CINDY MAYFIELD

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O espaço a onde Quíron me levou era, de todo jeito, incrível. E eu não falo pela vista que se tem do acampamento, das árvores, nem do lago.
Na minha frente tinha um círculo, com cinco pequenas pedras ao redor, elas pareciam querer sair do chão, como se fossem muito maiores do que aparentavam, gravadas em suas pequenas partes que apareciam havia vários símbolos que eu não soube reconhecer a não ser pela estrela, a mesma que apareceu em cima da minha cabeça.
Aquilo era obra de Hécate, sem nenhuma dúvida.
- Aqui vai ser o treinamento de seus poderes, o combate corpo a corpo, e lutas com espadas você vai treinar com os campistas que estão aqui a mais tempo, na arena.
Fiquei encarando o círculo de pedras por tanto tempo que me assustei com Quíron falando.
- Espera um pouco aí. Você disse poderes?
- Sim, eu disse.Você adquiriu algumas habilidades de sua mãe eu suponho.
Ele levantou uma sobrancelha esperando que eu confirmasse.
- Não sei do que está falando.
Ele suspirou, como se prevesse que eu não iria aceitar tão fácil.
- Grover andou me contando algumas coisas, mas eu quero ouvir de você.
Troquei o peso de um pé para outro me sentindo desconfortável.
O que Gover teria que contar a Quíron de tão importância sobre mim?
- Como foi exatamente que você matou aquela primeira harpia que você encontrou?
Me forcei a lembrar, a doida nos encontrou no armazém e simplesmente foi pra cima, mas eu sabia que não era isso que ele queria saber.
- Ficamos encurralados em um beco, Grover foi pra cima dela e...
Não sei se deveria continuar, a percepção de como aquilo aconteceu parecia estúpido até pra mim.
- E?- Quíron perguntou
- Ele desmaiou e eu... Bom, a harpia tentou me enforcar, e algo ou alguma coisa... Eu não sei, ela foi empurrada contra a parede pra eu conseguir mata-la.
- Exato, já parou pra pensar que "essa coisa" pode ter sido você?
- Não! Isso é... impossível
- Será mesmo? Diante de todas as coisas que descobriu,você parece ter levado tudo muito bem, porque isso seria impossível?
- Certo, vamos dizer que eu sou uma garota bem fodona, que consegue empurrar todo mundo com a mente. Porque eu nunca fiz isso antes?
- Porque não era o tempo certo pra isso. Poderes assim, são guiados na maioria das vezes por emoções. Você estava em uma situação de extremo perigo, então protegeu a si mesma.
- Isso não parece fazer quase sentido algum.
- Vamos para a prática então, me de a sua pulseira por favor.
Ele apontou pra a pulseira de couro que a Sra. Dodds me deu, eu estava com ela esse tempo todo. E agora que eu sabia que ela era uma fúria, faria algum mal aceitar presentes, de uma das torturadoras de Hades?
Resolvi não me preocupar com isso agora, retirei ela do pulso e entreguei a Quíron.
- Certo-disse ele colocando ela na palma de sua mão.
- Agora tente levanta-la, sem tocar.
- Sério isso?
- Ah é sim, seríssimo.
Eu nunca tinha me sentindo tão patética em toda minha existência. Quíron tinha me levado para o círculo de pedras, enquanto isso, uma pergunta rodou minha mente.
- Quando você me disse que não queria acreditar que eu era filha dela, mas viu a verdade em sua frente...
- Eu estava falando desse círculo, ele não estava aqui antes. Só com a sua chegada que elas apareceram.- ele me cortou, sempre parecia que sabia onde exatamente eu queria chegar.
- Vamos, agora se concentre.
Eu levantei a mão,sem saber muito o que fazer, me esforcei pra fazer a mesma coisa no dia da Harpia.
E nada, ela não se moveu nem um centímetro, aquilo já estava me deixando com raiva.
- Agh!! Quanta babaquice, isso é uma completa estupidez.
- Espera, Max! Onde está indo?
Eu tinha saído do círculo, me virei pra Quíron.
- Não é óbvio? Estou indo embora dessa merda!
- Olha o linguajar, e você tem que se concentrar. Mergulhe em suas emoções, você está com raiva agora? Ótimo, use isto a seu favor, sinta o poder saindo de você.
Usei toda minha concentração pra não mandar ele pra aquele lugar e voltei, olhei pra aquela estúpida pulseira. Levantei a droga da minha mão e senti, era como uma energia pulsante, como se fizesse parte de mim, a pulseira se mexeu um pouco e depois começou a flutuar, subindo cada vez mais pro alto.
- Eu... Fiz aquilo mesmo.
Olhei chocada enquanto ela ainda subia, Quíron sorriu, vi algo como orgulho passar por olhos.
- Esse é o primeiro passo Max. Agora volte a pulseira pra cá e vamos intensificar isso.
