EU JOGO PINOCHE COM O SR.D

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Não tive sonhos, na verdade eu nunca tinha, sempre fui tranquila em relação a isso então dormi muito bem.
Abri os olhos devagar para me acostumar com a claridade, minha cabeça ainda estava doendo um pouco, desci meu olhar pelo meu braço, mas não tinha nada lá a não ser sangue seco, e nenhuma cicatriz.
Meu corpo não doía nem nada,eu estava em um tipo de cama, em uma enfermaria.
Tinha um copo vazio ao lado da escrivaninha da cama, o ar tinha cheiro de morangos, estava olhando em volta até ouvir uma voz perto de mim.
- O que vai acontecer no solstício de verão?
Era a menina loira de ontem, não compreendi direito o que ela quis dizer e perguntei:
- O que?
Ela olhou em volta, como se estivesse com medo de que alguém ouvisse.
- O que está acontecendo? O que foi roubado? Nós só temos algumas semanas!
Ergui as sobrancelhas pra ela.
- Algo foi roubado? Olha foi mal,mas eu não sei do que você está falando.
Ela pareceu não estar satisfeita com minha resposta.
- Achei que você, pela situação, saberia.
- Situação? Eu só me ferrei até vim parar nesse lugar,que eu nem sei onde é. Desculpe se não tenho a resposta que deseja,senhorita sabe tudo!
Estar em um lugar desconhecido e já chegar fazendo inimizades não era lá muito bom. Ela me olhou de cima a baixo com desdém,do mesmo jeito que aparentou fazer ontem, achei que ia falar algo, mas seus olhos se focaram em algo na porta.
Ela abaixou o copo que segurava, e reparei só agora quem estava na cama, era Percy dormindo com uma calma de dar inveja, a garota se levantou, passou por mim, falou com alguém na porta:
- Acho que já acabei por aqui.
Me lançou um último olhar de desprezo e foi embora.
Mas logo depois entrou um sujeito loiro e forte, como um surfista, sem falar nada ele pegou um banco no canto da enfermaria e se sentou.
Tinha olhos azuis, pelo
menos uma dúzia deles, nas bochechas, nas testas, nas costas das mãos.
Meio bizarro, evitei ficar olhando, e vi mais alguém entrar, era Grover, ele pareceu feliz em me ver.
- Max! Como está? Tá sentindo alguma dor?
Eu ri dele e respondi:
- Não! Tá tudo bem, você apagou feio ontem hein? Tá bem agora?
Sua cara se fechou um pouco e ele falou com a voz um pouco embargada:
- Obrigado...Pelo o que você e Percy fizeram por mim naquele dia. De verdade .
Coloquei minha mão no seu ombro.
- Você é nosso amigo cara, não te deixaríamos pra trás.
Ele sorriu, desci meu olhar pra sua camisa laranja que estava escrito: ACAMPAMENTO MEIO SANGUE, depois pra a caixa de sapatos e perguntei:
- Não me diga que vou ter que usar uma dessas?
- Cuidado.
Ele disse, mais não pra mim, e sim pra Percy que tinha acabado de acordar.
- Hey- o chamei- Você está bem ?
Percy me olhou, parecia um pouco acabado mas conseguiu dizer:
- Acho que sim, e Grover o que é isso?
Ele apontou pra caixa de sapatos que ele segurava.
- Vocês salvaram minha vida - disse Grover. - Eu... bem, o mínimo que eu podia fazer... voltei na colina. Achei que você poderia querer isso.
E depois se virou pra mim.
-Foi mal Max, mas não achei nada da Harpia que você matou.
Harpia? A mulher galinha! Agora eu tava dentro da mitologia, então tecnicamente eu tinha matado algum monstro grego mais não me dei o interesse de saber o nome.
Por fim Grover, reverentemente, colocou a caixa de sapatos no colo de Percy e me aproximei mais para ver.
Dentro havia um chifre de touro branco-e-preto, a base irregular por ter sido quebrada, a ponta salpicada
de sangue seco.
- É do Minotauro?-eu perguntei
- Ahn, Max, não é uma boa idéia...
Mas Percy o interrompeu.
- É assim que o chamam nos mitos gregos, não é? - perguntou - O Minotauro. Meio homem,meio touro.
Grover mudou de posição, pouco à vontade.
- Vocês dois ficaram desacordados por dois dias. Do que se lembra?
- Dois dias Grover? E quando você iria me contar isso?- o questionei
Suas orelhas ficaram rosas.
