse ver mais alguma coisa...
Algo me chamou atenção, lá tinha relógios por toda a parte, maiores que um espelho grande,por assim dizer.
Eles não giravam normais, davam voltas rápidas e desengonçadas, olhar para aquilo era grotesco e assustador.
Fui para o lado de Annabeth e catuquei o seu ombro.
- Qual é a dos relógios, hein?
Ela olhou pra mim como se eu tivesse ficado maluca.
- Do que é que você está falando?
Um mensageiro nos interrompeu, pelo menos se parecia com um, ele estava com uma camisa havaiana.
- Bem vindos ao Hotel e cassino Lótus.- ele estendeu a mão e lá tinha uma chave em formato de flor- Esse é a chave do quarto de vocês. O número é 4001.
Percy perguntou e ele explicou mais sobre sobre o cassino enquanto eu só encarava os relógios que giravam rápidos demais, e aparentemente só eu os via.
Nós subimos no quarto e lá tinha 4 camas, e mais relógios esquisitos.
Tomamos banho, e eu lavei minha cabeça.
Depois percebi que estava com muito sono, até demais.
Sentia meus olhos pesarem, nós tínhamos comido antes de tomar banho, agora estávamos sentados, sonolentos na cama.
- O que nós fazemos agora? - Annabeth perguntou- Dormimos?
Soltei um bocejo e me deitei na cama.
- Isso seria uma ótima ideia- eu disse.
Percy só concordou a cabeça e logo, nós quatro estávamos dormindo.
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Eu estava em um parque, tinha uma mesa com muita comida em cima  sentados nas cadeiras estavam eu, meu pai, Mary, Anthony e Cindy.
Todos conversavam animados e eu me pegava soltando risadas por algo que Cindy havia falado.
- Mãe - Anthony pediu- Me passa o sal?
- Qual a palavra mágica?
- Por favor!- disse ele impaciente e logo Mary assentiu com a cabeça, satisfeita.
- Sabe o que eu mais gosto desses nome desses momentos em família?-Mary nos perguntou
- O que, querida? - meu pai disse
- Aproveitar enquanto estamos aqui juntinhos, sem nada para atrapalhar.-Mary disse, sorrindo.
- Em falar sobre aproveitar juntos, depois podíamos ir no parque aquático que inaugurou agora. Uma tarde só de irmãos, oque vocês acham?- Cindy perguntou pra mim e para o Anthony.
- Eu topo!- ele sorriu ainda de boca cheia- O que acha, Max?
Eu sorri de volta, um pouco surpresa.
- Seria ótimo.- eu disse e Cindy bateu palmas, animada.
Logo o céu que estava em um azul calmo, pareceu ficar nublado.
Ouviu se um grito estridente e logo algo vermelho respingou em meu rosto.
Na minha frente estavam a cabeça de Mary e meu pai cortadas, logo atrás com um machado, estava um homem com um saco na cabeça, vestia a blusa do acampamento, agora, toda manchada de sangue.
Eu gritei e sai mesa assustada, eu vi Anthony correr e ser acertado nas costas, logo caindo no chão.
- Vamos!!- Cindy apareceu na minha frente me puxando pela mão.
Eu estava apavorada, corria mais do que nunca. Até que entramos em um bosque e vimos movimentações pra todos os lados.
- Cindy!!- sussurrei pra ela- O que está acontecendo?
O que for que ela quisesse dizer, não disse. O cara saiu de atrás de uma das árvores e acertou o machado em suas costas. Ela gritou de dor e me empurrou pra frente dizendo:
- Vaii! Max, corre!
Mais eu não consegui me mover e o cara me acertou na barriga e depois no coração. Eu gritava de dor e tentava lutar contra aquilo.
Da minha boca saía muito sangue, e eu não conseguia respirar direito.
O cara se levantou e me encarou, depois como se fosse automático,ele se virou e foi embora.
Eu tentava me levantar em busca de ajuda, olhei para o lado e Cindy não se mexia. Meu coração estava parando, eu podia sentir.
Com isso tudo acontecendo eu só pude pensar, antes de apagar completamente:
QUE MERDA É ESSA?

Maxine Mayfield - O ladrão de raios Onde histórias criam vida. Descubra agora