Só estávamos tentando seguir em frente, mesmo com a chuva, e ter acabado de sair viva por pouco do ataque da Sra.Dodds e suas irmãs monstrengas. Eu queria parar, me jogar no chão e dormir por uns 4 dias, mais Annabeth nos fazia seguir em frente dizendo:
- Vamos! Quanto mais longe chegarmos, melhor.
Me lembrei de mecher na mochila, tentando ver o que Cindy tinha colocado pra mim, e se possível fiquei ainda mais triste.
- Nós deixamos nosso dinheiro pra trás.- eu murmurei infeliz- Um bom dinheiro.
- Nós deixamos comidas e roupas também. -Percy me lembrou.-Tudo.
Annabeth se irritou.
- Bem se você decidisse não entrar na briga...
- O que queria que eu fizesse? Deixar vocês serem mortos?
Eles seguiram discutindo, e eu decidi ficar atrás com Grover, que estava balindo triste.
- Uma sacola de latas...Perfeitamente boa.
Só ergui as sobrancelhas pra ele, dinheiro com certeza foi mais importante de ter perdido,mas não falei nada.
Continuamos andando e meu estômago roncava de fome, Grover estava mechendo no seu bolso, até tirar algo. Que não deu pra descobrir de primeira o que era, porque senti como se alguém tivesse berrando perto do meu ouvido.
- Aii! Meu deus Grover, desliga isso.-disse eu com as mãos no ouvido.
Ele só me olhou animado, parece que minha reclamação não surgiu efeito.
- Minhas flautas de bambu funcionam, Max. Sabe o que isso quer dizer?
- Que você é péssimo tocando esse troço?
Ele revirou os olhos pra mim, e sua expressão murchou um pouco. Estava prestes a falar que não disse por mal mais ele me interrompeu.
- Se eu pelo menos soubesse a música "achar caminho" poderíamos sair desses bosques.
- Bom. Se você não sabe, melhor guardar não acha?
Ele me olhou torto, mais guardou.
Chegou a um ponto que só se podia ver era a luz da lua. Entre as árvores pude ver uma silhueta, idêntica com a do Percy trombar de cara com uma árvore. Eu gargalhei alto,e tive minha suspeita confirmada quando ele disse:
- Max! Cale a boca.
- Eu nem tô falando nada garoto.
- Mas eu conheço sua risada.
Depois daquilo brinquei com a cara dele mais um pouco e eu consegui ver ele dar um mínimo de sorriso.
Aquilo estava bom pra mim, pareceu que andamos 1.300 quilômetros até acharmos um lugar com luzes neon.
Era beira de estrada finalmente, tinha um posto de gasolina, uma loja com algumas coisas esquisitas dentro, e um cheiro maravilhoso de comida. Paramos do outro lado da rua.
- Que diabos quer dizer aquilo?- Percy perguntou.
- Eu não sei.- respondeu Annabeth.
Olhei pra onde eles apontavam,as vezes eu esquecia que todos os semideuses que eu conhecia, tinham dislexia. Eu não puxei essa parte da família. Incrível não é?
- Empório de Anões de jardim da Tia Eme.- eu traduzi pra eles.
Grover olhava pro lugar um pouco inquieto, eu senti uma queimação na nunca, olhei pra trás e para os lados, mais não tinha nenhuma fúria ao redor.
Eles atravessaram a rua, e a loja misteriosa pareceu ficar mais assustadora.
- As luzes estão acesas lá dentro.- disse Annabeth- Talvez esteja aberto.
- Lanchonete.- disse Percy ansioso.
- Lanchonete.- concordou ela.
- Esse lugar não parece bom.- eu disse analisando a loja.
- E você está certa.-Grover disse.- Isso aqui é esquisito.
Eu estava prestes a falar que devíamos dar meia volta, mas Percy e Annabeth só nos ignoraram e seguiram andando na frente. Mesmo não querendo, eu e Grover tivemos que os acompanhar. O terreno na frente parecia um mar de estátuas, a expressão das pessoas... Pareciam que estavam vendo uma coisa horrível, uma das estátuas era a de um sátiro,como Grover.
- Bééé!-baliu- Parece meu tio Ferdinando!