Ele ia dizer algo mais Percy o cortou.
- Minha mãe. Ela está mesmo...
Reparei que ele olhou pra mim e eu sustentei seu olhar, ele pareceu entender , seus olhos se desviaram para a janela.
- Desculpe - fungou Grover. - Eu sou um fracasso. Eu... sou o pior sátiro do mundo.
- Grover!! Você não é o...
Travei um pouco, vou ter um pouco de dificuldade em me acostumar com ele sendo um sátiro.
Mais ele não me deu ouvidos, grunhiu ,batendo o pé com tanta força que ele saiu, quer dizer, o tênis Converse saiu.
Dentro, estava recheado de isopor, a não ser por um buraco em forma de casco.
- Oh, Styx! - murmurou ele.
Um trovão ecoou no céu claro.
Enquanto ele lutava para pôr o casco de volta no falso pé, pensei: Bem, isso deve resolver as coisas.
Grover era um sátiro. Podia apostar que, se raspasse o cabelo castanho cacheado, encontraria pequenos
chifres em sua cabeça.
Se eu o chamasse de chifrudo, isso seria bullying?
Grover estava encolhido, parecia estar esperando levar um murro,desejei que Percy falasse alguma coisa.
- Não foi sua culpa - ele disse por fim.
- Foi, sim. Eu devia protegê-lo.
- Minha mãe pediu para você me proteger?
- Não. Mas é isso que faço. Sou um guardião. Pelo menos... eu era.
- Você ainda é Grover, não foi assim tão horrível,está bem? -eu disse
- Mas por que...
Percy iria perguntar algo mas pareceu ficar tonto.
- Aqui.
O ajudei a segurar o copo e eu levei o canudinho aos seus lábios.
Parecia um suco de maçã, o cheiro era bom mas o gosto não devia ser lá essas coisas.
A bebida não era quente, porque os copos de gelo não tinham nem derretido, Percy tomou tudo, me agradeceu ,e eu coloquei o copo de volta na mesa.
- Estava bom? - perguntou Grover.
Percy fez que sim com a cabeça.
- Que gosto tinha?
Ele pareceu tão suplicante que me perguntei se não tinha mais do suco esquisito pra ele.
- Desculpe. Devia ter deixado você provar.- Percy disse
Os olhos dele se arregalaram.
- Não! Não foi isso que eu quis dizer. Eu só... fiquei curioso.
- Biscoitos com pedacinhos de chocolate - Percy disse. - Os da minha mãe. Feitos em casa.
Olhei pra ele, que tinha acabado de tomar algum suco e sentiu gosto de biscoito, será que tinha alguma droga nisso?
Ia perguntar mas Grover indagou Percy.
- E como se sente?
- Como se fosse capaz de jogar Nancy Bobofit a cem metros de distancia.
-Como eu adoraria fazer isso- falei e vi o canto da sua boca se erguer, já era alguma coisa pelo menos.
- Isso é bom - disse Grover . - Mas não acho que você deva se arriscar a tomar mais disso aí.
- O que quer dizer?
Ele pegou o copo com cautela, como se fosse dinamite, e o colocou de volta na mesa.
- Vamos. Vocês dois, Quíron e o sr. D estão esperando.
A varanda circundava toda a casa da fazenda.
Senti as pernas fraquejando tentando andar toda aquela distância.
Grover se ofereceu para carregar o chifre do Minotauro, mas Percy o segurou com mais força, pra ele,esse chifre poderia ser a última lembrança que ele teve de sua mãe.
Quando demos a volta até o lado oposto da casa, parei para recuperar o fôlego.
Ali era lindo, eu tinha que confessar,tinha crianças e adolescentes para todo lado, um típico acampamento de verão, tinha 13 chalés parecendo monumentos gregos, o que me chamou atenção foi o 4° chalé, era roxo e tinha algumas pedras brilhosas enfeitando a porta, parecia nunca ter sido usado, reparei que essas construções faziam um U, e decidi que, aquele lugar era um dos mais bonitos que eu já tinha visto.
Na extremidade da varanda, dois homens estavam sentados frente a frente em uma mesa de carteado. A
menina de cabelos loiros cacheado metida estava apoiada no gradil da varanda, ao lado deles.
O homem de frente para mim era pequeno, mas gorducho. Tinha nariz vermelho, grandes olhos chorosos e cabelo cacheado tão preto que era quase roxo.