Olhei pra pulseira e ela simplesmente caiu de volta em minha mão, a coloquei de volta no pulso e encarei Quíron .
- Veja aquela pedra- ele apontou pra a pedra que tinha a estrela
- Quero que você termine de levantar ela.
Olhei pra pedra que parecia super pesada e tentei levanta-la, parecia jumbo, ou algo assim, até que ela começou a sair do chão. Senti meus braços e pernas fraquejarem, estiquei meu outro braço.
Vamos... Só mais um pouco. Sentia como se um hipopótamo tivesse sentado em minhas costas, estava difícil ficar em pé, até que senti Quíron colocar a mão em meu ombro.
- Já chega. Max? Pare!!
Ele estava me falando isso a um tempo mas eu não queria ouvir. Até que eu parei e meus joelhos foram direção ao chão. Quíron me analisou com um ar crítico.
- Você, com o tempo terá de reconhecer seus limites. Se chegar ao extremo assim, poderá levar a si mesmo a óbito. Por hoje o treinamento está encerrado, nos vemos amanhã.
Minha respiração estava ofegante, me sentei no chão e analisei a pedra, que tinha saído metade do chão. Ele olhou pra trás e notou que eu não estava seguindo-o.
- Não vem?
- Ah sim. Vou daqui a pouco.
- Não se esforce mais,Maxine.
Fiz uma careta por ele dizer meu nome completo e disse:
- Eu não vou. Pode ir na frente, vou logo atrás prometo.
Ele me olhou e viu verdade nas minhas palavras.
- Certo.- e depois desceu a galope morro abaixo.
Cheguei perto da pedra e passei minha mão nas marcações, no meio parecia a estatueta de uma pessoa gravada, mesmo tendo a impressão de não significava uma realmente uma pessoa.
Bufei, deitando no chão.
Aquilo realmente tinha que ser tão confuso?
Olhei pro céu bem azul a minha frente, e me deixei levar, pelos milhares de pensamentos que rodavam a minha mente.
**************************
Depois de um tempo eu desci a colina e sabia exatamente onde ir. As garotas idiotas estavam lá, e ao seu lado a pessoa que eu mais queria falar.
- Cindy, podemos conversar?
Cindy me olhou, parecia aliviada ao me ver, isso não se via todos dos dias.
- Não se cumprimenta os outros do lugar onde você veio garota?- a de olhos puxados me disse
- E porque você veio do mato?- a outra estúpida comentou
- Ela devia estar fazendo macumba Carrie, cuidado pra não achar sapos mortos em seu sapato- a de olhos puxados disse pra ela.
- Vão a merda!- eu fui pular pra dar um soco nelas.
Mas Cindy me segurou pelo braço e foi me puxando,não se antes virar para as meninas e dizer:
- Drew, Carrie. Vocês duas sabem ser bem desagradáveis quando querem, hein?
As garotas pareceram sem graça ,mas ainda estavam fazendo caretas pra mim, coloquei o dedo do meio e sai andando.
- Eu sei andar sozinha, não preciso de babá.- disse me soltando dela.
Nos sentamos em frente ao lago.
- Eai? Vai me dar explicações ou o que?
- Eu te procurei depois do café, pra conversar. Onde estava?
Me segurei pra não revirar os olhos porque ela não ia direto ao ponto?
- Treinando.
- Não te vi na arena, onde estava?
Ela repetiu a pergunta, e eu me concentrei para não perder a paciência.
- Não é da sua conta.
Ela me lançou um olhar raivoso, aí está,a Cindy que eu conheço.
Depois ela suspirou e começou a falar:
- Eu sou uma semideusa.
- Sério? Porque se você não me avisasse...
- Cale a boca Max! Vai me deixar explicar ou não?
Fiquei em silêncio e ela continuou.
- Nossos pais, não quiseram contar porque não era necessário vocês saberem...
- Não era necessário? Eu sou sua irmã!
- Eles acharam melhor assim, eu não sabia que você era uma de nós também, foi uma surpresa te ver aqui ontem.
- Porque não foi me ver ?
Ela franziu a testa.
- Te ver? Onde?
- Na enfermaria é claro. Não queria ver sua incrível irmã mais do que o necessário?
- Eu não estava aqui. Tinha ido a uma missão.
- Missão? Pra que ?
- Não importa, eu só cheguei ontem de noite, foi por isso.
- Então Anthony não sabe que somos semideusesas?
- Não.
- E é proibido dele saber?
- Eu não sei, porque a curiosidade agora?
- Nada de mais. E espere um pouco, se você é uma semideusa....
Ela me olhou desconfiada.
- Sim?
- Então o nosso pai conseguiu a atenção de duas deusas pra ele,e ainda conquistou a Mary, o que será que ele tem de tão  especial ?
- Beleza?
- Se for só isso que chamou a atenção nele, as deusas são bem fúteis.
Ela revirou os olhos pra mim.