Franzi a testa pra ele, agora estávamos em frente o armazém,eu escutava sussurros sem sentido, me virei pra trás e não tinha ninguém. De novo.
- Não batam!- implorou Grover- Sinto cheiro de monstros.
- Devemos ir embora.Agora! - disse eu.
Annabeth se virou para nós, e se eu não conhecesse o básico sobre ela diria que estava chapada, seus olhos estavam relaxados, coisa que não tava assim antes de chegarmos a esse lugar. Uma espécie de luz branca parecia rodear ela e Percy.
- Vocês não estão pensando direito galera. E Grover, seu nariz deve estar congestionado por causa das fúrias. O cheiro de comida está ótimo, não estão com fome?
Eu estava, mas não iria falar nada. Uma das coisas que Sr.D havia me dito era que não se devia falar nomes assim por aí .Annabeth sempre pensava demais, e nunca falaria desse jeito.
Os três começaram a dizer alguma coisa que não prestei atenção, e eu só conseguia olhar pras estátuas. Que pareciam me chamar, principalmente a de uma garota que parecia ter uns 10 anos, com uma cesta de chocolates na mão, sua expressão era a de puro horror, me aproximei cada vez mais dela.
Quando cheguei mais perto ouvi um grito horrível, parecia que era de um homem. Me assustei e olhei para os lados, Grover estava me chamando com a mão, mais continuei indo em direção oposta da dele.
Os gritos ficaram mais altos e pareciam vir de todos os lados, ao meu redor tinham tantas estátuas que formavam um tipo esquisito de labirinto, meu coração estava disparado, fui indo em frente me deparar com uma estátua pequena, de um menino que estava dando o braço a sua mãe. Os dois tinham sido moldados,parecendo estar com muito medo.
Quase desmaiei de susto, quando senti uma mão gelada, como a neve tocar meu ombro, suas unhas eram parecidas com garras.
- Está perdida, querida?
Me virei para a voz, que em contraste com os gritos parecia um sussurro calmo. Ela uma mulher que estava toda de preto, com um véu na cabeça ela parecia que tinha fugido de um enterro.
- Eu...Eu estava com meus amigos.- eu consegui dizer a ela.
Misteriosamente, assim que ela chegou os gritos pararam.
- Venha! Você deve ser da caravana do circo. A muito tempo eu não tenho clientes.
Ela tentou me puxar com a mão mais eu a tirei.
- Eu sei andar sozinha, obrigado.
Não dava pra ver seus olhos, mais tinha certeza que eles estavam raivosos pra mim agora.
Caravana de circo... Aposto que isso foi ideia do Percy.
Ela trancou a porta assim que passei por ela, Grover pareceu aliviado ao me ver, no fundo do armazém tinha um balcão com uma grelha e o cheiro estava bom.
- Por favor, sentem-se .- disse Tia Eme.
- Nós não temos dinheiro.- eu disse
- A não querida, sem dinheiro. Esse é um caso especial para órfãos, certo?
Nada era tão bom assim, me sentei e fiquei encarando a dona,que por mais que tentasse, não parecia gentil.
- Obrigada, senhora.- disse a loirinha.
A mulher hesitou, encarando Annabeth como se ela estivesse feito algo feio. Depois decidiu que tinha que manter as boas aparências.
- Não tem de que, Annabeth.- disse Tia Eme- Você tem olhos cinzentos tão bonitos, criança.
- Mais ela não disse o nome a você.- eu falei.
- Eu sempre achei que a 1° filha era sempre a mais educada. Pelo jeito não foi o caso, não é querida?
Franzi a testa pra ela, eu não era nem a mais nova, nem a mais velha na minha casa.
- Você não teve filhos?
-Maxine! Não seja inconveniente.- Annabeth me disse.
- Não tem problema querida.-tia Eme lhe lançou um olhar duro.- Isso foi tirado de mim, a um tempo atrás. Mais agora tudo vai se acertar não é?
Não sabia do que ela estava falando, me assustei quando ela veio com muita comida pra gente.
Ela colocou um milk-shake, cheeseburger, e batata frita pra mim. Meu estômago roncou de fome, mais eu não toquei na sua comida. Ela se sentou a nossa frente, observando eles comerem.