A primeira impressão que tive foi que esse cara concerteza gostava de tomar algumas.
-Aquele é o sr. D - murmurou Grover para nós. - Ele é o diretor do acampamento. Sejam educados. A menina é Annabeth Chase. Ela é só uma campista, mas está aqui há mais tempo que quase todo mundo. E vocês,acho que já conhecem Quíron...
Ele apontou para o cara que estava de costas para mim.
O analisei bem,depois meu queixo caiu, o que meu professor de latim fazia aqui?
- Sr. Brunner! - Percy exclamou.
- Ah bom, Max, Percy! - disse ele. - Agora já temos cinco para o pinoche.
Ele me ofereceu uma cadeira à direita do sr. D, e Percy a sua esquerda, assim que nos sentamos ele soltou um grande suspiro.
- Ah, suponho que devo dizer isto. Bem-vindos ao Acampamento Meio-Sangue. Pronto. Agora, não espere que eu esteja contente em vê-los.
- Valeu.- disse eu.
A minha pessoa não era nem um pouco simpática, mas quis mostrar que tinha um pouco de educação que Mary me ensinou.
- Ahn, obrigado. - disse Percy e se afastou um pouco dele.
- Annabeth? - o sr. Brunner chamou a menina loira.
Ela avançou e o sr. Brunner nos apresentou.
- Esta mocinha cuidou de você até que ficasse bom, Percy. Annabeth, minha querida, por que não vai verificar o beliche de Percy e da Max? Vamos instalá-los no chalé 11 por enquanto.
Annabeth disse:
- Claro, Quíron.
Ela provavelmente tinha a minha idade, talvez fosse uns cinco centímetros mais alta, e tinha a aparência muitíssimo mais atlética.
Com seu bronzeado intenso e o cabelo loiro cacheado, ela era da Califórnia, sabia reconhecer de longe isso, mas não foi com minha cara e aparentemente nem eu com a dela.
Ela deu uma olhada pra mim e empinou o nariz, depois pro chifre de minotauro na mão de Percy e então pra ele.
Pensei que ela ia falar algo como:Isso não foi nada garoto,eu como minotauro no café da manhã e harpias fritas no almoço! Em vez disso, ela disse:
-Você baba quando está dormindo!
Eu tampei minha boca com a mão para tentar parar minha risada, a garota podia ser metida, mas tinha bom humor .
Depois disso ela saiu correndo pelo gramado, os cabelos loiros esvoaçando atrás dela.
Percy percebeu o que eu estava fazendo, me lançou um olhar feio e se virou para o Sr Brunner, tentando parecer casual.
- Então - ele disse parecendo ansioso por mudar de assunto -O senhor, ahn, trabalha aqui, sr. Brunner?
- Sr. Brunner não - disse o não ex Brunner.-Lamento, era pseudônimo. Vocês pode me chamar de Quíron.
- Combinado.-ele disse
Estava um pouco chocada, mentira que o Quíron das histórias era meu professor de latim, Percy parecia não ter se ligado ainda.
- E sr. D... significa alguma coisa?- disse Percy.
O sr. D parou de embaralhar as cartas. Olhou para ele como se tivesse acabado de arrotar alto.
- Rapazinho os nomes são coisas poderosas. Você simplesmente não sai por aí os usando sem motivo.
- Ah. Certo. Desculpe.
Percy foi educado, isso sim era algo que não se via todo dia.
- Devo dizer a vocês- interrompeu Quíron-Que estou contente em vê-los com vida. Já faz um bom tempo desde que fiz um atendimento domiciliar a um campista em potencial. Detestaria pensar que tinha perdido meu tempo.
- Você não faz muito isso? - falei algo depois de um tempo.
- Atendimento domiciliar?- Quíron me perguntou.
- É.
- Não muito. O ano que passei na Academia Yancy para instruí-los. Temos sátiros de prontidão na maioria das escolas,
é claro. Mas Grover me alertou assim que os conheceu. Ele sentiu que vocês eram especiais então decidi ir lá.
Convenci o outro professor de latim a... ah, tirar uma licença.
- Você usou a névoa, certo? - perguntei
Seus olhos se voltaram para mim parecendo genuinamente curioso ao me analisar.
- Sim senhorita, você se lembra de outro professor lá?- ele mecheu as mãos inquieto esperando minha resposta.
Forcei minha mente, lembro de quando exatamente Quíron entrou,mais não me lembro de ninguém antes.
- Não senhor.- respondi.
