MÃE...?

38 6 0
                                    

Aquela primeira noite da missão estava sendo bem infeliz.
Entramos no bosque de novo, a uns 100 metros da estrada principal, pegamos cobertores e alguns suprimentos com Tia Eme. Mais ninguém quis ascender uma fogueira pra secar as roupas.
Acho que medusa e fúrias definitivamente é ação demais pra uma noite só.
Percy se ofereceu pra ficar de vigia, me deitei no chão e adormeci imediatamente.
Eu tive um sonho, o que é totalmente anormal, eu nunca sonhava com nada.
Estava de volta a Califórnia, no mesmo salão de festas que fiquei antes de ir pra Nova York.
Completamente sozinha, eu não sabia que estava sonhando até ir pra pra fora, esperando encontrar Cindy na bancada.
Mais em vez dela tinha uma mulher muito bonita.
Era ruiva , usava um vestido branco e sandálias douradas. Eu tava um pouco perdida, a onde foi todo mundo?
Me virei pra ir embora, mais a mulher disse pra mim:
- Maxine. Eu esperei pra te encontrar, a muito tempo.- a mulher falou me encarando até demais.
Ela tinha olhos azuis, como eu, e essa não foi a única semelhança que notei entre nós.
Estava estática,queria ir embora dali, mais alguma coisa parecia me prender no chão.
- Ah... Desculpe senhora, eu não sei quem você... - balbuciei pra ela.
Mais começei a prestar um pouco mais de atenção, o ar parecia tremular diante dela, como se fosse... NÉVOA.
- Você sabe criança. Sei que sim.- ela se virou totalmente pra mim e escorou as costas na bancada.
Eu sabia quem era agora, minha mãe, a deusa estúpida que pôs uma filha do mundo e foi pra puta que pariu.
Fechei a cara pra ela.
Eu comecei a me lembrar agora de algumas coisas. Eu estava na missão, havia deitado pra dormir e... Isso é um sonho, nem pra aparecer de verdade na minha frente essa mulher serve.
- O que você quer?
Ela tinha parecia simpática, a não ser pela espada que tinha em sua cintura e seus olhos super cortantes.
A mulher sorriu pra mim, um pouco surpresa.
- Não era essa a recepção que eu esperava. Depois de todos esses anos estava ansiosa pra te conhecer.
- Ansiosa pra me conhecer? Fala sério, você nem está aqui de verdade. - lhe disse irritada.
Seu semblante calmo vacilou um pouco.
- Eu queria ser presente na sua vida, o tempo todo. Mas estive te observando e...
- Hey! Espere ai. Me observando?? Que tipo de psicopata você é?
Ela me lançou um olhar afiado, eu reconheci pois eu fazia exatamente a mesma coisa.
- Existem regras, que estão aí para serem seguidas. Desobedeça e veja as consequências. É assim que o nosso mundo funciona.- ela disse e chegou perto de mim.
Me afastei um pouco dela, na minha cabeça, vários pensamentos se passavam, as pessoas não diziam que os sonhos duravam de 3 à 4 minutos? Esse já estava passando da hora de acabar.
- Então está dizendo que não podia me ver?
- Não diretamente pelo menos, mais sei que nunca quis fazer amigos. Está sempre irritada, e adora andar de skate.
Meu rosto esquentou, saber que ela sabia dessas pequenas coisas, mexeu comigo.
- Ainda não me disse o que você quer. Ah... Hécate.
- Você pode me chamar de mãe, afinal é isso o que eu sou sua, não é?- ela me lançou mais um sorriso.
- Certo. Então... Mãe, se estava me vigiando, sabe o que aconteceu não é?
Ela assentiu com a cabeça.
- Como eu fiz aquilo? Digo, era pra eu ser uma estátua de pedra agora.
- Você é especial. Não apenas por ser a minha primeira filha. A magia corre nas suas veias mais do que em qualquer pessoa mortal.
- Isso não explica droga nehuma!
- Mocinha, olha a boca!
Bufei alto,eu só queria uma resposta direta.
- Medusa tinha o seu próprio tipo de magia, que fazia qualquer um morrer só de olhar pra ela. Você foi a única que conseguiu ir além, ouviu os gritos de todo mundo que ela assassinou, e  sentiu como era. De algum jeito, a medusa também conseguiu ver você, sentir sua magia, isso fez com que ela ficasse estática por alguns segundos, dando tempo pra outra pessoa fazer alguma coisa.
- Isso é horrível.
- Ouvir os gritos?
- Ser diferente dos outros.
Hécate se aproximou mais de mim, colocou as mãos no meu rosto. Eu não recuei dessa vez, ela tinha um cheiro bom de camomila e coca-cola.