Eu queria muito ir embora, nesse momento.
Eu balançava minhas pernas ansiosa, esperando eles terminarem pra gente ir embora.
Percy começou a puxar assunto com ela, que contou sua história. Essa que que se parecia com a da... Medusa.
Merda, tudo batia. O véu,pra ninguém olhar diretamente pra ela, porque seria transformado em pedra.
As estátuas, tudo fazia sentindo.
Me levantei depressa. Annabeth pareceu entender algo também.
- Acho que já tá na nossa hora. Não é pessoal?- eu perguntei.
- Sim!! Quero dizer... A caravana deve estar nos esperando.- Annabeth disse.
- Ah, que olhos cinzentos bonitos. Fazia tempo que eu não via um como esses.- disse Eme disse e tentou tocar nela, que se afastou mais.
- Precisamos mesmo ir.
- Sim!- Grover engoliu um papel de toalha rapidamente.- O mestre de cerimônias deve estar nos procurando.
- Por favor crianças. É tão raro eu estar com alguém por aqui.-implorou tia Eme.
Ela olhou pra mim e disse;
- Não aceitariam tirar uma foto?
- Não.Entenda, está na nossa hora.- eu a afastei.
Um mostro sabia ser insistente, tínhamos que dar o fora mas Percy não estava ajudando.
- Por que não? É só uma foto, qual é o problema?-perguntou Percy.
- É Maxine, qual é o problema?
Eu também não tinha falado meu nome pra ela.
Eu fiz uma careta pra Percy, mais aceitei ir lá fora, ser morta.
Por causa da idiotice do meu melhor amigo.
Tia Eme me pôs do lado de Percy, esse que assim que vi que a tia não estava olhando, dei um tapa forte na sua nuca.
- Max!- ele me olhou indignado.- Qual é o seu problema?
- Meu problema? Qual que é o seu? Você é um idiota que vai nos matar por pura lerdeza.
Ele franziu a testa,e eu queria gritar.
- Não sei do que está falando.
- Percy, é essa mulher. Ela é um....
- Tudo certo, queridos?- Tia Eme pareceu sorrir para nós, na mão ela tinha nenhuma câmera.
- Onde está sua câmera? - eu perguntei.
Ela deu um passo pra trás como se fosse admirar a foto, Grover olhou para a estátua do sátiro.
- Aquele parece mesmo o tio Ferdinando!-Grover exclamou.
- Agora vocês podem sorrir pra mim crianças? Não tem ninguém que consegue não gritar.
- Pulta merda.- eu sussurrei.
- Percy...- Annabeth tentou chamar ele mais não deu certo, ele parecia hipnotizado.
- Não vai demorar um segundo. Esperem um pouco, eu não consigo ver direito por causa desse maldito véu...
Annabeth olhou pra mim e eu vi o pânico nos seus olhos, de repente, parecia que nos conhecíamos a anos e eu sabia o que devia fazer.
- Aquele é o tio Ferdinando!- disse Grover em pânico.
- Não olhem pra ela!!- disse Annabeth, que colocou seu boné, e puxou Grover pro lado.
Puxei Percy pro outro,mais ele, em vez de correr ficou lá sentado no chão. Eu me escondi atrás de uma das estátuas, e entrei onde estava antes, consegui ver a estátua do garotinho de novo.
Eu conseguia ver Percy de onde eu estava. Ele subiu o olhar pra a cabeça da Tia Eme.
- Percy!! Não olhe!- eu gritei pra ele.
- Corra!- Grover disse a ele, e levantou voo nos tênis idiotas que Luke deu.
Estávamos assim: Grover estava voando tentando não trombar nas estátuas e eu estava brincando de pega-pega com a medusa. Alguém tinha que a distrair, por enquanto não tínhamos um plano.
- Hey tia! Por que você não vem me pegar?
Ela grunhia de raiva, não me achava de jeito nenhum, isso tava dando certo, eu acho. Andando por uma das colunas, tombrei com algo visível.
- Escute. Vou tentar chamar Percy pra cá, vá pelo outro lado, e tente não olhar pra ela, ok?
Aquilo era Annabeth, sem dúvidas. Só sussurrei um "ok" pra ela e fui para outro lado. Grover conseguiu acertar uma paulada na Medusa durante esse tempo.