Ele pareceu decepcionado.
- Certo, ficaria surpreso se lembrasse, tive que forçar a névoa mais que o necessário.- disse Quíron.
- Você foi a Yancy só para ensinar nós dois ?- Percy disse
Quíron assentiu.
- Honestamente, de inicio eu não tinha muita certeza a respeito de vocês, se pareciam apenas com crianças baderneiras. Mas mesmo assim contatamos seus responsáveis e informamos que estávamos de olho em vocês,para o caso de estar pronto para o Acampamento Meio-Sangue.
Mas vocês ainda tinham muito a aprender. Não fiquem chateados, chegaram aqui vivos, e esse é sempre o primeiro teste.
- O 1°? - perguntei quase em um sussuro.
A onde eu fui me meter?
- Grover - disse o sr. D com impaciência -Vai jogar ou não?
- Sim, senhor! - Grover tremeu quando se sentou na quinta cadeira, embora eu não soubesse por que ele
deveria ter tanto medo de um homenzinho gorducho de camisa havaiana com estampa de tigre.
- Você sabe jogar pinoche? - indagou o sr. D olhando para nós com desconfiança.
Felizmente eu jogava isso com meu pai e Anthony as vezes, respondi:
- Sim senhor.
Eu fiz minha jogada e ele pareceu satisfeito.
Seu olhar parou em Percy esperando sua resposta.
- Infelizmente não - disse ele
- Infelizmente não, senhor - disse o Sr.D
- Senhor - repetiu.
Esse cara devia ser um belo pé no saco, Percy não parecia ter simpatizado muito com ele.
- Bem - ele lhe disse como se falasse de um manual- Esse é, juntamente com as lutas de gladiadores e o Pac-Man, um dos melhores jogos já inventados pelos seres humanos. Imaginava que todos os jovens civilizados, como sua amiga ruivinha ai, conhecessem as regras.
- Estou certo de que o menino pode aprender - disse Quíron.
- Por favor - Percy suplicou -O que é este lugar? O que estou fazendo aqui? Sr. Brun... Quíron, por que iria à
Academia Yancy só para ensinar eu e a Max?
O sr. D bufou.
- Fiz a mesma pergunta.
O diretor do acampamento deu as cartas. Grover se encolhia a cada vez que uma caía na sua pilha.
Quíron sorriu para Percy como se entendesse suas dúvidas .
- Percy - disse ele -, sua mãe não lhe contou nada?
- Ela disse...
Ele pareceu ficar triste de novo e quase xinguei Quíron, ele já tinha se distraído disso um pouco.
- Ela me contou que tinha medo de me mandar para cá, embora meu pai quisesse que ela fizesse isso.
Disse que uma vez aqui, provavelmente não poderia sair. Queria me manter perto dela.- Percy disse meio abalado.
- Típico - disse o sr. D - É assim que eles normalmente são mortos.
Aii!!Que cara insensível não se fala assim com um garoto que viu a mãe morrer bem na sua frente.
-Rapazinho, você vai fazer um lance ou não vai?-continuou ele.
- O quê? - Percy perguntou.
Ele explicou, impacientemente, como se faz um lance em pinoche, e Percy fez.
- Lamento, mas há coisas demais a contar - disse Quíron. - Receio que nosso filme de orientação não seja
suficiente.
- Filme de orientação? - perguntou ele .
Então Quíron começou a falar de como os deuses são bem reais.
Percy olhou ao redor e eu só conseguia encarar o Pinoche, enquanto isso ouvi Sr D gritar.
- Oh, um casamento real. Truco! Truco! - Ele gargalhou enquanto contava os pontos.
- Sr. D - perguntou Grover timidamente -Se não for comê-la, posso ficar com sua lata de Diet Coke?
- Hein? Ah, está bem.
Olhei pra ele que mordeu um grande pedaço da lata de alumínio vazia como se fosse um bolo e a mastigou tristemente.
- Espere - Percy disse a Quíron -Está me dizendo que existe algo como Deus.
- Bem, vamos lá - disse Quíron. - Deus - com D maiúsculo, Deus. Isso é outro assunto. Não vamos lidar
com o metafísico.
- Metafísico? O que seria o metafísico?- eu perguntei
- Ah, deuses, no plural, grandes seres que controlam as forças da natureza e os empreendimentos humanos; os deuses imortais do Olimpo. Essa é uma questão menor.