- Tome cuidado com cassinos, dormir nem sempre é uma boa ideia.- ela sussurrou pra mim.
Eu iria perguntar o que diabos isso significa, mais ela me deu um beijo na testa e lugar onde eu estava parecia estar se dissolvendo em um milhão de cores diferentes.
Abri os olhos assustada, ainda estava no bosque, no chão, meu coração estava disparado e sentia que a qualquer hora ele ia saltar do meu peito.
- Woa!! Calma aí,Maxine!
A loirinha estava na minha frente agora, olhei pros lados, Percy e Grover estavam dormindo.
- O que... - eu tentei dizer.
- Está quase amanhecendo, o próximo turno é o seu. Tá tudo bem?
- Claro, só um pesadelo estúpido.
Ela me olhou por um tempo e resolveu sentar perto de uma árvore. Me juntei a ela também.
- Sabe, você não parece estar em boas condições.
- Puxa, se você não falasse...
Ela riu um pouco e acabei fazendo isso também.
- O que aconteceu?
Ela parou de repente, pra me perguntar, as vezes achava que era direta demais.
- Como assim?
Mesmo com o sol se pondo devagar, fiquei surpresa em como eu podia ver ela revirar os olhos pra mim.
- Qual é. Eu descobri que sou uma semideusa a mais tempo que você. Sonhos não são sempre sonhos, talvez tenha algo que pode nos ajudar a dar o próximo passo.
Fiz uma careta, o meu sonho foi um desastre.
- Eu só conheci Hécate, que falou sobre cassinos,e o quanto eu era uma aberração. Mãe do ano hein?- disse lhe lançando um sorriso de canto.
Ela suspirou e olhou pro céu laranja acima de nós.
- Sinto muito. As vezes nossos parentes divinos são um saco.
- Opa!! Miss perfeitinha falando besteira? Isso é algo novo pra mim.
Ela sorriu de novo e deu um soco no meu ombro.
- Você é uma idiota.
- Valeu loirinha.
- Mais uma idiota que sabe ser legal.
Franzi a testa pra ela.
- Eu não sei se é um elogio ou não.
Annabeth se virou pra mim, seus olhos pareciam como tempestade, com muitos raios cortando o céu.
- Sinto que fui uma idiota com você Maxine. Eu quero que isso aqui funcione, e pra funcionar, temos que trabalhar juntas. O que acha de uma trégua? - disse ela estendendo sua mão.
Pensei a respeito, ela parecia insuportável no acampamento. Mais aqui estava tolerável, e nossas discussões podiam ficar para trás.
- Você parecia chata loirinha, mais se tem um coisa que aprecio é o humor. E isso você tem de sobra. - eu disse e apertei sua mão.
Annabeth empinou o nariz e me olhou,tentando não rir.
- Meu humor é super refinado!
- Ah, claro senhorita. Como dizer a um garoto que nunca viu na vida, que ele baba enquanto dorme? - disse eu, tentando não rir também.
- Foi a primeira coisa que eu pensei!
- E que belo pensamento.
- Percy ficou emburrado?
- Não. Mais ficou com vergonha, com certeza.
Assim que falei isso nos gargalhamos, Annabeth pôs a mão na boca porque os garotos tinham se mexido. Percy virou sua cara pra gente e podemos ver o filete de baba escorrendo da sua boca,e isso só fez a gente rir mais.
- Eu acho melhor você ir dormir. Eu vigio agora.
- Tem certeza?
- Aham, vai lá tirar seu sono da beleza, e vê se não baba também.
- Eu não faço isso!
- Sei.
Ela ia falar algo mais seus olhos pareciam bem pesados.
- Bom, boa noite Maxine.
- Boa noite loirinha.
Ela se deitou no chão, acabei me lembrando de uma coisa.
- Annabeth?
- Sim?- ela murmurou com os olhos fechados.
- Pode me chamar de Max, se quiser.
- Então só não faça nehuma besteira até todo mundo acordar. Max. - essas foram suas últimas palavras antes de dormir.
Eu só percebi isso, porque ela começou a roncar baixinho.
Passei o resto do tempo,que pareceu uma eternidade olhando pro céu.
Depois, todo mundo tinha acordado, a não ser Percy que continuava roncando, Grover tinha saído pra dar um volta não sei a onde.
Tirei um hambúrguer da mochila e dei uma mordida. Annabeth encarou a comida um pouco pálida.
- Quer?- ofereci pra ela que negou com a cabeça.
- Acho que vou ficar sem comer isso por um bom tempo.
- Bom que sobra mais.