Assim que cheguei do outro lado, saquei minha espada, e fui até a Medusa que estava quase perto de Percy. Ele segurava algo, pra ver ela pelo reflexo.
- Você não machucaria uma velhinha, Percy. Sei que não faria isso.
Percy hesitou, segurando o espelho da sua mão, essa era a minha chance. Cheguei mais perto dela e assim que iria cravar a espada na suas costas ela se virou.
Segurou o braço que eu iria mata-la e apertou, senti suas unhas se enfiarem na minha pele. Me puxou mais pra perto, me obrigando a olhar no fundo dos seus olhos, que tinham uma cor doentia de verde, parecida com lodo.
- Não!!-ouvi Annabeth gritar.
Quando eu olhei para os seus olhos eu consegui ver, todas as pessoas que ela transformou em pedra, o seu desespero, e seus gritos.
Por um momento acho que fiquei hipnotizada também.
Mas os gritos eram torturantes.
Percy, assim que me viu pelo reflexo, se virou e eu vi a espada passar em torno do pescoço dela.
Sua cabeça caiu sem vida no chão, saindo um líquido verde dela.
- Max!! Tá tudo bem? Max!?
Percy estava na minha frente me segurando pelos ombros.
Eu acordei do meu transe e encarei ele.
- Que?
Annabeth se tornou visível e me encarava com algo parecido com.... Admiração, eu notei.
- Você... Você olhou pra ela. Como ainda está aqui?
- Eu não....Não sei o que acabou de acontecer, pra ser bem sincera.
Eu mechi as mãos inquieta, agora Grover e Percy estavam me encarando como se a qualquer momento eu fosse explodir.
- Vocês podem parar de me encarar desse jeito?
Percy e Grover se olharam e pararam de me olhar, Annabeth piscou e parou também.
- Temos que embrulhar a cabeça.- disse ela e pegou um saco preto.
Antes dela se abaixar pra pegar eu a interrompi.
- Eu pego.
- Uh. Certo.
No lugar de cabelo a Medusa tinha várias cobras, peguei ela com as duas mãos, tentando não encostar no líquido verde e fechei o saco, depois disso nos sentamos no balcão, com a cabeça dela no banco, todo mundo tinha uma cara enjoada no rosto.
Olhei pra comida que Tia Eme tinha colocado na minha frente, ainda estava intacta, e bem cheirosa.
Para mim,que ainda não tinha comido nada.
Comecei a comer, e pra confessar aqui, estava delicioso. Annabeth me encarou enjoada.
- Como você consegue comer depois de tudo isso?
- Comendo ue.- dei ombros pra ela- Eu estou morrendo de fome.
- Maxine, você é esquisita.
- Vou considerar isso como um elogio vindo de você loirinha.
Percy estava com uma cara muito estranha. Ele olhou pra Annabeth e disse :
- Então devemos agradecer Atena por esse monstro?
Eles começaram a brigar, eu já tinha terminado de comer, e estava tomando meu milk-shake.
Ele se levantou abruptamente.
- Volto já.
-Percy o que você...- Grover começou a dizer.
Nos olhamos, eu dei ombros e segui o maluco pra ver o que ele ia fazer. Milk-shake de baunilha era, com certeza, o meu favorito.
Quando o vi pegar a cabeça da Medusa e manda-la, de algum jeito pro Olimpo eu sorri.
Esse era o Percy que eu conhecia.
- Incrível.- eu disse.
- Não, nada de incrível. Os deuses não vão gostar disso.- Annabeth alertou.- Vão acha-lo impertinente.
Ele olhou para Annabeth, seus olhos brilhando em desafio.
- Eu sou impertinente.
Ela suspirou derrotada, parecia aceitar que Percy era um idiota .
- Vamos.- murmurou ela.- Precisamos de um novo plano.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Maxine Mayfield - O ladrão de raios
خيال (فانتازيا)Max sempre morou na Califórnia ,mas uma visita na diretoria com seu pai faz a sua vida mudar completamente. Tendo que ir para Nova York ela encontra Percy Jackson, a primeira pessoa que ela vai conversar nessa cidade esquisita, juntos eles enfrent...