- Então você está falando dos deuses da sua aula?-perguntei
-Hades,- continuei- Perséfone, Hécate . Você quer dizer, esses.
- Garotinha - disse o sr. D - Se eu fosse você, seria menos negligente quanto a ficar soltando esses
nomes por aí.
- Anh....Certo.- disse eu
- Mas são historias - Percy insistiu.
- São... mitos, para explicar os relâmpagos, as estações e tudo mais. Era nisso que as pessoas acreditavam antes de surgir a ciência.
Percy deu aula agora, não sabia que ele guardava essas informações.
- Ciência! - zombou o sr. D. - E diga-me, Perseu Jackson - vi meu amigo se encolher.
-O que as pessoas pensarão da sua ciência, daqui a milhares
de anos? Humm? Irão chamá-la de baboseiras primitivas. É isso o que irão pensar. Ah, eu adoro os mortais... ele não têm a menor noção de perspectiva. Acham que já chegaram tãããão longe. E chegaram,
Quíron? Olhe para esse menino e diga-me.
- Olha- disse Quíron - Vocês podem escolher entre acreditar ou não, mas o fato é que imortal significa imortal. Pode imaginar isso por um momento, não morrer nunca? Existir, assim como você é, para toda a eternidade?
- Deve ser horrível.- eu disse me imaginando no mundo sem minha família, até Cindy faria falta ( não a conte isso).
- E é .-Quíron disse.
- Você quer dizer, quer as pessoas acreditem em você ou não - disse Percy.
- Exatamente - concordou Quíron. - Se você fosse um deus, gostaria de ser chamado de mito, de uma
velha historia para explicar os relâmpagos?E se eu contasse a você, Perceu Jackson que um dia as pessoas vão chamar você de mito, criado apenas para explicar como menininhos podem sobreviver à
perda de suas mães?
Chegou minha vez no Pinoche, joguei o dardo com mais força que o necessário, aquilo não tinha necessidade de ser dito.
- Eu não gostaria disso. Mas não acredito em deuses.- Percy disse.
- Oh, é melhor mesmo - murmurou o sr. D. - Antes que um deles o incinere.
Grover disse:
- P-por favor, senhor. Ele acaba de perder a mãe. Está em estado de choque.
- Uma sorte, também - resmungou o sr. D, jogando uma carta. - Ruim mesmo é estar confinado a esse
trabalho deprimente, com meninos que nem mesmo têm fé!
Ele acenou e uma taça apareceu sobre a mesa, como se a luz do sol tivesse momentaneamente se
encurvado e transformado o ar em vidro. A taça se encheu de vinho tinto.
Eu tinha que concordar aquilo era incrível, mais então eu reparei, ele fez aparecer vinho, o modo como ele falou com Percy insinuou que ele não era só o diretor do acampamento, e como Grover tinha medo dele.
Eu estava na frente de um Deus! Ele era Dionísio, o deus do vinho, teatro, e sei lá mais o que, eu deveria fazer algo?
Tipo me curvar ou algo assim? No fim resolvi continuar casual e olhei pra ele.
- Senhor D - Quíron advertiu -As suas restrições.
O sr. D olhou para o vinho e fingiu surpresa.
- Ora vejam. - Ele olhou para o céu e gritou: - Velhos hábitos Desculpe!
O céu estremeceu.
O sr. D acenou outra vez e a taça de vinho se transformou em uma nova lata de Diet Coke. Ele suspirou,
infeliz, abriu a lata e voltou ao seu jogo de cartas. Eu queria poder invocar coca-cola de vez enquanto.
Quíron piscou para nós.
-O sr. D irritou o pai dele tempos atrás, sentiu-se atraído por uma ninfa dos bosques que tinha sido declarada inacessível.
- Uma ninfa dos bosques- Percy repetiu atônito.
- Sim - confessou o sr. D. - O pai adora me castigar. Na primeira vez, Proibição. Horrível! Dez anos absolutamente terríveis! Na segunda vez... bem, ela era mesmo linda, não consegui ficar longe... na segunda vez, ele me mandou para cá. Colina Meio-Sangue. Acampamento de verão para fedelhos como
vocês. ―Seja uma influencia melhor- ele me disse. ―Trabalhe com os jovens em vez de arrasar com eles.
-Ah! Que injustiça.
O sr. D parecia ter 5 anos de idade como uma criança mimada quando não conseguia o que quer.
- E... - Percy gaguejou - o seu pai é...