- Meus deuses, fiquei um pouco longe e me esqueci de como você é babaca.
- E você?
- Eu o que?
- De qual deusa você é filha, idiota!
Ela demorou pra falar, suas bochechas ficaram coradas.
- Sou filha de Afrodite.
Olhei pra ela e vi que não estava brincando. Começei a gargalhar alto, aquilo fazia muito sentido.
- Claro que é, a logo a deusa dos "frufrus" ne Cindy. O que você faz quando vê um mostro? Joga uma de suas bolsas caras nele?
Ela me empurrou com o ombro e se levantou ,parecia estar com muita raiva, ainda tinha lágrimas de risadas ao redor dos meus olhos.
- Qual é o seu problema? Não consegue não dizer nenhuma palavra insensível enquanto estou por perto?
Me levantei também ficando cara a cara com ela.
- O que foi irmãzinha? Vai chorar agora? Entrar para o seu chalé brega e se empanturrar de chocolates?
- Eu te odeio sua piralha estúpida.
Ela disse e saiu andando.
De longe vi Clarisse saindo do arsenal, parecia que ia treinar. Fui atrás dela.
- Hey, Clarisse!
Seu rosto, que parecia estar sempre raivoso, estava simpático quando se virou pra mim.
- Max! E ai? Conseguiu pegar o livro?
- Ah, sim. Mas não era isso o que eu queria pedir.
- O que foi?
- Bom... Aquele dia na arena, você mandou muito bem, então eu pensei...
- Você quer que eu treine você?
Ela adivinhou o que eu queria dizer, eu estava envergonhada demais para pedir aquilo mais fiz que sim com a cabeça.
- Claro que sim, é sempre ótimo treinar os novatos. Às 3 horas você topa ?
Eu não imaginei que seria tão fácil.
- Isso seria ótimo.
- Eu te chamo.
Ela acenou pra mim antes de ir pra arena.
Vi Percy vindo na minha direção, estava voltando do arco e flecha, parecia acabado.
- Ela falou algo pra você?
Notei ele encarando Clarisse com raiva.
- Não, o que houve? Você parece horrível.
- Eu fui péssimo em arco e flecha. Talvez seje péssimo em tudo também.
- Você deve achar algo em que você é bom. Todo mundo tem um talento escondido.
- Certo-ele pareceu não acreditar muito- Mas e você? Já treinou pra alguma coisa?
Olhei pra ele e contei o que havia acontecido. Seus olhos se arregalaram.
- Tá brincando?
- Pois é, eu sou um tipo de versão da...
- Jean Grey? Você é incrível cara!
Entramos no bosque e sentamos na sombra de uma árvore bem velha.
- Não se anime tanto. Quase me matei pra levantar uma pedra.
- Você vai evoluir é claro. Queria o que? Levantar um carro em 15 minutos de treino?
- Você sabe ser motivacional as vezes.-sorri pra ele
- Eu tento.- ele sorriu de volta
- Percy, posso te perguntar algo ?
- Aham.
- É muito indelicado.
Ele revirou os olhos.
- Fala logo.
- Como sua mãe morreu ?
Houve um silêncio, ele olhou pro chão e eu me senti muito estúpida.
- Me desculpa, eu não devia ter perguntado e...
- Em uma explosão de luz amarela.- ele me cortou.
- Uma... Explosão?
- Bom é, o minotauro a pegou e só, aconteceu.
Peguei em sua mão.
- Foi mal, eu não devia ter perguntando.
- Tá tudo bem, só fiquei surpreso, não achei que perguntaria isso .
Mas eu percebi em como a sua mão deu uma leve tremida, ainda era doloroso falar sobre isso.
Ouvimos o apito de novo. Percy me puxou pela mão.
- Vem, está na hora do almoço e eu estou faminto.
- E quando você não está?
Sorrimos e fomos comer.
Às 3 em ponto Clarisse bateu na porta do meu chalé com um sorriso pouco assustador em seu rosto.
- Pronta ruivinha?
- Pode apostar.
Entramos na arena, que estava vazia.
- Vamos lá, me mostre o que você sabe.
Ela entrou em posição e eu não tinha ideia de como fazer isso. Então só peguei minha espada/colar e fui pra cima dela. Que desviou com facilidade e eu fui de cara no chão. Ela fez que não com a cabeça e disse:
- Vem, vamos treinar sua defesa, que consiste em: eu vou tentar cortar seu pescoço e você vai defender, ok?
- Ah...Ok.
Ela veio e eu fui defendendo, algumas vezes era fácil prever seus ataques, eram sempre agressivos e nunca cordiais. Fui bloqueando até ela conseguir tirar a espada da minha mão. O corpo dela e o meu estava com muito suor.
Ela estava me encarando, parecendo me analisar.
- Que foi?
- O que você acha de ser do meu time no capture a bandeira?

Maxine Mayfield - O ladrão de raios Onde histórias criam vida. Descubra agora