- Depende do ponto de vista.
De longe vi Grover e um vulto rosa vindo em nossa direção.
- Hey! Meninas, olha o amigo que eu fiz.
Ergui as sobrancelhas pra ele.
- Você fez amizade com um poodle rosa?
Ele bufou pra mim e o cachorro latiu.
- Não seje mal educada, Max. Comprimente ele. Vocês duas, eu quero dizer.
- Ele? O poodle não é uma menina?
- Se fala fêmea ou macho.- disse a  loirinha pra mim,como se fosse óbvio.
- Ah, tanto faz.
- Vamos pessoal, falem oi pra ele.- Grover insistiu.
- Oi - disse eu olhando para o cachorro com tédio.
- Oi, poodle - disse a loirinha me dando uma cotovelada, eu a olhei indignada.
Grover pediu que a gente acordasse Percy. Eu o sacudi mais ele só se virou pro outro lado. Lhe mandei o dedo do meio, mesmo ele não conseguindo ver. A loirinha revirou os olhos pra mim e começou a tentar acordar ele.
Do nada, ele abriu os olhos assustado e piscando muito.
- Ah.-disse Annabeth.- O zumbi volta a vida.
- Percy, é um saco tentar de acordar.- eu disse a ele.
- Que? - ele me olhou confuso.
O cachorro latiu pra Percy, Grover olhou pra ele e disse:
- Não, ele não é.
Percy piscou.
- Você... Você está falando com essa coisa?
O cachorro latiu ainda mais pra ele.
- Essa coisa - avisou Grover. - É a nossa passagem pro Oeste. Seja simpático com ele.
- Você fala com animais? - Percy perguntou.
Grover ignorou sua pergunta.
- Pessoal, essa é Gradiolla.
- Eu não vou dizer olá para um poodle cor-de-rosa.- Percy falou.- Esqueça.
- Percy.-disse Annabeth, séria.- Nós dizemos olá para o poodle. Diga olá para o poodle.
O poodle rosnou.
Percy disse olá para o poodle.
Ele explicou que o cachorro soube dos avisos , e que valia 200 dólares pra que acha-lo. Ele não queria voltar pra família, mais faria esse sacrifício se isso ajudasse a gente.
- E como ele viu os cartazes, Grover?- eu o perguntei.
- Lendo os avisos dãã. Óbvio. - Grover me disse.
Bufei pra ele.
-Claro cara, que bobagem a minha.
- O plano é o seguinte, pegamos esse dinheiro, e compramos passagens pra Los Angeles. - Annabeth disse.
- Sem ônibus, ne? - Percy a perguntou.
- Sem ônibus.- concordou ela.
- Tem uma estação ali na frente, é só seguirmos essa trilha. - ela apontou pra pro final do longo caminho de árvores.
********************************
Passamos dois dias no trem, Percy tentou ser discreto, pois seu rosto estava em vários jornais.
- Cara.- eu lhe disse quando me mostrou o jornal. - Você tá muito ferrado.
- Obrigado, Max. Você diz as melhores coisas pra me animar.
Dei ombros pra ele.
- Não se preocupe, Percy. - Annabeth tentou lhe ajudar.- A polícia dos mortais não vão nos pegar.
Ela não pareceu muito segura do que dizia.
Annabeth sentou do meu lado por algum tempo, conversamos um pouco, ela saiu me contando os filmes que assistiu ,e a maioria era de ficção científica. Quanta surpresa!
No meio da noite me sentei com Grover, o que foi uma péssima ideia, porque ele se movia dormindo, me chutou na canela, eu lhe dei um soco no braço, o que resultou nele se assustando e o seu pé falso cair.
Percy me ajudou a colocar no lugar antes que alguém notasse.
Eu apaguei, acordei com Percy me cutucando no braço.
- Você reclama de mim,mais é bem difícil de acordar também.Sabia?
Me espreguiçei e olhei pra ele.
- Percy. Cale a boca.
- Vamos logo, chegamos a.... Sei lá o lugar.
Annabeth, que ia na frente se virou irritada.
- Caramba, garoto. É o Portal em arco. Está entre uma  das coisas mais bem feitas do mundo.- ela o disse.
- Deixando um lugar enorme pra mim ne loirinha? - eu disse e passei o braço em torno seu pescoço.
- Meus deuses!! Não sabia que você podia ser tão egocêntrica. - ela disse me lançando um sorriso.
Percy franziu a testa, e eu o ouvi perguntar para Grover atrás de nós.
- Desde quando as malucas são amigas?

Maxine Mayfield - O ladrão de raios Onde histórias criam vida. Descubra agora