- Di immotales, Quíron - disse o sr. D. - Pensei que você tinha ensinado o básico a este menino. Meu pai é Zeus, é claro.
- Você é Dionisio - Percy - O deus do vinho.
O sr. D revirou os olhos.
- Como eles dizem hoje em dia, Grover? As crianças dizem:Fala sério?
- S-sim, sr. D.
- Então, fala sério, Percy Jackson. Achou o quê; que eu fosse Afrodite?
Se Afrodite fosse assim, eu não iria querer conhecer os outros deuses.
Enquanto isso Percy ainda estava chocado.
- Você é um deus.
- Sim, criança.
- Um deus. Você.
Ele se virou para o olhar diretamente nos olhos, deve ter lhe mostrado algo mas não sei o que era.
- Gostaria de me testar, criança? - disse em voz baixa.
- Não. Não, senhor.
Ele voltou ao jogo de cartas.
- Acho que ganhei.
- Não exatamente sr. D - disse Quíron. Ele baixou uma seqüência, contou os pontos e disse: - Eu ganhei.
Achei que o sr. D fosse transformar Quíron em pó em sua cadeira de rodas, mas ele apenas suspirou pelo nariz, como se estivesse acostumado a ser batido pelo professor de latim. Pôs-se de pé, e Grover
levantou-se também.
- Estou cansado - disse o sr. D. - Acho que vou tirar uma soneca antes da cantoria desta noite. Mas primeiro, Grover, precisamos conversar de novo sobre seu desempenho para lá de imperfeito nessa missão.
O rosto de Grover cobriu-se de gotículas de suor.
- S-sim, senhor.
O sr. D voltou-se para mim.
- Chalé 11, Percy Jackson e Maxine Mayfield. Cuidado com seus modos.
Ele se afastou para dentro da casa, com Grover o seguindo arrasado.
- Grover vai ficar bem? - perguntei a Quíron.
Quíron assentiu, embora parecesse um pouco perturbado.
- O velho Dionisio não está realmente zangado. Ele apenas detesta seu trabalho. Ele foi... ahn, confinado à Terra, pode-se dizer, e não pode aguentar ter de esperar mais um século antes de ser autorizado a
voltar ao Olimpo.
- O Monte Olimpo - Percy disse - Você está me dizendo que realmente existe um palácio ali?
- Bem, agora há o Monte Olimpo na Grécia. E há o lar dos deuses, o ponto de convergência dos seus poderes, que de fato costumava ser no Monte Olimpo. Ainda é chamado de Monte Olimpo, por respeito às
tradições, mas o palácio muda de lugar, assim como os deuses.
- Você quer dizer que os deuses gregos estão aqui? Tipo... nos Estados Unidos?- eu perguntei
- Bem, certamente. Os deuses mudam com o coração do Ocidente.
- O quê? - perguntou Percy
Lá se foi mais uma explicação gigantesca de Quíron.
Após a sua mini aula, Percy fez uma excelente constatação.
- E então eles morreram.
Lhe dei um tapa na cabeça.
- Quíron acabou de dizer que eles são imortais, o que você entende disso?
- Ah. - essa foi sua resposta.
Quíron continou com sua explicação, após ele terminar de falar, eu comecei a pensar melhor.
Aquilo tudo pareceu estranho, mas também fazia sentido, e o jeito que ele falou, como se fizéssemos parte do mesmo clube era algo a se questionar.
- Quem é você, Quíron? Quem... quem eu sou?- Percy perguntou.
- A pronto, deu pra filosofar agora?-perguntei e ele me abriu um sorriso.
Quíron mudou de posição como se fosse levantar, isso eu queria ver, nas histórias diziam que ele era metade cavalo.
- Quem é você? - ele ficou pensativo. - Bem, essa é a pergunta que todos queremos ver respondida, não
é? Mas, por enquanto, temos de lhe arranjar um beliche no chalé 11. Ali haverá novos amigos para conhecer. E tempo à vontade para as aulas amanhã. Alem disso, haverá guloseimas em volta da fogueira
esta noite, e eu simplesmente adoro chocolate.
E então ele se levantou da cadeira de rodas. Se transformou em metade cavalo branco, aquilo de fato me surpreendeu, sempre achei que ele fosse marrom!
- Que alívio - disse o centauro. - Fiquei tanto tempo confinado lá dentro que minhas juntas adormeceram.
Agora venham. Vamos conhecer os outros campistas.

Maxine Mayfield - O ladrão de raios Onde histórias criam vida. Descubra agora